É preciso reconhecer o esforço de roteiristas que trabalham em séries produzidas para a TV norte-americana. Afinal, criar mais de vinte episódios por ano não deve ser uma tarefa nada fácil, especialmente quando esse trabalho envolve propriedades queridas do público, como é o caso das produções do Arrowverse na CW. Infelizmente, essas temporadas longas criam um obstáculo para o envolvimento do público, já que, com frequência, as tramas parecem se repetir e alguns personagens dão passos para trás em seus desenvolvimentos, numa tentativa dos roteiristas de manterem a novidade.
“Love Is A Battlefield”, episódio mais recente de The Flash, é um exemplo perfeito de como a quantidade excessiva de capítulos pode ferir uma boa temporada, com uma incômoda sensação de déjà vu dominando toda a sua transmissão.
[Spoilers de “The Flash – Love Is A Battlefield” à frente]
Iniciando do mesmo ponto em que o capítulo da semana passada se encerrou, o novo episódio traz Iris (Candice Patton) de volta do ataque inesperado que sofreu no laboratório da McCulloch. Já segura em casa, a jornalista prepara um café da manhã de Dia dos Namorados (comemorado em 14 de fevereiro nos Estados Unidos) adiantado para Barry (Grant Gustin), que se surpreende ao perceber que a culinária da esposa melhorou de uma hora para a outra.
Os dois combinam então um jantar romântico num restaurante italiano tradicional de Central City e Barry é pego desprevenido mais uma vez quando Iris faz todo o pedido na língua europeia. Como sempre acontece na série, a alegria do casal dura pouco, já que Amunet Black (Katee Sackhoff) ressurge após dois anos para roubar um aparelho de um dos clientes do restaurante.
Se o começo do episódio já foi repetitivo – piadas sobre a culinária de Iris, vilã antiga, momento romântico interrompido -, o resto é um festival de clichês do que já foi visto ao longo desses seis anos de The Flash. Após mostrar um grande desenvolvimento e independência no décimo episódio, Iris retoma características que tanto irritam os fãs, reclamando de diversas situações e brigando com Barry por ele sempre querer estar por perto para salvá-la.
Mesmo que foque no casal principal, nenhum dos dois personagens têm um momento realmente memorável e a covardia de Barry em determinados momentos de “Love Is A Battlefield” mina o sentimento de empatia do público com o herói. Os vilões da semana, Amunet e Goldface (Damion Poitier), também surgem com pouquíssimo carisma e são derrotados de maneira previsível pelo Flash.
Entre as discussões irrelevantes de Barry e Iris, o discurso de autoajuda de Joe (Jesse L Martin) – que nesta semana pareceu mais genérico do que nunca – e uma desculpa esfarrapada para acender a rivalidade dos vilões, “Love Is A Battlefield” faz muito pouco certo. Mesmo quando acerta, como nas referências a Star Wars, Straight Outta Compton e à semelhança física entre Poitier com o comediante Chris Tucker, não compensa as derrapadas do resto do roteiro.
O capítulo até tenta entregar duas reviravoltas em seus segundos finais, mas, enquanto o principal deles é óbvio desde o fim do capítulo passado, o secundário, envolvendo Nash (Tom Cavanagh), é completamente sem sentido e jogado para preencher espaço no capítulo.
Cansativo, embolado e sem graça – e praticamente sem Flash -, “Love Is A Battlefield” é completamente dispensável e mostra certo desgaste nas tramas da série. O desperdício de tempo ao ver o episódio é ainda mais berrante ao comparar o novo capítulo ao da semana passada, que deu espaço digno para que outras personagens fossem desenvolvidas.
Mais uma vez, a longa temporada das séries da CW prejudica o ritmo e a qualidade de uma de suas principais séries. Resta ficar na torcida para que, nas próximas semanas, The Flash consiga recuperar o ritmo e entregar capítulos menos monótonos.
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