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Star Wars: Um futuro otimista se revela na Celebration Europa 2023

Novos filmes e anúncios bombásticos reanimaram o público sedento por projetos da franquia

14.04.2023, às 09H56.
Atualizada em 14.04.2023, ÀS 10H08

“A gente tem esperança. Esperança de que as coisas vão melhorar. E eu sei que vão.” Essa certeza de Hera Syndulla na série animada Star Wars Rebels é a mesma que tenho após a Star Wars Celebration Europa 2023, que aconteceu em Londres no início deste mês.

O evento é a celebração definitiva da saga Star Wars para os fãs mais apaixonados (e exigentes) da galáxia. A primeira edição aconteceu nos Estados Unidos, em 1999 e, desde então, Reino Unido, Alemanha e Japão já sediaram suas edições. Este, a propósito, será o lar da Celebration 2025, prevista para a cidade de Chiba, em abril.

O sentimento de esperança existe, em grande parte, por causa do público da Celebration. Por serem os mais apaixonados, os fãs que costumam frequentar o evento são, também, os mais amáveis e receptivos. Gosto de dizer, desde a minha primeira edição no ano passado, em Anaheim, Califórnia, que a Celebration é a Copa do Mundo de Star Wars. O mundo inteiro se une por uma paixão, em um único local e em praticamente uma só voz. Ao invés de gritos de gol, são os gritos de excitação a cada anúncio. Claro, o público fora do Brasil não é tão apaixonado quanto nós. A nossa CCXP dá um banho de empolgação. Mesmo assim, vê-se no olhar das milhares de famílias, crianças e fã-clubes, a vontade de viver aquela galáxia muito, muito distante intensamente. E, ao contrário da Copa, não existem times. A paixão é uma só. No máximo, vão perguntar se você é rebelde ou império, e as ofensas dão lugar a risadas e conversas sobre os conflitos das facções da saga.

Vivi isso em vários momentos. No metrô, puxei conversa com alguns fãs e, ao saberem que eu sou do Brasil, logo o papo se animou. A comunidade que frequenta a Celebration gosta dessa troca. É uma oportunidade singular de conhecer pessoas de outros países, de outras culturas e compartilhar experiências com Star Wars, cada um com sua realidade. Não me canso de contar aos gringos a história sobre como nomes de personagens como Conde Dooku, Syfo-Dias e Capitão Panaka precisaram ser mudados no Brasil por causa de seu significado por aqui. A tradução vem sempre acompanhada de gargalhadas e de uma conexão única entre países, que só a Força é capaz de proporcionar.

Estas trocas entre fãs de outros países também podem ser literais. Os grupos de fãs de Star Wars possuem integrantes viciados em trocar e colecionar patches (os emblemas bordados), moedas e cards de seus fã-clubes, membros e destacamentos. O grupo mais famoso por isso é o 501st Legion, um fã-clube internacional composto pelos vilões da saga. Também com unidades no Brasil, o 501st promove diversas festas e encontros para confraternização de seus membros. E a troca come solta. Obi-Wan e Qui-Gon ficariam orgulhosos das negociações rápidas que se dão entre os membros para conseguir um patch raro ou aquela moeda de um destacamento obscuro localizado em algum canto da Ásia. Como integrante dos Conselhos Jedi no Brasil e também membro do 501st e da Rebel Legion (o lado dos mocinhos), obviamente fiz minha parte e distribuí cards, e troquei alguns patches. O que farei com eles? Não sei, mas talvez eu precise de algumas jaquetas novas…

Os anúncios da Celebration também são presentes de Natal para os fãs de Star Wars. A maioria dos mais relevantes (ou que fisgam o público geral) se concentra no primeiro painel do evento, o Lucasfilm’s Studio Showcase. Lá, entre Dave Filoni e Jon Favreau rasgando elogios um ao outro em frente a uma plateia emocionada e confirmações como a data de estreia da série de Ahsoka (prevista para agosto de 2023), a participação de Jude Law e a confirmação de Mary Elizabeth Winstead como Hera Syndulla (olha ela aqui de novo), tivemos trailers e a surpresa de que novos filmes de Star Wars estão a caminho. Dave Filoni será diretor do seu próprio filme, finalmente!, James Mangold vai contar a história dos primeiros Jedi. E, com o retorno da agora Mestre Jedi Rey em uma história contada quinze anos após Episódio IX: A Ascensão Skywalker, enquanto a comunidade de fãs se dividia e brigava na internet, na Celebration o clima era de… celebrações!

O retorno de Daisy Ridley foi o assunto dos corredores e festas de fãs. E, neste momento, percebi como a comunidade que frequenta este evento é diferenciada. Não, eles não passam pano ou amam tudo sem senso crítico. Eles, ou posso dizer, NÓS temos esperança. Para muitos, Ascensão Skywalker finalizou a trilogia Sequel com um gosto agridoce. E, mesmo assim, sabemos que o futuro de Star Wars pode ser bom. Durante uma festa, de fãs na arena O2, conversei com um grupo muito animado do Colorado, EUA, sobre isso. E, enquanto todos concordamos com risadas e brincadeiras sobre o que achávamos do Episódio IX, também ficamos felizes e animados com o retorno de Rey. Lembro-me de um deles falando aos berros (havia um Ewok tocando bateria com capacetes stormtroopers no palco neste momento) que Daisy merecia muito mais do que o que houve. A culpa não era e nunca foi da atriz. Aliás, buscar culpados é uma coisa que julgamentos fazem. E na Celebration, julgar está fora de questão. O ponto é se divertir.

Star Wars terá muito conteúdo pela frente, de HQs a livros e games. Nas séries, o futuro é brilhante com Ahsoka, Skeleton Crew e The Acolyte. No cinema, a casa de Star Wars, o caminho pode até ser mais incerto. Mas como já falei bastante aqui, essa saga é sobre esperança. E se o fã de Star Wars a tem, é porque George Lucas cumpriu com louvor a sua missão.