Após dois anos de espera, The Morning Show está de volta para sua terceira temporada, que estreia no Apple TV+ nesta quarta-feira (13). Agora, porém, a produção protagonizada por Jennifer Aniston e Reese Witherspoon dá um salto de dois anos e deixa para trás o assédio sexual e a pandemia de covid-19, premissas de seus anos anteriores, para jogar luz em temas ainda mais atuais, como a invasão ao Capitólio e o direito do acesso ao aborto — tudo com uma boa dose de reviravoltas, é claro.
“Nós queríamos sair da pandemia e queríamos também seguir em frente após história do Mitch [personagem de Steve Carell]”, diz ao Omelete a produtora-executiva e diretora Mimi Leder, responsável por quatro dos dez episódios desta temporada. “O fantasma dele ainda está no prédio, mas nós queríamos focar agora na autonomia das mulheres, na forma como ela é enfraquecida e nas formas em que o poder das mulheres está sendo desafiado no mundo todo.”
Não à toa, a temporada se passa em 2022, o ano em que a Suprema Corte dos Estados Unidos revogou uma decisão que assegurava às mulheres americanas o direito ao aborto em todo o território nacional. Desde então, muitos estados do país restringiram total ou parcialmente o acesso de suas cidadãs ao procedimento.
Mas, sendo esta uma série ambientada nos bastidores de um programa jornalístico, The Morning Show também quis se debruçar sobre outro tema urgente: as disputas narrativas em torno do conceito de verdade. “Estamos muito interessados nisto e na Grande Mentira”, conta Leder, citando o conceito usado para se referir a uma deturpação grave da verdade, geralmente usada para fins de propaganda. “Também queríamos falar das ameaças a jornalistas no mundo todo. Ser capaz de reportar a verdade é algo muito, muito importante para nós.”
Sem dar detalhes, é possível dizer que a questão da verdade será especialmente sensível para Bradley (personagem de Witherspoon) nos novos episódios. “Talvez não seja uma mentira, mas nós temos uma imagem de quem nós somos, e às vezes o que contamos para nós mesmos não é necessariamente o que está acontecendo. E ela terá que encarar a verdade dela”, adianta a diretora.
Velhas conhecidas e um recém-chegado
Falando em Bradley: ela e Alex Levy (Aniston) agora estão em uma relação mais madura, mas isso não significa sem conflitos. “Nós vimos tantas brigas nas primeiras duas temporadas, e agora, na terceira, essas mulheres se unem e se apoiam”, afirma Leder. “Mas é como acontece com melhores amigos ou pessoas que se importam uma com a outra: eles irão se confrontar. Especialmente, no caso de jornalistas, sobre as histórias que eles estão contando, o que eles estão colocando no mundo.”
Dessa vez, as duas terão que lidar com a presença do recém-chegado Paul Marks, interpretado por Jon Hamm (Mad Men). Bilionário da tecnologia a quem Cory (Billy Crudup) trata como potencial comprador para a emissora UBA, ele não foi inspirado em nenhuma figura específica, segundo Leder. “Há muitos bilionários por aí para os quais podemos a apontar e fazer um personagem fictício, porque a cada 30 horas, surge um novo bilionário”, diz, citando um estudo da ONG Oxfam. “Os bilionários se saíram muito bem na pandemia, ao contrário da maioria das pessoas”.
Ao definir o novo personagem, a diretora rasga elogios a Hamm. “Você olha para esse cara e pensa ‘ele realmente vai salvar a UBA? Quais são as intenções dele?’ Ao longo da temporada, nós questionamos essas intenções, e Jon se divertiu muito com esse personagem, ele o fez com muita honestidade. É um personagem complicado, e é preciso um ator muito esperto para equilibrar tudo isso.”
The Morning Show é exibida às quartas-feiras no Apple TV+.
