Quando começamos a acompanhar as aventuras de Oliver Queen (Stephen Amell), com as mortes dos algozes de Starling City, muitos fãs dos quadrinhos questionaram a atitude "heroica" do Arqueiro. Foi partindo dessa crise de identidade do personagem que a segunda temporada se propôs a cobrir a jornada de assassino a herói.
Nesta trajetória, vários elementos colaboraram para que Oliver Queen tomasse consciência de seu próximo estágio de evolução, a tal da jornada do herói já conhecida no mundo da cultura pop. Para isso, personagens como Felicity Smoak (Emily Bett Rickards), John Diggle (David Ramsey), Sara Lance (Caity Lotz), Laurel Lance (Katie Cassidy) e Roy Harper (Colton Haynes) foram utilizados estrategicamente. Vimos Sara surgir das cinzas como Canário Negro e trazer consigo a Liga dos Assassinos, inspirando Laurel Lance em sua trajetória de escuridão e iluminação - assim como Roy Harper, que se iniciou na vida de combate ao crime e, posteriormente, se tornou um dos integrantes do time.
Ao longo da temporada, a narrativa multifacetada solidificou a base de espectadores e mostrou que seus escritores pensam no longo prazo. Se em Smallville os fãs dos quadrinhos reclamavam das referências mal feitas, em Arrow estes mesmos fãs foram conquistados. Ao se alimentar das histórias mais célebres do Arqueiro Verde, o universo da série se tornou crível, sólido e envolvente. Prova disso é a chegada da Liga dos Assassinos, Ras'Al Ghul, Amanda Waller (Cynthia Addai-Robinson), A.R.G.U.S., Esquadrão Suicida, Sebastian Blood (Kevin Alejandro) e Exterminador (Jeffrey C. Robinson). Ao adaptar a sétima arte numa história completamente nova, sem desrespeitar sua fonte, a série encontrou a galinha dos ovos de ouro.
A trama principal foi bem conduzida ao longo de 23 episódios e as tramas secundárias se interligaram com coerência. Foi assim que Sebastian Blood apareceu com pouco sentido na trama e se tornou uma das peças de um plano maior. A introdução do Exterminador como o grande vilão deixou a história mais interessante, fazendo a ponte entre passado e presente tão característica da série. Como antagonista clássico do Arqueiro Verde, os planos de Slade Wilson (Manu Bennett) se mantiveram equilibrados entre ações catastróficas e o drama familiar amoroso já conhecido nas séries da CW.
Foram as viradas repentinas da narrativa, recurso bem utilizado pelos escritores da série, que garantiram os pontos altos da temporada quando tudo parecia caminhar para o caminho mais óbvio. A morte de Moira Queen (Susanna Thompson), o retorno de Malcolm Merlyn (John Barrowman), os planos de Isabel Rochev (Summer Glau) e o surgimento de um filho para Oliver Queen provocaram bons momentos de catarse televisiva.
A transformação de Queen em herói seguiu até o último episódio, mostrando equilíbrio de tramas, discurso coerente e reflexões dignas do Universo DC. As possibilidades para uma futura temporada, já garantida, ficaram abertas e embora tenha sido uma jornada positiva, o roteiro se perdeu em alguns momentos com erros bobos de continuidade. Vide as cenas em que Oliver está na ilha, durante os flashbacks, e transita entre um submarino e o navio de Slade sem nem mesmo parecer molhado. São detalhes que por mais simples e insignificantes que sejam, quebram a proposta de verossimilhança da narrativa.
Por fim, foi uma temporada que evoluiu em relação à anterior, apresentou novas tramas e possibilidades e abriu as portas para o Universo DC. A inclusão do Flash (Grant Gustin) e sua série própria mostram que ainda há muitas histórias e territórios a serem explorados. Arrow se consolidou ao não ter medo de arriscar e oferecer entretenimento de ótima qualidade.
Criado por: Greg Berlanti, Marc Guggenheim, Andrew Kreisberg
Duração: 8 temporadas