6 animes horríveis para você se divertir

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6 animes horríveis para você se divertir

Esses animes "guilty pleasures" são tão ruins que dão a volta e se tornam ótimas comédias involuntárias

Omelete
8 min de leitura
09.11.2022, às 14H41.

Há algumas semanas publiquei aqui no Omelete uma matéria falando sobre os prazeres de se assistir a um anime ruim. Com suas histórias mal escritas, personagens incoerentes e uma animação às vezes simplória, alguns animes conseguem dar a volta e nos conquistar pelo humor involuntário ou pela raiva causada pela história ilógica. Sabe aquele anime tão ruim que você quer continuar para saber o quão ruim ele pode ficar ainda? Esse aí!

Nessa lista de hoje enumerei seis animes ruins que, de alguma forma torta, conseguem nos proporcionar uma boa dose de entretenimento com suas supostas falhas. Vamos a eles!

Platinum End (2021-2022)

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Tsugumi Ohba e Takeshi Obata são os criadores do clássico Death Note, e só com essa obra eles conseguiram muita moral com os editores, produtores e também com o público. Faz sentido, afinal seria impossível esses dois gênios criarem uma história terrível, não é mesmo? Bem, se pensa dessa forma, talvez seja bom chegar a Platinum End controlando suas expectativas. O anime é um “battle royale” de pessoas que ganharam uma nova chance após tentarem acabar com suas próprias vidas. Lidando com seus problemas e traumas, cada um recebe o auxílio de um anjo e alguns poderes para que somente um se torne o grande deus desse novo mundo.

Se a ideia parece boa no papel, afinal dá para trabalhar uma variedade grande de dramas em um mangá com esse tipo de história, tudo é jogado descarga abaixo no desenvolvimento de narrativa feito pelo Ohba. Longe da profundidade dos personagens de Death Note, a galera de Platinum End surpreende por sempre tomar as decisões mais equivocadas possíveis durante os combates. Planos idiotas são tratados como algo de grande genialidade, e o espectador acompanha aquilo com uma cara de “não acredito que esse autor teve a cara de pau de mostrar isso pra mim”. São muitos momentos terríveis na história, e cenas teoricamente dramáticas parecem extraídas de um episódio de Gintama.

Platinum End conta com dois grandes arcos, o primeiro chama a atenção pelo vilão movido por motivações completamente idiotas, além de mocinhos tão burros que a gente até torce para que eles percam nos planos. Você primeiro sofre com o roteiro horroroso, mas depois de insistir logo chega a parte que você se diverte com tanto absurdo na telinha.

Platinum End tem 24 episódios e está disponível na Crunchyroll, com dublagem e legenda.

Classroom of the Elite (2017-)

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Considerado um dos melhores animes para fãs de personagens frios e calculistas, Classroom of the Elite é uma tolice sem tamanho. A história começa quando o protagonista blasé Kiyotaka Ayanokoji entra em uma escola que busca ensinar aos alunos a importância da meritocracia. Porém, assim como na vida real, o conceito é aplicado no anime da forma mais inadequada possível, com os alunos recebendo créditos de acordo com seu desempenho e os utilizando para tráfico de influência e manipulação do corpo docente.

O anime de Classroom of the Elite consegue ser horrível e divertido de muitas formas diferentes. A história constrói um mistério a respeito da personalidade do protagonista, nos deixando curiosos sobre os motivos que o levaram a agir daquele jeito, mas infelizmente o autor da história parece não saber muito bem como desenvolver qualquer tipo de trauma ou mistério, então os desfechos são todos risíveis. O sofrido passado da personagem Kushida, revelado apenas na segunda temporada, é uma bobagem enorme que mal explica o comportamento sociopata da garota.

Classroom of the Elite diverte por entregar o que não esperamos. Quem procura uma crítica sobre o sistema de ensino japonês ou duelos mentais bem executados é melhor procurar em outro anime, aqui temos apenas personagens detestáveis e burros para nos alegrar. Para temperar a ruindade, a animação na segunda temporada é especialmente ruim, com erros graves na composição de algumas cenas.

Classroom of the Elite tem 12 episódios em sua primeira temporada e 13 na segunda, e está disponível na Crunchyroll com dublagem e legenda.

The Future Diary - Mirai Nikki (2011-2012)

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Em meio a animes mais recentes dessa lista, The Future Diary (ou Mirai Nikki ou até Diário do Futuro, para quem leu o mangá da JBC) chama a atenção por ser mais “antiguinho”. Quando foi adaptado para anime, a história criada por Sakae Esuno foi uma sensação entre os otakus, levando a inúmeras discussões, cosplays e horas assistidas. Passada uma década desde sua estreia, hoje podemos falar com segurança que The Future Diary é um anime bem qualquer coisa.

A história segue a receita da moda dessa última década: temos um grupo de doze pessoas participando de um battle royale que elegerá um único deus, e a arma dada a cada um dos competidores é um aparelho celular capaz de prever o futuro, cada um de uma forma diferente. O protagonista é o jovem Yukiteru Amano, um tímido adolescente de touca que se vê envolvido com Yuno, uma psicopata apaixonada por ele, e juntos eles combinarão os poderes de seus diários para eliminar os adversários que (por muita sorte e ajudinha do roteiro) são bem mais burros do que eles.

Recentemente reassisti a The Future Diary esperando uma obra terrível como na minha memória, mas passou longe disso. A história é sim cheia de furos, decisões absurdas dos personagens e um final que é necessário você parar um minutinho para entender aquela brisa toda, mas The Future Diary ainda é capaz de divertir. Principalmente se você ignorar o protagonismo de Yukiteru e enxergar Yuno Gasai como a verdadeira heroína da história, uma injustiçada que só queria um pouco de paz e nos livrar de um dos protagonistas mais chatos já criados pela indústria do anime.

The Future Diary - Mirai Nikki tem 26 episódios e está disponível na Crunchyroll, com dublagem e legenda.

Tokyo Revengers (2021-)

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Tokyo Revengers monopolizou o debate otaku no ano de 2021, com fãs discutindo fervorosamente se a série deveria ou não usar iconografia budista, mas tudo isso foi uma nuvem de fumaça para desviar do principal problema da obra de Ken Wakui: o anime é estapafúrdio. A premissa é bastante básica e coloca o protagonista Takemichi Hanagaki viajando 7 anos ao passado para tentar evitar a morte de sua crush pelas mãos de uma perigosa gangue de Tóquio. Como ele fará isso? Se infiltrando na gangue com informações privilegiadas obtidas no futuro.

Histórias com viagens no tempo são comuns em filmes e séries, mas nunca houve uma produção que trabalhasse tão mal o tema quanto Tokyo Revengers. Esqueça questões sobre o contínuo do espaço tempo de De Volta para o Futuro ou mesmo explicações sobre como aquilo está acontecendo, Tokyo Revengers só funciona se você desligar o lado racional do cérebro e se divertir com cada porrada que Takemichi levar em suas idas ao passado. E acredite, o protagonista vai apanhar demais.

Talvez Takemichi seja o pior viajante do tempo da ficção, chega a ser surpreendente como ele vai ao passado com uma missão muito simples e acaba errando em todos os passos possíveis. O espectador fica preso a Tokyo Revengers não para saber o que vai acontecer, ficamos presos pela indignação de ver um personagem tão incapaz. Temos até a impressão de que se ele não tentasse mudar o passado teríamos um presente mais próspero.

Tokyo Revengers tem 24 episódios e está disponível na Crunchyroll, com dublagem e legenda.

Keijo!!!!!!!! (2016)

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Anime de esporte é sempre bom, não é? Um dos gêneros mais clichê é aquele anime no qual os personagens treinam, enfrentam seus problemas pessoais e vão crescendo em competições contra times muito mais fortes. Essa fórmula pode ser aplicada em qualquer esporte, como futebol (Aoashi), basquete (Slam Dunk) e até sumô (Hinomaru Sumo). Mas e se eu contar que essa estrutura funciona inclusive em esportes fictícios, como é o caso da modalidade “keijo”?

No universo desse anime existe um esporte chamado Keijo, uma espécie de combate feminino realizado em cima de arenas flutuantes no meio da água. O objetivo do esporte é derrubar sua adversária, sendo possível apenas golpeá-la com ataques... de peito e de bunda. Parece a descrição de uma prova do Domingo Legal dos anos 1990, mas Keijo!!!!!!!! é uma obra de combate feminino como qualquer outra história série sobre karate ou jiu-jitsu. Como se a premissa já não fosse um completo surto, as personagens criam golpes de dar inveja aos guerreiros de qualquer shonen de lutinha, usando apenas leis da Física e atributos avantajados.

Embora tenha feito relativo sucesso em sua versão em mangá, publicada na Shonen Sunday, o anime de Keijo!!!!!!!! foi prejudicado pela animação mediana do estúdio XEBEC. A série foi tão prejudicada pela versão animada que o mangá até foi encerrado pouco tempo depois de concluída a animação. Keijo!!!!!!!! tem 12 episódios e está disponível na Crunchyroll, com legenda.

The Promised Neverland 2 (2021)

Se você perguntar sobre The Promised Neverland para qualquer otaku, ele vai responder que se trata de um anime injustiçado por só ter tido a primeira temporada. Alguém mais desavisado vai estranhar esse comentário, afinal a segunda temporada existe e foi lançada em 2021, mas na verdade os otakus agem como a própria Feiticeira Escarlate reescrevendo a realidade para fugir dos fatos: a segunda temporada de The Promised Neverland é um horror.

Como já falamos em outras matérias aqui no Omelete, The Promised Neverland passou pelo famoso caso de produção que queria encerrar o anime o mais rápido possível. Em apenas 12 episódios (sendo um deles uma recapitulação bem fuleira) o estúdio adaptou de forma bem livre e resumida vários arcos inteiros do mangá original. Como se não bastasse o ritmo mais rápido que Usain Bolt nos 100 metros rasos, eles ainda tentaram amenizar o teor violento da história e omitiram mortes, armas e qualquer coisa que colocasse aquelas crianças 2D em risco. E mesmo com o resumão ainda faltou espaço para adaptarem tudo, então alguns arcos foram transformados em ilustrações estáticas no encerramento do último episódio.

A segunda temporada de The Promised Neverland se transformou em um grande desastre, mas ainda algo divertido. Rende algum entretenimento vermos como os roteiristas (com a ajuda do criador da história) conseguiram desfigurar um dos maiores sucessos dos últimos anos e criar a partir daquilo um anime muito meia boca. Acredite, não é uma tarefa fácil pegar uma obra boa e transformar em algo péssimo, então a equipe do The Promised Neverland merece aplausos pelo feito.

A segunda temporada de The Promised Neverland tem 12 episódios e está disponível na Crunchyroll, com legenda. A primeira, com 12 episódios, está disponível na Crunchyroll e Netflix.

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