O último ano de Arrow segue preparando o telespectador para o crossover Crise nas Infinitas Terras, que será transmitido no final do ano. A série desvia um pouco do caminho, mas a trama envolvendo o evento do Arrowverse continua presente, mesmo que em segundo plano. Se o último capítulo, “Present Tense”, uniu as gerações 2019 e 2040 da Equipe Arrow, “Prochnost” foca nesses novos relacionamentos, especialmente no de Oliver (Stephen Amell) e Mia (Katherine McNamara), sem esquecer outros personagens secundários como Laurel (Katie Cassidy), John (David Ramsey) e Roy (Colton Haynes), que volta à série após sua confusa despedida no ano anterior.
[Spoilers de “Arrow – Prochnost” a seguir]
“Prochnost” tem uma premissa relativamente simples e conhecida em Arrow: a equipe precisa recuperar os dados de uma arma das mãos de vilões megalomaníacos e, por algum motivo, complicações obrigam o time a enfrentar seus inimigos na porrada antes de voltar para casa. Felizmente, a relação entre os personagens e a organização de mais um roteiro acertado na temporada impedem que o quinto episódio do último ano se torne repetitivo, apresentando uma boa atmosfera nostálgica.
Viajando para a Rússia em busca de planos para uma arma que possa derrotar o Monitor (LaMonica Garrett), Oliver, Laurel, Mia e William (Ben Lewis) se encontram com Anatoly (David Nykl), que inscreve o Arqueiro em um clube de lutas clandestino da Bratva. A boa química entre Nykl e Amell e a situação bizarra de conhecer as “crianças” de Oliver já com quase 30 anos dão um refresco à relação do protagonista com o russo, impedindo que o novo encontro da dupla – que já se enfrentou e se ajudou tantas vezes – passasse despercebida. O reencontro dos dois retoma o bom ritmo e o clima da quinta temporada da série, uma das melhores ao longa de sua transmissão cheia de altos e baixos.
O espaço dado a Mia e a Laurel também dá um bom fôlego para o episódio. Embora os embates entre “pai e filha cabeças-dura” estejam bem perto de se tornar cansativos, ver a herdeira do arco e flecha admirar Oliver – e sorrir um pouco – traz uma leveza bem-vinda ao clima apocalíptico instaurado nos últimos capítulos. Laurel também não fica para trás e o confronto interno da Canário sobre trair ou não seus amigos como ordenou Mar Novu está bem marcado na atuação de Cassidy, que nunca esteve tão boa em Arrow.
Ainda assim, o retorno de Roy, embora bem-vindo pela afeição ao personagem, quebra o bom ritmo de “Prochnost” com a mesma trama da “sede de sangue” que assombrava Arsenal na temporada passada. A constante cara de mágoa de Haynes também não ajuda na conexão com suas cenas, que só são salvas graças ao brilhantismo de Ramsey, que carrega a trama secundária do episódio nas costas do mesmo jeito que John precisa arrastar Roy para mais uma missão.
A ação deste último capítulo, por outro lado, está afiadíssima. Lideradas por Oliver e Mia, as lutas de “Prochnost” contam cada vez menos com apetrechos tecnológicos e mais com a inteligência e a habilidade dos heróis. A cena em que pai e filha enfrentam seis enormes capangas russos em uma gaiola definitivamente será uma das mais memoráveis deste último ano, se não da série como um todo. A direção de Laura Belsey transforma o episódio em uma divertida hora de televisão, alternando combates claustrofóbicos em ringues fechados com conversas sérias entre personagens carismáticos.
Benjamin Raab e Deric A. Hughes ajudam muito o trabalho dos atores, com mais um roteiro simples e objetivo, algo que tem sido padrão nessa primeira metade de temporada. A fusão das linhas temporais deixou Arrow menos confusa e o foco na trama geral não dá espaço para que os novos episódios se tornem cansativos antes da chegada da Crise.
Com metade da sua última temporada concluída, Arrow vai se despedindo com chave de ouro de seu público. Até aqui, o oitavo ano continua sua inevitável introdução ao crossover sem deixar de lado o desenvolvimento de seus personagens ou a história criada pela série desde 2012.