O capitão Jean-Luc Picard está de volta, depois de quase duas décadas longe das telas, e Patrick Stewart espera que a nova série, chamada Picard, seja o equivalente em Star Trek (Jornada nas Estrelas) do que Logan foi para o universo dos X-Men no cinema. Mas não igual.
Em entrevista ao Omelete, o ator de 78 anos diz que conversou com a equipe de produção sobre o que gostaria de ver na série. “Dei exemplos do tipo de lugar que eu queria estar. Picard não estaria numa espaçonave, não usando um uniforme, não em uma posição de comando e autoridade. E eu citei Logan, que foi uma experiência fantástica. Disse: ‘Certo, eu não quero que vocês recontem a história de Logan. Mas vamos achar um ambiente, vamos achar uma condição emocional para o capitão que vai tornar minha vida tão interessante quanto possível.’”
Os paralelos (e as discrepâncias) são claros. Em Logan, filme que encerra as participações de Stewart como o professor Charles Xavier, líder dos X-Men, vemos o personagem numa situação delicada. “Quando o filme começa, ele está louco, perigoso, doente, perturbado e ocasionalmente lúcido, muito ocasionalmente”, diz o ator. “E isso fez com que fazer aquele filme, com aquele maravilhoso diretor, James Mangold, fosse uma experiência fantástica. Acho que não o estou citando erradamente quando ele disse para mim que o trabalho que fiz em Logan foi a culminação de todo o trabalho com os X-Men.”
Da mesma maneira, Picard começa com o velho capitão aposentado em seu vinhedo na França, duas décadas depois de sua última aparição, em Jornada nas Estrelas: Nêmesis (2002), e frustrado com a Frota Estelar. Sua mente ainda está afiada, mas ele parece ter dado as costas às responsabilidades que um dia teve. E esta jornada de volta à ação, promete Stewart, terá relevância nos dias atuais.
“Fiquei satisfeito que nossos escritores iriam dizer coisas que realmente precisavam ser ditas no mundo em que vivemos hoje”, diz o ator. “Mas também porque eu teria o trabalho fascinante de encontrar um homem que nos últimos 18 anos se tornou muito desiludido, que era um capitão de nave estelar alerta, compassivo, solidário, otimista, aventureiro. E eu estava intrigado em examinar isso e ver se eu poderia dar-lhe vida.”
A decisão de voltar à pele de Jean-Luc Picard, depois de tanto tempo afastado, não foi simples, segundo o ator. “Em 1994, quando encerramos Jornada nas Estrelas: A Nova Geração e nos preparávamos para fazer o primeiro de nossos quatro filmes, eu já sentia que estava muito perto de ter dito tudo que eu poderia dizer sobre Jean-Luc. Já havíamos feito 178 horas de televisão, e elas não deixavam muito em aberto, não havia para onde ir. Ali eu soube que era o momento de dar uma despedida forte e resistir a todas as tentativas de me atrair de volta aos sapatos do capitão. 'Obviamente não', eu imediatamente dizia não. E então eles me contataram e eu pensei, bem, posso até fazer uma reunião, ouvir o que eles têm a dizer, e aí dizer a essas ótimas pessoas que ‘não, eu não quero fazer sua série’. Mas aí eles contra-argumentaram dizendo que as razões pelas quais eu não queria fazer a série eles não queriam mostrar na série. E eu comecei a ver cada vez mais que o mundo que eles apresentavam era muito diferente.”
De acordo com o ator, a série encontra Picard num momento delicado de sua vida. “Desde que ele deixou a Frota Estelar, Picard tem cometido muitos erros”, conta Stewart. “Escolhas ruins, julgamentos equivocados. E ele está debilitado por culpa. Então, eu estava sendo apresentado a uma diversidade de situações, de personagem, e então de conjunto, quando a trupe se reúne e encontro todos os outros atores juntos. Então, estou muito feliz de ter tomado a decisão que tomei e de que eles insistiram em tentar me trazer a bordo.”
O que exatamente a volta do personagem que consagrou Stewart significa para o mundo do entretenimento começaremos a descobrir em 24 de janeiro, quando vai ao ar no Brasil, pela Amazon Prime Video, o primeiro episódio de Star Trek: Picard.