As piores características de One Piece

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As piores características de One Piece

One Piece é incrível, mas não é perfeito. Levantamos alguns pontos negativos que até os fãs mais fervorosos podem concordar.

Omelete
8 min de leitura
29.11.2022, às 10H23.

Antes que pedras sejam arremessadas em nossa direção, precisamos reafirmar que One Piece é um dos melhores e mais importantes animes e mangás de todos os tempos. Com suas mãos talentosas e muita imaginação, Eiichiro Oda construiu um mundo rico, cheio de personagens cativantes e com uma história capaz de engajar milhares de fãs. Dito isso, precisamos também lembrar que One Piece não é e nem nunca será perfeito.

Quando gostamos muito de uma obra, é normal que façamos uma vista grossa e passemos um pano em defeitos que toda produção tem, então o objetivo dessa matéria é olhar o lado vazio do copo para mostrar os piores aspectos e características de One Piece.

E, mais uma vez: por favor, não nos odeiem.

#01. Excesso de grandiosidade

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Poucos universos ficcionais têm a riqueza de One Piece. Eiichiro Oda criou não apenas um shonen de lutinha de sucesso, mas todo um universo com regras próprias e alegorias que remetem ao nosso mundo real. Fora a variedade de histórias, pois a cada ilha da Grand Line o autor criava tramas que praticamente eram novos mangás com assuntos que estava com vontade de desenhar naquele momento: em Alabasta ele pôde fazer uma história de guerra, em Dressrosa o Oda conseguiu desenvolver um torneio de luta e, por fim, o arco do País de Wano foi uma grande aventura com samurais, ninjas e outros elementos da cultura japonesa.

Embora consiga trazer essa riqueza em cada ilha ou arco, às vezes Eiichiro Oda se perde um pouco em sua própria grandiosidade. O arco do País de Wano, por exemplo, é repleto de momentos que não necessariamente são importantes para o resto da história, e tudo isso fez com que este fosse o maior arco em quantidade de capítulos de todo One Piece. Além disso, a trama geral foi se alongando à medida que o autor ia criando arcos cada vez mais complexos e recheados com uma quantidade gigantesca de personagens importantes. E como One Piece é conhecido por quase nunca matar personagens, a cada pessoa introduzida é uma possibilidade para esse personagem retornar a qualquer momento.

Muitas coisas podem explicar essa grandiosidade proposta pelo autor. Os mangás na Shonen Jump estão eternamente competindo com os leitores por popularidade, afinal os mangás menos queridos pelo público rapidamente são ceifados da revista sem dó e nem piedade. Se no começo de One Piece o Eiichiro Oda criava aventuras mais “compactas” e “direto ao ponto”, até como forma de fidelizar o público, com o sucesso absoluto da série ele pôde dedicar ainda mais tempo às suas maluquices. E como o mangá do pirata que estica é sinal de retorno financeiro certo, não consigo imaginar a equipe editorial da Shueisha pedindo para o autor dar uma maneirada: quanto mais One Piece, mais dinheiro entrando.

#02. Enrolação

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Um preço a ser pago pela grandiosidade de One Piece é seu alto grau de enrolação. Por colocar cada vez mais personagens, histórias e referências ao mundo ficcional, One Piece foi ficando um pouquinho enrolado demais. Alguns dos arcos menos queridos pelos fãs, por exemplo, são aqueles em que o autor perdeu a mão e demorou muito para fazer a história andar.

Pessoalmente falando, detesto o arco de Dressrosa pela capacidade que o autor tem de nos afastar de seu ponto final. Um momento que representa bem isso é quando o inimigo Pica (por favor não ria nem desse nome e nem de sua voz) pega o castelo do grande vilão Donquixote Doflamingo e o coloca em um lugar ainda mais inacessível, tudo para dar uma enrolada no arco. É como se ao final da travessia das 12 casas de Os Cavaleiros do Zodíaco, Seiya descobrisse que uma empreiteira construiu outras doze casas extras após a morada de Afrodite de Peixe.

E isso porque nem estamos falando como no começo do arco o Eiichiro Oda pensou “e se eu colocasse um torneio de lutas aqui na história?”. Mesmo que no final tudo tenha se encaixado com Luffy firmando parcerias e com o retorno de Sabo, Dressrosa durou tempo demais para uma história que poderia ser mais breve. Eiichiro Oda já afirmou muitas vezes que suas histórias acabam durando mais tempo na publicação do que em seu planejamento, provando que o autor gosta de alongar lutas, desenvolvimentos ou mesmo o final de One Piece.

#03. Sexualização feminina

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Agora chegamos num ponto bem complicado de One Piece. Felizmente a sociedade tem evoluído com rapidez e conteúdos considerados “normais” nos anos 1990 hoje em dia já são mais questionados. Por ter atravessado várias décadas, One Piece tem sim algumas representações problemáticas, mas num geral há uma mudança para melhor quanto mais perto do presente estamos. Um exemplo é a questão da transexualidade que, embora tenha tido uma abordagem ruim durante a introdução de Ivankov, recentemente no País de Wano o tema foi trabalhado de forma bastante competente através da Okiku e do Yamato.

Infelizmente isso não acontece com a sexualização das mulheres do anime. No começo da história as personagens femininas eram tratadas como em outros shonens de lutinha de sua época, ou seja, personagens como Nami, Nico Robin, Vivi, Kalifa etc frequentemente apareciam com roupas sensuais e poses que poderiam estar no quadro da Banheira do Gugu. Porém, quando houve o salto no tempo a coisa parece ter piorado. As mulheres ganharam atributos quase incompatíveis com a estrutura corporal humana, todas com muitos centímetros de busto, bumbum e uma cintura quase negativa.

Isso sem falar nos trajes cada vez mais apelativos. Rebecca, uma das personagens mais importantes do arco de Dressrosa, anda durante todo o arco com uma fantasia de Gladiadora Sexy, um excesso que poderia ser evitado. As mulheres do bando também foram perdendo a importância na história, pois se antes elas lutavam com bastante frequência, agora os combates com elas são mais raros. Uma tristeza, principalmente quando lembramos o quão forte é Nico Robin.

#04. Arcos ruins

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Eiichiro Oda tem desenhado e roteirizado capítulos semanais de 20 páginas há mais de duas décadas com poucos intervalos e férias, uma produção hercúlea. Até pela quantidade de esforço necessário, é impossível que tudo em One Piece seja perfeito o tempo todo, há aqueles momentos nos quais o autor pode ter se cansado e não entregou o que os fãs estavam desejando. Há muitos debates na internet sobre os piores arcos de One Piece, e dois em especial merecem aparecer por aqui.

Um dos mais lembrados pelos fãs é Skypiea, quando Luffy e sua tripulação são arremessados para uma ilha acima das nuvens e o nosso guerreiro de borracha enfrenta um “deus” com poder de trovão. Pessoalmente não vejo problemas com esse arco, inclusive gosto muito do clima de Shonen de Lutinha tradicional que temos na ilha de Skypiea, mas quem é apaixonado por One Piece não costuma ser tão fã desse trecho aqui. Reclamam dos adversários, da própria luta contra o Enel e da falta de peso para a história geral, algo que só foi resolvido décadas depois, quando Skypiea foi revisitada no flashback do Gol D. Roger e muitas das coisas que vimos no arco foram explicadas. Além disso, Skypiea sofre por um fator logístico: foi o arco que sucedeu o querido Arco de Alabasta.

Mas nada chega perto do PIOR arco de One Piece segundo uma parcela significativa de fãs: Long Ring Long Land. Localizado logo após Skypiea, nesses capítulos acompanhamos Luffy, Zoro e os demais participando de uma gincana chamada Davy Back Fight contra os piratas do Foxy. Nesse trecho quase “filler” rolou competição de corrida e até uma luta de boxe com Luffy, e para não dizer que nada de importante aconteceu o autor introduziu no final uma batalha contra o então almirante Aokiji que serviu para apresentar uma questão do próximo arco, Water 7. Ou seja, podia ser só aquela luta ali que já estava valendo, não precisava da gincana inteira.

#05. Time Skip

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Caso não saiba, “Time skip” é o nome de um recurso comum em qualquer tipo de história na qual acontece um salto no tempo. Em One Piece esse pulo ocorreu após os desdobramentos da guerra de Marineford, quando todos os membros do bando do Chapéu de Palha se separam para treinar com o objetivo de chegarem mais fortes ao Novo Mundo. Alguns anos se passam, todos retornam mais fortes e com novas habilidades e se reencontram em Sabaody.

A partir desse ponto a história de One Piece muda radicalmente. Se antes havia uma quantidade maior de aventuras isoladas que se conectavam de leve com a trama daquele mundo, agora chegamos em um ponto da história no qual tudo parece bem conectado. Tal qual a teoria sobre a batida da asa de uma borboleta levar a uma ventania em outro lugar, várias pequenas coisinhas de cada arco vão se conectando a um grande conflito futuro. O Luffy respondendo a Big Mom pelo telefone ou mesmo a decisão de ajudar a metade do Kinnemon encontrada em Punk Hazard fizeram o capitão do bando ser arremessado no meio de uma grande guerra ambientada em Onigashima, no país de Wano.

Embora tudo se conecte, o clima de One Piece tomou outro rumo. A relação entre os piratas do Chapéu de Palha foi deixada de lado para focar em um conflito a nível mundial, então as relações de amizade que tanto encantavam no período pré-time skip foram deixadas de lado para a história abraçar o épico e o grandioso. E embora o bando continue crescendo, ainda tem personagens que são bem subaproveitados pela história (olá, Franky e Brook).

Falando no bando, as mudanças de design nos personagens está longe de ser unanimidade entre os fãs. Alguns ganharam cicatrizes e barbas para dar um ar mais cool (como Luffy, Usopp, Zoro e Sanji), outros tiveram mudanças extremas de tamanho (Franky ficou um monstro e Chopper parece ter diminuído), isso sem falar no traçado apelativo das mulheres do bando (e olha que nem estamos reclamando ainda da falta que faz a franjinha da Nico Robin).

Isso apaga os aspectos positivos?

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Mesmo após uma matéria inteira reclamando de One Piece, seria desonestidade falar que a série é ruim. Mesmo com os excessos e enrolações, a obra máxima de Eiichiro Oda ainda é cativante, surpreendente e muito bem conectada (seja de propósito ou não).

E embora o autor tenha se tornado um pouco refém do anseio de surpreender seus leitores todas as semanas sem falta, o que leva o mangá a ter uma porção de reviravoltas às vezes rocambólicas, One Piece ainda é uma das poucas franquias dos animes e mangás que conseguem atualmente engajar tanto público assim para discutir teorias absurdas, conexões misteriosas e tudo mais.

Ou seja, mesmo com esses contras, One Piece ainda é bom demais.

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