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Fear the Walking Dead aquece guerra no retorno da 7ª temporada

Série desacelera um pouco com objetivo de separar protagonistas para um grande conflito

04.05.2022, às 15H16.
Atualizada em 04.05.2022, ÀS 15H34

Enquanto muita gente se cansava de The Walking Dead, a derivada Fear the Walking Dead deu a volta por cima com uma trama dinâmica, sempre em movimento e sem medo de tomar decisões arriscadas. Na verdade, a série abraçou o absurdo há muitos anos. Já houve expedições pelo México, fuga de furacões e tempestades, um culto liderado por um serial killer e até mesmo um apocalipse nuclear.

O seriado não tem medo de redesenhar seu tabuleiro e mudar as regras para complicar a vida dos protagonistas. A segunda metade do sétimo ano, que voltou a ser transmitida na AMC Brasil, reforça isso ao colocar dois dos queridinhos do programa - Victor Strand (Colman Domingo) e Alicia Clark (Alycia Debnam-Carey) - em guerra.

Se você não assiste Fear the Walking Dead, entender como a trama chegou até aqui realmente vai soar como papo de louco. Após a detonação de mísseis nucleares, a série se torna ainda mais pós-apocalíptica, com direito a radiação por todo lado, zumbis especiais e um grupo de saqueadores conhecidos como Stalkers, claro.

A busca pela sobrevivência dividiu os vários sobreviventes entre os poucos lugares seguros que existiam, como um bunker subterrâneo e uma torre gigantesca que opera quase como uma fortaleza. O primeiro foi palco de um massacre, e o segundo é administrado com punho de ferro por Victor Strand. É justamente esse tipo de comportamento que cria uma ruptura entre os protagonistas, que se dividem entre ajudar o ditador a proteger seu refúgio, ou então mobilizar uma resistência para tomá-la.

O retorno da temporada é um pouco menos explosivo. Mesmo após Alicia declarar guerra, a série pisa no freio para se focar nos arrependimentos da jovem, em um capítulo em que é atormentada por fantasmas (metafóricos) daqueles que deixou morrer. Já outro episódio narra um inesperado romance entre Charlie (Alexa Nisenson) e um dos soldados de Strand - sem o pobre rapaz saber que a garota apenas quer espionar a torre e repassar as informações para a resistência.

A abordagem acende uma luz vermelha. É certo que o seriado não precisa entregar ação a todo momento, mas a mudança brusca de ritmo já é preocupante, e se torna ainda mais questionável quando utiliza a estrutura que resultou nos piores momentos de The Walking Dead. A série principal ficou marcada pelo melodrama barato em episódios focados nos personagens mais secundários o possível.

A impressão que a sétima temporada deixa até aqui é que Fear TWD atingiu seu ápice há alguns anos, e agora passa a rondar em círculos. Mesmo arcos mais recentes, como o de Strand como ditador, já passaram do ponto em que intrigam pela novidade, e agora pedem por desenvolvimentos mais substanciais. Personagens como Daniel Salazar (Rubén Blades) ou mesmo Morgan (Lennie James) parecem incógnitas para a produção, que busca formas de mantê-los ativos mesmo sem nenhum novo desdobramento ou sinais de crescimento.

O charme da série derivada era sua imprevisibilidade e ritmo mais acelerado, que se assemelhava às HQs. O grupo sempre estava em movimento, e os protagonistas tinham a flexibilidade de se tornarem vilões ou mesmo morrer de formas surpreendentes. Agora o programa se vê caindo nas mesmas armadilhas de comunidades fixas e sobreviventes em guerra, colocando em dúvida toda a viabilidade de um universo expandido. Será que é o destino de toda obra de The Walking Dead chegar ao mesmo lugar?

Com o vindouro fim da série principal, os holofotes vão se voltar para Fear the Walking Dead. A AMC tem uma boa gama de produções em desenvolvimento para garantir que a franquia não deixe os olhos do público, mas a emissora precisa provar que consegue ir além da mesmice, das situações repetitivas e dos conflitos óbvios. A derivada já mostrou que pode ser excelente, mas precisa se lembrar que isso é um esforço recorrente. Não dá para viver só de acertos do passado.