Grande introdução para o crossover do Arrowverse do ano, ao lado de Arrow, a sexta temporada de The Flash vem usando seus episódios para abordar temas como luto, mortalidade e responsabilidade. Apesar de seu tom naturalmente mais leve que outras produções da DC na CW, a série vem acertando a mão, dando o peso necessário que à trama que antecede Crise nas Infinitas Terras e a iminente morte de Barry (Grant Gustin).
[Spoilers de “The Flash – There Will Be Blood” a seguir]
Deixando um pouco o crossover de lado, “There Will Be Blood”, episódio transmitido nesta terça (29) nos Estados Unidos, continuou o bom trabalho da temporada com um capítulo atipicamente sombrio que finalmente mostrou a transformação definitiva de Ramsey (Sendhil Ramamurthy) em vilão. Depois dos experimentos mostrados na última semana, o médico e cientista ficou ainda mais obcecado em encontrar uma cura para sua doença terminal e passa a agir de maneira quase maníaca. O momento em que o personagem deixa de lado suas dúvidas e abraça o instinto assassino que acompanha essa obsessão é muito bem representada na atuação de Ramamurthy que, mesmo cercado de efeitos visuais ruins, dá personalidade ao vilão Hemoglobina, que vai de um homem desesperado a uma força quase inabalável em um piscar de olhos.
No núcleo da Equipe Flash, Cisco (Carlos Valdes) e Ralph (Hartley Sawayer) recebem de maneira amarga a notícia de que Barry deve morrer em Crise nas Infinitas Terras. Enquanto o cientista se revolta por não poder ajudar o amigo, o detetive particular se isola em seu escritório, descontando a tristeza em uma garrafa de vodka. Ver os dois principais responsáveis pelo alívio cômico da série perdidos no luto é uma boa novidade em The Flash. A série, que tem o costume às vezes incômodo de aliviar todos os seus momentos de tensão com piadas fora de hora, deixa o clima triste se instaurar de maneira natural, com as reações de Cisco e Ralph sendo completamente condizentes com seus respectivos desenvolvimentos até aqui.
Mesmo com o foco de “There Will Be Blood” ser na relação entre Barry e Cisco, é o diálogo final entre o herói e Joe (Jesse L Martin) que apresenta o ápice emocional do episódio. Já ciente da morte do filho adotivo, o policial expõe o medo e a tristeza de seguir em frente sem o velocista, que não terá a chance de ver seus filhos crescerem como o policial teve. Extremamente sólida, a cena apenas reforça a dinâmica de pai e filho entre os dois personagens e toda a emoção do momento é ressaltada pelas ótimas atuações de Martin e Gustin, que, após seis anos trabalhando juntos, desenvolveram uma química inigualável dentro do Arrowverse.
Nas cenas de ação, o sentimento de falha também cerca os heróis que, pela primeira vez desde a morte de Henry (John Wesley Shipp), pai de Barry, não conseguem salvar pessoas inocentes das mãos do vilão. Mesmo com pouco tempo de tela, Hemoglobina mostra ser um antagonista aterrorizante, especialmente pela cena sangrenta deixada após a batalha.
A tensão só é cortada com a aparição de Harrison “Nash” Wells (Tom Cavanagh), que surge mais para ajudar na trama de Barry e Cisco do que realmente se desenvolver como personagem. Pedindo ajuda da equipe para montar um equipamento de rastreamento, o viajante do multiverso é o catalisador da aventura da semana, que leva à grande discussão sobre heroísmo entre Flash e o cientista do STAR Labs.
Ao invés de gastar mais um episódio para introduzir Crise nas Infinitas Terras, The Flash usa o crossover como parte da própria trama, fazendo do peso de suas consequênciaso fio condutor da história de seus personagens. Mais tenso e sombrio do que o normal, “There Will Be Blood” não fica devendo em nada em relação aos outros capítulos da temporada. Com exceção dos efeitos especiais que caracterizam os poderes de Hemoglobina, a série segue o padrão extremamente sólido apresentado nas semanas anteriores.