Divisiva entre os fãs, a versão televisiva do exorcista John Constantine, vivida por Matt Ryan, já passou por alguns fracassos ao ter seu programa solo cancelado pela NBC e também tornar-se um recurso esquecido da CW, tendo aparecido apenas em um capítulo de Arrow desde 2015. Com isso, Constantine agora se juntou aos outros desajustados do Arrowverse: Legends of Tomorrow, onde ganhou os holofotes do retorno da 3ª temporada.
A trama de "Daddy Dahrkest" acompanha o detetive sobrenatural recorrendo a Sara Lance (Caity Lotz) para entender um caso de possessão demoníaca, onde o nome da Canário Branco é citado pela entidade. Ter Constantine a bordo da Waverider cria uma dinâmica interessante com os demais personagens, ainda mais considerando que há possibilidade dele tornar-se recorrente no seriado, mas também ajuda a identificar a crise que Legends passa atualmente.
Só promessas
Em dez capítulos, a terceira temporada não estabeleceu nenhum objetivo e nenhum vilão para a equipe. O que está servindo como fio condutor é Damien Dahrk (Neal McDonough), antagonista tão utilizado em Arrow e Legends que já tornou-se repetitivo e cansativo, aparecendo nos momentos finais de cada capítulo apenas para lembrar que existe.
Ao mesmo tempo, todos os episódios batem na mesma tecla: Mallus, que é o verdadeiro perigo, está vindo e os viajantes precisam se preparar. O "super vilão" não deu sinal algum que deve ser temido e ainda assim a produção utiliza seu nome como se significasse mais do que uma promessa cada vez mais demorada para tornar-se realidade.
Falta de personalidade
Legends of Tomorrow pode ser o seriado mais desmerecido da DC na CW, mas também é o mais complicado de acertar. Se a trama é levada muito a sério, fica evidente que a história não é lá essas coisas. Se a comédia é colocada em primeiro plano, cria momentos vergonhosos. Quando acerta o balanço entre os dois elementos, a série brilha.
Os acertos estão cada vez mais raros. Após uma excelente segunda temporada, que mostrou do que o programa é capaz, o terceiro ano parece um procedural repetitivo, sem maiores avanços e sem personalidade alguma. A presença de Constantine deixa isso claro. Legends deixa sua mitologia própria - ainda que rasa - de lado e se dobra completamente ao convidado, como se a equipe da Waverider fizesse uma participação especial na cancelada série do personagem e não o contrário.
O programa pode ser melhor do que isso, como já mostrou no passado, mesmo que não seja tarefa fácil: é preciso investir nos acertos sem cair na zona de conforto. The Flash, por exemplo, retomou o bom humor que consagrou sua primeira temporada ao mesmo tempo que abriu mão da insistência de ter apenas velocistas como vilões. Supergirl cortou romances que não funcionavam e colocou a protagonista em perigo sem abrir mão do tom otimista que compõe a série.
Constantine pode funcionar em Legends of Tomorrow, mas a série precisa funcionar sozinha antes de receber visitas.
Legends of Tomorrow é transmitida no Brasil pelo canal pago Warner Channel. As duas temporadas anteriores também estão disponíveis no catálogo da Netflix.
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