[Atenção: spoilers do episódio "Smell Like Mean Spirit", de Ted Lasso, a seguir]
Definir a virada do Nate da primeira para a segunda temporada de Ted Lasso é difícil até para o ator Nick Mohammed. “‘Turbilhão’ é a palavra”, afirmou o agora vilão da comédia do Apple TV+ ao Omelete. E não dá para negar que ele tenha razão. Depois de surpreender colegas de time e fãs ao trair a confiança de Ted (Jason Sudeikis) e Roy Kent (Brett Goldstein), o até então adorável treinador se junta a Rupert (Anthony Head) no rival West Ham no terceiro — e possivelmente último — ano da série, e continua a flertar com o “lado sombrio da Força”.
Por isso, à primeira vista, a ideia de que o personagem terá uma redenção parece improvável. Na estreia do novo ano, por exemplo, ex-marido de Rebecca (Hannah Waddingham) continua a inflar o ego do Nate com elogios e presentes caríssimos, enquanto o (não mais tão) garoto prodígio humilha seus jogadores como Jamie Tartt (Phil Dunster) o maltratou anos antes. Quer dizer, não parece haver qualquer resquício do tímido roupeiro que conhecemos à beira do campo, em Richmond. Só arrogância e insegurança.
No entanto, para Mohammed, se haverá perdão ou não nos próximos 11 episódios está menos nas mãos do Nate, e mais na opinião do público. “Há uma catarse”, disse sobre o desfecho do personagem nesta temporada. “Sem entrar muito em detalhes, eu realmente acredito que se ele se redimirá ou não depende mais se nós, enquanto espectadores, escolheremos perdoá-lo. Para algumas pessoas, ele foi longe demais. Para outras, foi ‘hm, ok”.
Mas calma: isso não quer dizer que o ator passe pano para seu personagem. “Não posso tolerar alguns dos seus comportamentos, mas, como alguém que está interpretando esse papel, tento sempre encontrar uma maneira de ter empatia por ele”, explicou. “Acho que o Nate se vê como vítima de tudo isso e posso dizer objetivamente que ele não está certo. Mas tive que procurar uma maneira de acreditar nessa verdade para torná-la mais autêntica”.
A ESCALADA PARA A VILANIA
Muitos fãs foram pegos de surpresa com o que o próprio Mohammed chamou de “traição” de Nate a Ted — até porque a discussão no último episódio da segunda temporada foi o único momento em que o recém-promovido técnico confrontou seu então mentor sobre suas insatisfações. Antes, o máximo de descontentamento que ele demonstrou de forma deliberada foram um ou outro comentário torto e alguns olhares invejosos. Ainda assim, sutilmente, a sua escalada à vilania ficou aparente nos seus cabelos.
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“Logo no início, nossa incrível supervisora de maquiagem, Nicky Austin, estava determinada que acontecesse alguma transformação física no Nate que coincidisse com essa toxicidade crescente na sua vida. O estresse, a culpa, a vergonha… E, sabe, você realmente ouve histórias sobre o cabelo das pessoas mudando de cor por causa do estresse”. Entretanto, segundo o ator, o cabelo grisalho dá outro vislumbre da evolução do personagem. “Também existe o amadurecimento do Nate. Ele era visto quase como um garoto na primeira temporada, o roupeiro solitário e tímido. E ele amadurece enquanto treinador, mas como resultado não se torna uma pessoa melhor. Então foi bem divertido ter essa manifestação do avanço dessa energia tóxica interna”.
Mohammed, inclusive, concorda que essa “história de origem” — para usar um termo do próprio ator — tem vários paralelos com Star Wars. “Quando vi a primeira imagem que a Apple liberou, também pensei imediatamente ‘ah, sim, isso é Star Wars’. Amei isso”, riu.
Contudo, ele teve cautela ao falar sobre a intencionalidade da série com essa comparação. “Jason [Sudeikis] falou regularmente que a segunda temporada era o nosso O Império Contra-Ataca. Tem alguma coisa ali, definitivamente. Mas não estou dizendo que essa temporada é O Retorno de Jedi”.
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