Ethan Hawke é só elogios para Ewan McGregor, seu “irmão de mentira” de Raymond & Ray. “Sou fã dele há 25 anos, e foi maravilhoso vê-lo no set fazendo sua preparação e atuando. Foi exatamente como eu imaginei e esperei que seria. Quando todo mundo está fazendo o seu trabalho bem, o material é elevado”, conta ele ao Omelete.
É difícil acreditar que Raymond & Ray seja mesmo a primeira colaboração entre os atores. Primeiro, porque suas trajetórias são bem parecidas, da ascensão como queridinhos indie nos anos 1990 ao estabelecimento como atores premiados e veteranos que por vezes “se arriscam” em grandes franquias (Ewan em Star Wars, Hawke na Marvel). Segundo, porque a química que eles mostram em tela é fora de série.
“Nós demos muita sorte de ter um roteiro muito bem construído”, despista Hawke. “Muitas vezes, quando você está ensaiando para um filme, é um processo de resolver problemas - você precisa descobrir como fazer essa ou aquela cena funcionar antes das filmagens, que serão em três dias ou algo assim. Nesse caso, desde a primeira vez que lemos o texto em voz alta juntos, sentimos uma confiança enorme na qualidade do material”.
McGregor esclarece que os dois “leram algumas cenas juntas, na cozinha ou sala de estar de Ethan, e foi o único ensaio que tiveram”. O humor entre os dois é a alma de Raymond & Ray, em que os dois personagens títulos são meio-irmãos há muito afastados, que se reúnem para enterrar um pai que ambos desprezam. Com brincadeiras internas, olhares cúmplices e gestos de afeto desajeitados, os dois convencem como pessoas totalmente opostas que se conhecem a vida toda.
Rodrigo García, diretor e roteirista do longa, admite que o seu texto foi só a base para a dupla construir a dinâmica única de irmãos: “Minha parte do trabalho era revelar um pouco da atitude que eles têm um com o outro, como eles lidam um com o outro. Mas Ethan e Ewan claramente trouxeram uma química e um humor que não estava no roteiro... Eles entenderam imediatamente como era o relacionamento entre os rapazes, e muitos dos momentos divertidos não estavam escritos - é só a forma como eles reagem um ao outro”.
Ele confirma que não foram realizados muitos ensaios, costume adquirido em uma filmografia que já produziu títulos premiados como Albert Nobbs e Questão de Vida. “Eu não ensaio muito, mas gosto de ouvir os atores dizendo suas falas em voz alta antes de gravar, só para ter um senso de como a estrutura da cena vai funcionar. No fim das contas, você precisa ter sorte com a química entre seus atores, e Ethan e Ewan trouxeram muito para esses papéis. Eles acreditavam um no outro como irmãos”, define.
A mistura curiosa de drama traumático e comédia ácida de Raymond & Ray, diz García, nasceu naturalmente de “observar como pessoas agem em situações extremas”: “Com frequência, durante funerais, as emoções das pessoas vem à tona, e os comportamentos delas podem se tornar meio malucos - especialmente com homens que guardam muita raiva dentro de si, como Raymond e Ray, mesmo que eles neguem isso”.
“Há muitos diálogos no filme que eu não escrevi pensando que seriam engraçados, e acabaram sendo”, confessa. “Se você está criando um material traumático, e obviamente enterrar alguém é traumático, odiar os seus pais é traumático, você precisa também olhar para o lado humorístico e dizer: 'Às vezes as pessoas agem de maneira louca'”.
Raymond & Ray chega ao catálogo do Apple TV+ em 21 de outubro.
