Nos últimos anos, os estúdios de animação japonesa voltaram seus olhos para o passado e deram novas chances para animes antigos com problemas na produção. Shaman King e Fruits Basket são exemplos dessa tendência, pois os animes antigos eram cheios de altos e baixos e nem ao menos tiveram direito a um final oficial igual ao mangá. Felizmente isso ficou para trás e as novas séries serão mais fiéis aos quadrinhos.
Pensando nisso, relembramos nesta lista outros animes que mereciam uma nova chance. Nosso critério foi recordar de séries famosas que não tiveram tanta sorte assim no passado, em especial se ganharam finais inéditos (e piores) do que o de seus mangás. Será que essas produções da lista renderiam bons remakes ou reboots? Vamos a ela!
Ranma ½
Baseado no mangá de Rumiko Takahashi (autora de InuYasha), a comédia romântica mostra um casamento arranjado entre dois adolescentes herdeiros de duas escolas de artes marciais, Ranma Saotome e Akane Tendo. Só que o protagonista da história foi amaldiçoado: ao ser banhado com água fria ele se torna uma mulher, só retornando ao normal quando lhe jogam água quente. E assim Ranma ½ segue com todas as confusões de Ranma e vários outros personagens amaldiçoados em lutas absurdas e disputas amorosas.
O anime de Ranma ½ foi um fenômeno durante sua exibição no Japão, lá pelos idos dos anos 1980, mas a série foi encerrada quatro anos antes da autora finalizar o mangá. O último capítulo do anime mostra Ranma reencontrando sua mãe, mas no mangá aquela é apenas a introdução de uma nova personagem recorrente daquele universo. Até por sua importância no Japão, Ranma ½ merecia uma nova série adaptando todo o mangá da autora.
Ranma ½ foi exibido no Brasil pelo Cartoon Network e pela PlayTV. O mangá foi lançado pela editora JBC.
Tsubasa Reservoir Chronicle
Muito antes de Vingadores: Ultimato, o grupo CLAMP já havia preparado o seu próprio maior crossover de todos os tempos. A trama de Tsubasa Reservoir Chronicle é uma mistureba de personagens de vários mangás das autoras, mas todos com outras personalidades e co-habitando um mesmo universo. Os protagonistas são Syaoran, um arqueólogo que entra em uma jornada para salvar a memória de Sakura, a princesa do reino de Clow.
O anime adaptando o mangá teve 52 episódios e foi encerrado em 2006, três anos antes do final da versão em quadrinhos. A série ainda teve alguns OVAs depois com mais histórias, mas a trama dificultou a compreensão do público. Para complicar ainda mais, a série xxxHolic, que se passa em paralelo à trama de Sakura e Syaoran, foi adaptada por outro estúdio depois do final do anime de Tsubasa Reservoir Chronicle, uma bagunça. Alguém precisa colocar ordem nessa história tão querida pelos fãs, quem sabe vem aí um anime novo com a história do começo ao fim?
O anime de Tsubasa Reservoir Chronicle não está disponível oficialmente no Brasil e o mangá foi lançado há muito tempo pela editora JBC, ou seja, está indisponível no catálogo.
Love Hina/Negima! Magister Negi Magi
Aqui já estamos trapaceando na lista e colocando dois animes juntos, até porque ambos são criações do mesmo autor, Ken Akamatsu. Na verdade podemos dizer que o autor não tem qualquer sorte com as versões em anime de suas histórias, pois nenhuma chega ao final. Love Hina é a história romântica de um vestibulando que sonha em reencontrar a garota com quem fez uma promessa na infância, já Negima! mostra um professor mago de 10 anos de idade cujo TCC na Escola de Magia é dar aulas de inglês em um colégio feminino.
Love Hina teve um anime produzido pelo estúdio XEBEC no começo dos anos 2000 que tomou muitas liberdades, incluindo personagens extras e levando a história para outros rumos. E pior: mesmo após vários especiais e OVAs a história não foi finalizada como no mangá! Já Negima! passou por uma situação parecida, mas ainda pior: o anime teve uma espécie de reboot (além de um live action) e nenhuma das séries foi concluída. A situação fica ainda mais confusa quando lembramos que a sequência de Negima!, intitulada UQ Holder, ganhou anime mesmo sem o término animado da série anterior. Será que é a hora de adaptar de novo todas as obras do autor?
Love Hina foi exibido no Brasil pelo Cartoon Network, já o mangá foi lançado pela editora JBC. A mesma editora também publicou Negima! e atualmente lança UQ Holder.
Soul Eater
Muito antes de criar Fire Force, também conhecido como o mangá dos bombeiros, Atsushi Ookubo fez muito sucesso com Soul Eater, uma história meio amalucada sobre personagens que lutam acompanhados de uma arma humanoide. No decorrer de seus 25 volumes, o autor brincou com batalhas, cenas de ação intensas e um pouquinho de zoeira.
O sucesso levou a um anime de 51 episódios lançado em 2008, mas esse foi mais um caso de produção encerrada muito antes do final oficial, que veio em 2013. Soul Eater é sempre lembrado pelos fãs como um anime que se perdeu em sua reta final, estragando boa parte das histórias da versão original. Como o anime de Fire Force está em hiato, bem que poderiam aproveitar para ressuscitar Soul Eater, não é mesmo?
O anime de Soul Eater está disponível no Brasil pela Funimation. O mangá foi lançado tempos atrás pela editora JBC, mas uma republicação em formato de luxo está prevista para ser lançada em 2021.
Slam Dunk
Deixando de lado qualquer tentativa de imparcialidade desta matéria, Slam Dunk é um dos mangás mais fantásticos já lançados e é sempre lembrado como um dos melhores de todos os tempos em listas de fãs. A história de Hanamichi Sakuragi e do time do colégio Shohoku no campeonato escolar de basquete encantou o Japão e, claro, ganhou um anime no começo dos anos 1990, produzido pela Toei.
Embora o anime tenha terminado no mesmo ano do mangá, o final da história não foi adaptado pelo estúdio. Tudo bem que o final do mangá de Slam Dunk às vezes parece anticlimático, uma vibe meio final de Yu Yu Kakusho, mas as partidas finais são emocionantes e mereciam ser apreciadas. Slam Dunk tanto precisa de um novo anime que a Toei já percebeu isso e anunciou um novo filme para a série. Será que estão só vendo a popularidade para uma nova versão televisiva? Torcendo desde já.
Slam Dunk não teve o anime lançado no Brasil, mas o mangá foi lançado em duas ocasiões: em meados dos anos 2000 pela editora Conrad e mais recentemente pela editora Panini.
Berserk
Berserk é uma entidade dos mangás há muito tempo, e como resultado houve uma comoção mundial com a morte do autor Kentaro Miura. Embora o quadrinho tenha sido iniciado em 1989, o primeiro anime foi lançado só 10 anos depois, adaptando apenas alguns volumes. O Berserk de 1997 adquiriu um status de cult no ocidente, e era bastante aclamado pelos otakus que compartilhavam séries através de fitas VHS legendadas por fãs. Os anos foram se passando e os produtores perceberam que era hora de um novo anime… será?
O novo anime de Berserk, de 2016, é quase uma unanimidade: a maioria do público desgosta da adaptação feita pelo Liden Films (de Tokyo Revengers) em computação gráfica. O anime teve duas temporadas e deixou a trama sem um final, até porque encerrou na metade de um arco. Não se falou mais sobre essa adaptação, então os fãs torcem para que ela tenha sido cancelada mesmo. Talvez agora seja a hora de Berserk ganhar uma nova série, dessa vez com animação tradicional e fazendo justiça ao legado de Miura.
O primeiro anime de Berserk não está disponível oficialmente no Brasil, mas o segundo faz parte do catálogo da Crunchyroll e teve uma exibição relâmpago no finado canal Loading. O mangá é lançado por aqui pela editora Panini.
Kare Kano
Um dos shoujos mais famosos do final dos anos 1990 é Kare Kano, ou Kareshi Kanojo no Jijou, de Masami Tsuda. Na série a gente acompanha o amor de Yukino Miyazawa, uma colegial que se esforça para parecer a menina mais perfeita da escola, embora seja relaxada em sua casa, e de Soichiro Arima, um rapaz verdadeiramente incrível que descobre o “segredinho” da garota e começa a chantageá-la. Claro que isso dura pouco tempo pois logo eles se percebem apaixonados e decidem ser eles mesmos.
O anime começou dois anos após o início do mangá, durando apenas 26 episódios. Como a série terminou seis anos antes do desfecho nos quadrinhos, o estúdio Gainax (o mesmo de Evangelion) precisou dar o seu jeitinho para fechar a conta. Pra piorar, o anime de Kare Kano é lembrado por ter passado por alguns problemas de dinheiro, o que fez com que a animação ficasse bem ruim na reta final. Esse mangá é muito lindo, precisa ser revivido assim como aconteceu com Fruits Basket.
O anime de Kare Kano não está disponível oficialmente no Brasil, e o mangá foi lançado em meados dos anos 2000 pela editora Panini.
The Promised Neverland
Esse é o item mais peculiar da lista, porque The Promised Neverland é um anime super recente (terminou agora em 2021) e teve um final com o mesmo desfecho do mangá. No entanto, a gente gostaria que fosse feita uma nova versão, um remake do anime dos órfãos fugitivos que não fosse tão... ruim.
Após uma primeira temporada que adaptou perfeitamente o mangá, a segunda fase condensou dezenas de volumes em poucos episódios, com muitas adaptações, amenizações e cortes de arcos inteiros. Para enfiar tudo em poucos episódios, alguns trechos foram só mencionados em imagens estáticas no encerramento do último episódio, uma tristeza para quem esperava um anime melhorzinho. The Promised Neverland precisa de um recomeço, queremos ver Goldy Pond em animação!
The Promised Neverland tem sua primeira temporada (a boa) disponível na Netflix, Crunchyroll e Funimation. A (péssima) segunda temporada está exclusivamente no catálogo da Funimation. O mangá (com a história completa) foi lançado no Brasil pela editora Panini.
Tokyo Ghoul
Animes recentes também sofrem com decisões estranhas em seus animes! Adaptado do mangá homônimo, Tokyo Ghoul mostra uma realidade dominada por Ghouls, criaturas à nossa semelhança que se alimentam de carne humana. É nessa situação bem complicada que conhecemos Ken Kaneki, um adolescente transformado em um meio-Ghoul após um ataque.
O anime de Tokyo Ghoul caiu em desgraça após sua segunda temporada pegar um rumo totalmente diferente do mangá, além de ir contra acontecimentos e personalidades mostradas na primeira fase. O pior? O anime ganhou uma continuação em 2018, Tokyo Ghoul:re, que confundiu ainda mais o público. Mais um caso de anime que precisa de uma nova versão, mais fiel à original, para trazer justiça para Tokyo Ghoul.
O anime de Tokyo Ghoul está disponível no Brasil pela Funimation, já o mangá foi lançado pela editora Panini.
Hana Yori Dango
Também conhecida como Boys Over Flowers, Hana Yori Dango fez muito sucesso em países orientais com a história da garota pobre que vai a um colégio de ricaços e arranja problemas com uma versão masculina do grupo de Meninas Malvadas. O mangá foi adaptado em formato novela/dorama em países como Japão, Coréia do Sul, China, Tailândia, Taiwan, Indonésia, Índia e por aí vai, sempre um sucesso.
A versão menos “comentada” é o anime, que teve apenas 51 episódios e foi encerrado 10 anos antes da autora Yoko Kamio terminar o mangá que originou a história. Ou seja, olha a quantidade de histórias que ficaram de fora da versão animada! Com o sucesso dos doramas pelo mundo, estão perdendo a chance de fazer um grande novelão animado com todo o drama que só a Yoko conseguiria criar.
Hana Yori Dango está disponível no catálogo da Crunchyroll. O mangá nunca foi lançado no Brasil e tem poucas chances por conta de seu tamanho: 37 volumes.
Bônus: Captain Tsubasa/Supercampeões
É até estranho pedir uma nova versão de Captain Tsubasa porque de tempos em tempos sempre surge um novo anime adaptando a história de Oozora Tsubasa/Oliver Tsubasa. Para se ter uma noção, o Brasil já exibiu três séries diferentes: Captain Tsubasa J na Manchete, Captain Tsubasa 2002 no Cartoon Network e RedeTV e, por fim, Captain Tsubasa de 2018 exibido no Cartoon Network e disponível no Prime Video e na Crunchyroll. Cada um desses animes meio que reconta a mesma história de forma diferente, e todos têm o mesmo ponto em comum: nunca foram até o fim. Quem sabe na próxima década teremos o final da história em uma futura versão?