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Atividade Paranormal 4 | Entrevistamos o consultor de fenômenos sobrenaturais do filme

Christopher Chacon é investigador do inexplicável há mais de 20 anos

17.10.2012, às 18H23.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H27

Entrevistamos o consultor de fenômenos paranormais Christopher Chacon, que trabalha em Hollywood ajudando séries como Atividade Paranormal na retratação realista de seus fenômenos. Seu trabalho principal, há 20 anos, é viajar o mundo registrando o inexplicável, seja ele encontros com alienígenas, monstros, fantasmas e outras ocorrências. Além do cinema, aproveitamos a oportunidade para conhecer um pouco mais dos casos do especialista e seu trabalho. John Constantine, Fox Mulder e Peter Venkman ficariam com inveja...

Atividade paranormal 4

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Atividade Paranormal 4

Exorcista

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O Exorcista

Contatos Imediatos do Terceiro Grau

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Contatos Imediatos do Terceiro Grau

Atividade paranormal 4

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Poltergeist

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Poltergeist

Você trabalha há mais de duas décadas com o sobrenatural e o inexplicável. Como você se sente hoje em relação ao que encontra em comparação a quando começou?

Eu comecei meio cético. Inicialmente meu trabalho era ao lado de um parapsicólogo em uma universidade e eu atuava aproveitando meu conhecimento de mágica e ilusionismo para desbaratar os casos que eram fabricados. Era fácil identificar isso com o que eu conhecia do ramo, mas aos poucos isso foi mudando. Depois ingressei em um núcleo de pesquisas sobre anomalias e fui treinado em técnicas científicas de investigação de fenômenos inexplicáveis. Nós acreditamos que a única maneira de acessar esse tipo de fenômeno é não ter sistema de crenças, então hoje não sou cético, mas também não posso ser um crédulo. Devo ser neutro. No momento que você entra em um caso em um extremo ou outro você altera o que está vendo. É o efeito do observador, que altera a natureza do fenômeno. Então acessamos os fenômenos através de tecnologia e controle - de exorcismos a abduções alienígenas, passando por fenômenos psíquicos, assombrações, bruxaria, o oculto, criaturas... Dito isso, porém, e depois de 20 anos atuando na área, tenho que dizer que acredito no metafísico. Todas as culturas do mundo têm explicações metafísicas para certos fenômenos. Quando não consigo resolvê-los através da ciência, então é a esse tipo de conhecimento que recorro quando nada mais funciona. Meu objetivo, afinal, é ajudar as pessoas.

Você tem medo do que você investiga? Já sentiu que sua vida estava em perigo ou coisa assim?

Há um fator de risco no meu trabalho, sim. Já quebrei meu nariz duas vezes, tive meu cabelo queimado três vezes, fui asfixiado quatro ou cinco vezes, já quebrei uma costela... há, portanto, circunstâncias voláteis quando o assunto é fenômenos paranormais. Não tenho medo dos fenômenos, mas obviamente tomo sustos como qualquer pessoa. Mas sinto muito pelas pessoas que estou ajudando quando elas estão em sofrimento. Isso é exastivo e desesperador. Semana passada mesmo uma vítima de possessão conseguiu romper suas amarras durante um exorcismo e arrancar um de seus olhos e a seguir começou a tentar arrancar outros pedaços do corpo pois o demônio - por falta de uma palavra melhor - estava tentando sair. Esses são os aspectos mais perturbadores e que me assustam do meu trabalho.

Me disseram uma vez que você precisa de autorização para adentrar o mundo espiritual. Você tem algum tipo de autorização? E como você imagina que esse mundo o vê? Como um amigo ou como um, sei lá, paparazzo?

Ótima pergunta. Mas é o seguinte. Muita gente acredita, sim, nessa necessidade de autorização. Mas isso varia de acordo com o sistema de crenças em que você está trabalhando. Existem cerca de 137 ramificações distintas de crenças comumente encontradas. Em algumas delas você precisa de autorização. Em outras, é justamente o contrário. O pior que você pode fazer é pedir autorização. Você precisa estar invisível. Então tudo depende do que você está enfrentando. Às vezes atuo com o livro de regras de uma ou outra crença, seguindo seus procedimentos. Mas não existe uma só "fórmula" de invocação ou coisa assim que funcione universalmente.

Para te dar um exemplo, aí no Brasil tive um caso de uma manifestação que não estava em uma pessoa, mas em um edifício, e padre algum conseguia eliminar esse problema com os rituais católicos-romanos. Depois de dias, eles não tinham conseguido nada. E a razão era curiosa. Descobrimos depois que o que quer que fosse, era muito milhares de anos mais antigo que a Igreja Católica. Ou mesmo que o judaísmo! Então trouxemos alguns textos do zoroastrismo, com outro idioma e tudo, que funcionaram. Ou pelo menos essa é nossa teoria.

Qual seu objetivo com esse trabalho?

Ajudar as pessoas. Eu investigo fenômenos paranormais para acabar com traumas e sofrimento. Viajo ao redor do mundo para ter certeza de que as pessoas estejam a salvo do que quer que esteja as atormentando. Esse é o objetivo principal. Mas, obviamente, faço isso também para entender os fenômenos, registrá-los e resolver os casos através dos meios que tenho à disposição. Então a ordem é a seguinte: ajudar as pessoas, normalizar suas vidas e lidar com o fenômeno separadamente. Por exemplo, neste momento estou conversando com você de uma residência em que uma família foi expulsa de casa há dois dias por uma ocorrência paranormal. Antes que eles tomem alguma atitude drástica, vim aqui investigar o que está acontecendo e descobrir o que está aqui. As pessoas já estão em segurança. Não estão mais no local e posso trabalhar tranquilamente na compreensão do que está acontecendo, ajudando-os e ao mesmo tempo pesquisando.

Ouvindo você falar sobre seus métodos e trabalho, é impossível não lembrar de vários filmes de Hollywood sobre o assunto. Você poderia citar seus favoritos, os que trabalham os mesmos temas que você investiga de maneira realista?

Claro! Há três filmes que eu gosto muito, tanto pelo realismo como trataram os temas propostos como pela qualidade, pois são ótimo cinema e clássicos bem fundamentados no que tange a ocorrência de fenômenos inexplicáveis, O primeiro é O Exorcista. Eu já presenciei centenas de exorcismos, de dezenas de sistemas de crenças distintos ao redor do globo, e este filme segue exatamente os procedimentos e ocorrências de um exorcismo de verdade. Primeiro descartam-se as explicações racionais, depois estabelece-se um critério para o procedimento e realiza-se o exorcismo em si. E os casos mais extremos são exatamente daquela maneira, com toda a violência moral e física mostrada ali. Pessoas morrem em exorcismos. A execução de O Exorcista é extremamente realista dentro da estrutura desses procedimentos. É um clássico. Há também Poltergeist - O Fenômeno, que é um grande filme pela abordagem investigativa. O time de cientistas da universidade chega para investigar e entender o que é aquele fenômeno. Os procedimentos deles são muito semelhantes ao que acontece na realidade. Sou um fã de Poltergeist por esse aspecto.

Eu também já investiguei centenas de contatos imediatos com alienígenas e OVNIs e Contatos Imediatos do Terceiro Grau é um exemplo brilhante de como as pessoas lidam com essas situações, com as mudanças em suas vidas, e como elas são afetadas por esses encontros. E, claro, temos o Atividade Paranormal. A série é baseada diretamente no tipo de caso mais comum que eu recebo, quase que diariamente. O que você vê no filme é o que encontramos nas vidas de famílias diversas que nos procuram em busca de ajuda. É muito parecido em todos os níveis. Mas, obviamente, é uma colagem de fenômenos diversos. O que temos no cinema é uma reunião de acontecimentos, todos jogados juntos na tela a fim de criar uma história, de maximizar o entretenimento, para ampliar a emoção. De qualquer maneira, é um retrato realista do que pessoais normais estão passando no mundo inteiro nesse exato momento.

Qual foi seu caso mais bizarro?

Acho que você pode imaginar que meu grau de tolerância para o bizarro é altíssimo, ahahaha. No meu campo de atuação já vi coisas bem mais bizarras do que a maioria das pessoas encontrará durante suas vidas inteiras. Mas algumas vezes até eu fico chocado com as coisas que encontro. Um caso especificamente eu classifico como um dos mais bizarros que já vi. Duas pessoas foram enterradas depois de um acidente terrível de carro. Na manhã seguinte, quando alguns membros da família foram levar mais velas e flores, descobriram que ambos os corpos haviam desaparecido. A polícia foi chamada - e depois a polícia científica - e todas as evidências indicam que eles não foram roubados, mas cavaram seu caminho de dentro para fora. Primeiro acharam que era um caso de ladrões de túmulos, mas horas depois começaram a aparecer relatos de pessoas que viram o casal caminhando junto, pela floresta próxima, acompanhado de um cheiro terrível de decomposição. A polícia abriu então um chamado para localizar os "fugitivos" e quando eles finalmente iniciaram as buscas, encontraram os dois, ainda juntos, cerca de quatro quilômetros de distância do lugar em que foram enterrados. Novamente, a polícia científica investigou as trilhas pelas quais eles seguiram e não encontraram uma pista sequer de que eles tenham sido carregados até ali. As únicas pegadas eram mesmo as dessas duas pessoas. E não há maneira alguma de eles não estarem mortos quando foram enterrados. Eles passaram pela necropsia e tudo. Ninguém explica como eles saíram do ponto A e foram ao ponto B e minha própria investigação foi inconclusiva. Esse é um entre vários casos para os quais não tenho resposta. Na verdade, não tenho respostas para a maioria dos casos de exorcismo ou assombração. É tudo extraordinário e perturbador. Outros exemplos são uma criatura alada que atacou uma pessoa, que desapareceu, e uma abdução de uma criança, algo que deixou os pais traumatizados.

E o mais engraçado? Ou totalmente falso.

Já faz bastante tempo que eu não pego um caso descaradamente falso por um motivo simples. Eu não cobro para investigar. Nada. Mas minhas despesas precisam ser pagas. Então antes de alguém me levar ao redor do planeta para investigar algo precisamos descartar todas as possibilidades óbvias. Há uma série de perguntas que eu faço por telefone mesmo para tentar resolver o caso à distância. Para que eu investigue presencialmente, preciso descartar problemas psicológicos, fisiológicos ou ambientais/estruturais, por exemplo. Não subo em um avião sem ter certeza disso. Se a explicação não é racional, estarei lá, o que acontece em cerca de 20% dos casos. Mas há algumas raras vezes que o caso é real e que conseguimos resolvê-lo por telefone. Para te dar um exemplo, recentemente me ligaram com um problema de poltergeist. Como ninguém estava exatamente em perigo, não havia pressa - e tentamos a seguinte abordagem: todos os dias uma mulher encontrava sua casa toda bagunçada, com objetos voando pela sala. Uma das técnicas mais comuns é tentar controlar o ambiente através da vontade. Pedi a ela que expressasse seu descontentamento com o que estava acontecendo, gritasse com o poltergeist como se ele fosse uma criança. Ela mandou a ele que fizesse algo construtivo ao invés de quebrar coisas e fazer barulho. Hoje, todos os dias ela acorda e sua casa está completamente livre de poeira. Quase como se o pó tivesse sido desintegrado! Depois fui até lá e pude presenciar isso. É extraordinário!

Atividade Paranormal 4 chega ao Brasil em 19 de outubro.

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