Decepções e reencontros | Tudo o que rolou na temporada final de Pokémon

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Decepções e reencontros | Tudo o que rolou na temporada final de Pokémon

Após vencer a Liga, Ash se pergunta o que significa ser um Mestre Pokémon. Descubra tudo o que rolou nessa mini-jornada de descoberta (com spoilers)

Omelete
7 min de leitura
24.03.2023, às 09H50.

A jornada de Ash Ketchum e seu companheiro Pikachu chegou ao fim. Em décadas de episódios de Pokémon o protagonista conheceu amigos, salvou o mundo, reuniu insígnias e economizou milhões viajando a pé por inúmeros continentes. Como a temporada final do anime de Pokémon não tem qualquer previsão de chegar à Netflix - o serviço de streaming ainda está no arco do último campeonato -, vamos aqui nessa matéria revelar tudo o que aconteceu de importante nessa despedida de Pokémon.

Como você pode imaginar, aqui teremos muitas revelações sobre acontecimentos futuros (os temidos spoilers), então só avance no texto se estiver ciente disso. Após deixar isso claro, vamos aos acontecimentos dessa última leva de episódios de Pokémon!

Reencontros com os antigos amigos (mas não tantos assim)

Montagem/Reprodução

Após vencer a Liga Pokémon em uma batalha sofrida, Ash e Goh se separaram para que o treinador/acumulador compulsivo saísse em uma jornada própria. Ficar sozinho pela primeira vez em muitos anos fez Ash refletir sobre o futuro, mas rapidamente o treinador de Pallet reencontrou por acidente sua eterna parceira Misty. O clima entre os dois continua amigável então ambos decidem seguir viagem juntos, afinal por que não? Quem também entra no grupo é Brock, após um incidente envolvendo um Hatterene que hipnotizava pessoas para mantê-las dentro de uma floresta. Assim como Misty, o ex-líder de ginásio de Pewter decide seguir jornada ao lado do treinador do Pikachu.

Se você esperava para essa temporada final uma reunião com os antigos companheiros de viagem de Ash, é melhor recalcular suas expectativas. Além de Misty e Brock, apenas Cilan e Tracey dão as caras (e apenas por um episódio cada). Ou seja, nada de May, Max, Dawn, Iris, Bonnie, Clemont, Serena, Sophocles, Mallow, Lillie, Lana, Kiawe e Goh.

E pior que nem podemos justificar dizendo ter faltado tempo para o anime, porque o que mais teve nessa temporada final foram histórias comuns sem qualquer peso. Fica a impressão de que os roteiristas ficaram satisfeitos com as aparições de antigos personagens durante a luta de Ash na Liga Pokémon e nem se preocuparam em promover reencontros na despedida. Triste.

Revendo os mais famosos Pokémon de Ash (mas não todos)

Montagem/Reprodução

Uma boa estratégia de roteiro feita nessa temporada foi a rotação de Pokémon do Ash. Enquanto Misty e Brock sempre carregavam seus monstrinhos de sempre, a cada episódio Ash trocava seus Pokémon para que o máximo de criaturas pudesse aparecer nesses últimos episódios. Isso fez com que Pokémon famosos aparecessem com destaque, como o Gengar, o Corphish, Charizard e Bayleef.

Em outros episódios houve até reencontros mais elaborados com Pokémon que Ash havia “libertado”, como é o caso do Squirtle e o Lapras. O primeiro retornou ao Esquadrão Squirtle e o episódio 141 mostra como ele agora protagoniza peças de teatro conscientizando as crianças sobre o risco de incêndios. Infelizmente nem tudo são flores, porque o grupo de Pokémon aquático estava sendo explorado por seus agentes, nada menos que a própria Equipe Rocket disfarçada.

Por fim, Ash reencontrou no episódio 143 o Lapras que lhe serviu como meio de transporte na temporada da Liga Laranja, mas esse aqui foi numa história menos inspirada: o protagonista e seus amigos estavam passeando na praia quando Lapras reaparece do nada pedindo ajuda, pois um Wailmer havia encalhado numa ilha. Após esse “filler”, Ash volta a se despedir de Lapras e segue o baile.

Como foram apenas 11 episódios para finalizar a série, os roteiristas acabaram deixando muita gente de fora. Entre as ausências sentidas podemos destacar Butterfree, Primeape e seu poderoso Greninja.

Latias, o fio condutor da história (e mais um filme se tornou canônico)

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No começo do episódio 137, logo após se separar de Goh, somos apresentados à história que une todos os episódios da temporada de despedida: um problema envolvendo o lendário Latias. Ash o resgata e trata suas feridas, e o carinho do treinador faz com que o Pokémon decida acompanhar a jornada dele… como um stalker. Latias usa seu modo transparente para observar de longe Ash e seus amigos, e em alguns momentos até intervém para salvar o treinador do perigo iminente.

Somente no episódio 146 Latias entra em contato com Ash e os outros para explicar seu problema: Latios foi capturado por um caçador Pokémon (personagem que nem nome ganhou no anime) e agora o Pokémon lendário precisa de auxílio. Com a ajuda do poder da amizade, do amor e da força de vontade do roteiro, Ash consegue enfim libertar Latios e fazer com que o caçador seja preso pela oficial Jenny.

Talvez a parte mais surpreendente do episódio é o final, quando Latias e Latios retornam para sua terra natal, a cidade de Alto Mare (cenário do quinto filme da franquia, Heróis Pokémon). Embora os fãs especulem que boa parte dos longa-metragens de Pokémon sejam canônicos, oficialmente poucos fazem parte da linha oficial da série de TV. Ao mostrar os Pokémon passeando pela cidade do longa e ainda mostrando a garota Bianca, o quinto filme passa a ser tão oficial na linha do tempo quanto o Mewtwo Contra-Ataca. E sabem o que isso quer dizer? Que o beijo dado por Latias no Ash no final do longa aconteceu mesmo!

O (suposto) fim da Equipe Rocket

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Felizmente a Equipe Rocket participa de alguns episódios dessa temporada de despedida, e sempre com momentos maravilhosos. Além do já mencionado episódio no qual eles agenciam de forma ilegal o Esquadrão Squirtle, o episódio 142 repetiu um clichê muito agradável do anime: a famosa história na qual heróis e vilões são forçados a conviver, pois Pikachu e Meowth precisam vencer as rivalidades e reencontrar seus treinadores após se perderem numa explosão. Aqui há muitos elementos para agradar os fãs mais antigos, como referências ao episódio no qual Ash captura o Caterpie e o título japonês ("Estamos olhando a mesma lua", em português) sendo uma referência à famosa frase do Meowth em Mewtwo Contra-Ataca.

E se o anime falhou em homenagear o passado dos heróis, no episódio 145 os roteiristas prepararam uma bela história para os atrapalhados vilões. O Delibird da organização aparece com as pokébolas de todos os antigos Pokémon do trio, e assim eles decidem criar o plano definitivo para capturar o Pikachu. O episódio é todo muito bom, mesmo com as ausências de alguns Pokémon como Arbok, Weezing e Victreebel, e ao final tudo dá errado e eles decidem se separar para sempre.

Muita gente sensacionalista alardeou que esse era o fim definitivo da Equipe Rocket, mas já no episódio seguinte vimos eles retornando para a sede da organização como forma de voltar às origens. Já no episódio final assistimos aos três trabalhando no quartel-general da empresa e, por fim, se reunindo para ir atrás do Pikachu mais uma vez.

Afinal, o que é ser um Mestre Pokémon?

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Quando a temporada foi anunciada, a sinopse dizia que Ash teria uma conversa séria com Gary Carvalho. Seu antigo rival lhe perguntaria se Ash faz ideia do que é ser um Mestre Pokémon de verdade, e isso seria o mote da temporada. Infelizmente não foi bem o que aconteceu, pois tal conversa só rolou no último episódio, o 147, então toda a reflexão do Ash foi feita em velocidade turbo aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo.

Após reencontrar parte de seus antigos Pokémon - e até mesmo o Tracey, que ganhou falas após centenas de episódios sem abrir a boca -, Ash e Pikachu tomam uma decisão. Ambos se despedem da cidade de Pallet e se vêem diante de uma bifurcação no caminho. Pikachu joga para o alto um graveto e o pedaço de madeira aponta para um dos caminhos disponíveis. Assim como a representação da serpente comendo o próprio rabo, Pokémon termina com seus protagonistas saindo em uma nova jornada.

Os problemas da temporada de “despedida”

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O grande defeito dessa temporada final de Pokémon foi não ser uma temporada de despedida como se esperava. Embora houvesse ali elementos comemorativos e nostálgicos, como o fato da abertura ser a música original do anime e uma colagem de cenas de todos os anos do anime, não houve qualquer fechamento.

Os roteiristas optaram por escrever histórias como quaisquer outras de Pokémon Jornadas, sem colocar o Ash para refletir sobre o que é ser um Mestre Pokémon nem reencontrar antigos amigos. Não que os episódios tenham sido ruins, alguns como o 144 sobre um Banette querendo encontrar sua amiga de infância foram lindos e marejaram os olhos dos espectadores, mas como despedida em si a temporada ficou devendo.

Mas a partir de agora viveremos um momento único. O anime de Pokémon continuará, mas trocando todos os protagonistas e agora com o nome Pokémon Horizontes. Os antigos fãs ainda verão alguma coisinha ali remetendo à série clássica, como a participação de um outro Pikachu mais turrão, porém agora teremos novos ares e novas histórias sendo contadas.

Agradeço a Ash Ketchum pela companhia em todos esses anos. Comecei a acompanhar Pokémon aos 13 anos quando o anime estreou no Programa da Eliana em 1999, e hoje aos 36 anos me despeço desse personagem (que continua com uma carinha de dez anos de idade como se não tivesse envelhecido). E que Pokémon continue sempre oferecendo um anime de muita qualidade, aventura e diversão para todo o público.

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