7 animes e mangás que mudaram radicalmente do nada

Créditos da imagem: Yu Yu Hakusho/Reprodução

Mangás e Animes

Lista

7 animes e mangás que mudaram radicalmente do nada

Você chegou achando que seria uma comédia, mas aí os editores pensaram "e se a gente transformar em uma porradaria?"

Omelete
8 min de leitura
01.03.2023, às 17H11.

Às vezes, você começa a assistir a um anime ou ler um mangá e se encanta com a série. Os personagens são bem desenvolvidos, a trama é envolvente e o gênero (seja ação, romance, comédia ou drama) é exatamente o que você estava procurando naquele momento. Contudo, nem sempre a história permanece assim até o fim.

Muitas vezes, para agradar ao público ou surpreendê-lo, os animes e mangás mudam drasticamente não só o enredo de suas histórias, mas também o gênero. Por isso, neste artigo, iremos relembrar alguns exemplos de séries que passaram por essa transformação. Vamos à lista!

Dragon Ball

Reprodução

Esse aqui é um dos casos mais famosos entre as séries japonesas que do nada mudaram de gênero e passaram a contar outro tipo de história. Quando Akira Toriyama começou a criar o mangá em meados dos anos 80, o autor ainda estava muito condicionado a fazer histórias de humor, como seu sucesso anterior, Dr. Slump. Sua ideia inicial era que Dragon Ball fosse uma aventura bem-humorada inspirada em Jornada a Oeste e repleta de gags. Tanto que a quantidade de páginas das aventuras de Goku lá na Shonen Jump era menor que a das outras séries, pois mangás de humor têm cerca de 15 páginas em vez das 20 tradicionais de quadrinhos da revista.

No entanto, o público japonês se encantou com Goku e seus amigos, e aos poucos a comédia foi abrindo espaço para o autor desenvolver um autêntico shonen de lutinha. Goku começou a participar de mais lutas, enfrentando adversários mais fortes, e a comédia gradualmente perdeu destaque. À medida que Toriyama envelheceu o personagem a série mudou ainda mais, tornando-se um mangá de porrada e poderes saindo das mãos dos guerreiros. A diferença foi tanta que a Toei Animation dividiu a série em duas na versão em anime, criando Dragon Ball e Dragon Ball Z para destacar essa mudança.

Curiosamente dá pra perceber que o Akira Toriyama tentou resgatar o estilo antigo de Dragon Ball lá no final da história. A Saga de Majin Buu tem uma carga de humor maior, e várias situações e expectativas são subvertidas com decisões cômicas, como a lendária espada Z quebra, os personagens jogando vôlei com o corpo de Buu e até mesmo as aventuras de Gohan na escola secundária.

Yu-Gi-Oh!

Reprodução

Tal qual as webcelebridades de Instagram, os mangás são fortemente influenciados pela opinião do público. Os capítulos semanais lançados em revistas como a Shonen Jump são sempre avaliados de acordo com a opinião dos leitores, responsáveis por decidir quais séries continuam e quais são canceladas. O mangá Yu-Gi-Oh de Kazuki Takahashi foi um dos que sofreram uma guinada na história porque o público gostou muito de um elemento menor.

Originalmente Yu-Gi-Oh mostraria o dia a dia de Yugi Muto, um adolescente que havia despertado o espírito de um faraó adormecido em um quebra-cabeça milenar. Incorporando a entidade egípcia, Yugi se tornava o Rei dos Jogos e desafiava seus desafetos para partidas valendo a vida em histórias com pitadas de terror, e a cada capítulo víamos um novo jogo sendo disputado. Acontece que em meados do volume 7 o Takahashi inventou um card game chamado Duel Monsters para uma das histórias, e a disputa foi tão legal que os editores viram ali uma chance de lucro fácil.

Takahashi abandonou a antiga premissa de Yu-Gi-Oh e focou no jogo de cartas, e o resto é história: a franquia explodiu, o anime foi um sucesso gigante e o jogo de cartas lançado pela Konami bate recordes de vendas até hoje. Isso afetou até mesmo o anime, pois a versão que assistimos na televisão começa a história a partir da introdução das cartas, então não vemos como Yugi conhece seus amigos. As histórias “antigas” de Yu-Gi-Oh até ganharam uma versão animada no Japão feita pela Toei Animation, mas essa série nunca chegou para a gente (o que pode ser uma sorte, imagina se Gilberto Barros descobre essa versão)

Samurai Flamenco

Divulgação

Criado pelo estúdio Manglobe (de Samurai Champloo), o anime Samurai Flamenco parte de uma história bem pé no chão em que o protagonista Masayoshi decide realizar seu sonho de infância se tornando um super herói. Na pele de Samurai Flamenco ele começa a lutar contra o crime e até se aproxima de Hidenori, um policial.

A série começa como uma paródia do gênero tokusatsu, aquelas produções japonesas de carne e osso com heróis se transformando com muitas explosões e robôs gigantes. Acontece que lá pela metade o anime dá uma guinada e começa a trazer alguns desenvolvimentos mais dramáticos e filosóficos, quase como se quisesse mostrar o que aconteceria no nosso mundo real se as ameaças de um tokusatsu existissem de verdade.

Yu Yu Hakusho

Reprodução

Yu Yu Hakusho é considerado um dos grandes clássicos dos animes no Brasil, e sua dublagem cheia de gírias e personalidade brasileira é lembrada até hoje como um exemplo a ser seguido. Mas você sabia que a série poderia não ter sido o que a gente assistiu? Yoshihiro Togashi era um autor novato quando começou Yu Yu Hakusho nas páginas da Shonen Jump, e no começo da história a gente acompanhava a morte de Yusuke Urameshi e como ele se tornava um detetive espiritual para resolver casos envolvendo criaturas do além e fantasmas.

Acontece que o mangá fica muito tempo nessa fase do Yusuke trabalhando como um detetive, a ponto de acreditarmos que o objetivo inicial da história era só ver um ex-delinquente resolvendo confusões de forma desbocada. Somente após muitos casos é introduzida a missão de captura dos itens roubados por Hiei e Kurama, e aí Yu Yu Hakusho enreda no shonen de lutinha como conhecemos, com inimigos poderosos e torneios de luta. Até hoje os capítulos de Yusuke trabalhando como detetive espiritual são exclusivos do mangá, pois o estúdio Pierrot preferiu pular essas histórias para ir direto para a porradaria.

Mas não podemos deixar de mencionar o quanto Togashi parece se divertir trocando o gênero de suas histórias. Após muito experimentar com Yu Yu Hakusho depois do arco do Torneio das Trevas, o autor nos presenteou com Hunter x Hunter, que a cada arco parece ser o autor transformando qualquer coisa em um shonen de luta, de eleição a jogo online.

Negima! Magister Negi Magi

Reprodução

Antes de se tornar um político de declarações bastante polêmicas, Ken Akamatsu era um dos mais promissores autores de mangá no final dos anos 1990. Ele se tornou conhecido por comédias românticas com forte apelo no erotismo, como Ai Ga Tomaranai (A.I. Love You em inglês) e o clássico Love Hina. Suas histórias sempre mostraram um personagem masculino em meio a muitas garotas sensuais e apaixonadas, mas aí Akamatsu decidiu levar as coisas um pouco além.

A proposta de Negima é simples: Negi é um bruxo de 10 anos de idade que recebe como tarefa de estágio a obrigação de se tornar professor de inglês para uma turma em um colégio feminino. Aí temos o clássico estilo de Ken Akamatsu elevado à décima potência, pois o pobre Negi está em meio a dezenas de garotas que adoram ele (em maior ou menor grau). E temos aqui um elenco diverso, pois temos alunas nerds, atléticas, atrapalhadas, românticas, robóticas (?), vampiras (??), fantasmas (???) e por aí vai.

Quem se tornou fã de Love Hina por causa da comédia romântica vai se decepcionar um pouco com Negima, pois após alguns volumes a trama abandona quase por completo os clichês do trabalho anterior de Akamatsu. Na verdade o autor abraça com tudo o shonen de lutinha que existe em sua alma, pois a série desenvolve lutas poderosas e arcos de torneio com armas incríveis. Mas claro que a sensualidade não foi esquecida, até porque para Negi realizar os pactos para ativar seus poderes ele precisa… beijar suas alunas. E essa nem é a pior parte, pois o autor continua viciado em mostrar calcinhas e closes quase ginecológicos das protagonistas femininas. Complicado…

My-Hime

Reprodução

Criado por Hajime Yatate (um pseudônimo usado pelo estúdio Sunrise para as criações coletivas de sua equipe), o anime My-HiME foi lançado em 2004 para se aproveitar do sucesso de histórias slice-of-life na época. A protagonista da história, Mai Tokiha, é uma aluna de ensino médio que vai para a Academia Fuuka e lá ela presencia alguns mistérios.

Se você chegou até aqui achando que veria uma história fofinha sobre garotas estudantes, sinto informar que foi enganado pela Sunrise. Logo descobrimos que a protagonista é uma HiME, um ser com poderes usados para combater monstros. Após introduzir todos esses elementos, My-HiME se torna uma aventura ainda mais focada em luta e em conceitos de fantasia distópica.

Reborn!

Divulgação

Aqui temos mais um exemplo de mangá que teve seus rumos alterados por causa da recepção do público da Shonen Jump. A história criada por Akira Amano começa quando o garoto Tsuna, alvo de constante bullying por ser meio fracassado, é escolhido para se tornar o chefe da família italiana Vongola. Como Tsuna precisa ser treinado para ocupar o cargo, a família envia o pequeno assassino de aluguel Reborn para treinar o moleque com a ajuda de uma técnica que envolve "dar um tiro espiritual na própria cabeça" para ativar um lado mais forte da pessoa.

Os primeiros volumes de Reborn são uma comédia amalucada que lembra muito o estilo da Rumiko Takahashi (de Ranma 1/2 e Urusei Yatsura). Vários personagens muito excêntricos são introduzidos na trama, e depois a autora vai criando histórias doidas envolvendo alguns deles. Cada um tem uma personalidade muito forte, então o choque acaba criando situações engraçadas que são resolvidas no próprio capítulo.

Porém o público foi curtindo quando Akira foi introduzindo mais elementos de combate na sua comédia de mafiosos. Como resultado aconteceu o que rolou com outros títulos desta lista: a equipe editorial da Shueisha deve ter dado uma incentivada para ela inserir ainda mais combates e Reborn se transformou em um shonen de lutinha de bastante sucesso.

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.