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À Beira do Abismo | Crítica

Filme-de-assalto promete uma gravidade que os filmes feitos para todos os públicos dificilmente cumprem

02.02.2012, às 20H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H33

Hoje Hollywood é obcecada pelo que chama de quatro quadrantes: fazer filmes que sejam capazes de atingir, ao mesmo tempo, adolescentes, adultos, homens e mulheres. O thriller policial À Beira do Abismo (Man on a Ledge) é um bom exemplo dos potenciais Frankensteins que nascem dessa obsessão.

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Ator caro à receita dos quatro quadrantes desde que levou todo o planeta pra ver Avatar, Sam Worthington vive Nick Cassidy, um policial condenado por - diz ele - um crime que não cometeu. Quando seu pai morre, Nick ganha uma licença da penitenciária para ir ao funeral, e consegue fugir. Ele então se hospeda no Hotel Roosevelt em Manhattan e ameaça se jogar de lá de cima, já que não tem mais nada a perder.

Os próprios trailers entregam que essa premissa esconde uma reviravolta, que deixa À Beira do Abismo mais parecido com um filme-de-assalto. A guinada já sugere um apelo demográfico maior, mas a distribuição de personagens coadjuvantes é o que demarca, realmente, a busca por públicos distintos, com Elizabeth Banks, Jamie Bell e Génesis Rodríguez interpretando tipos que podem agradar desde o adolescente onanista (Rodríguez assumindo plenamente o estereótipo da latina de sangue quente) até a balzaquiana convicta (com Banks, atriz sempre associada a comédias, gerando tensões sexuais não só com Worthington mas também com Edward Burns).

Indignado com os capitalistas especuladores de Nova York? O filme os critica. Orgulhoso das instituições da cidade, como o departamento de polícia ou a comunidade irlandesa? O filme os enaltece. Há um pouco pra todo tipo de demanda - e isso significa, na maioria dos casos, que não compromete-se de verdade com nenhum ponto de vista. Para À Beira do Abismo, um filme que ganharia mais com meia-dúzia de personagens a menos, vale a máxima: quem quer agradar todo mundo não agrada ninguém.

Isso não seria o maior dos desastres; toda semana Hollywood desova filmes que não se comprometem com nada. O maior problema de À Beira do Abismo é que o roteiro de Pablo F. Fenjves prometia partir de um comprometimento, uma gravidade (o ex-policial que perdeu tudo) e ao longo do filme percebemos a falsidade dessa premissa. É possível que você se sinta enganado ao fim da sessão não porque assistiu a uma trapaça (é disso que os filmes-de-assalto são feitos, afinal), mas porque À Beira do Abismo parecia ter um peso dramático que no fim não tem.

Justiça seja feita, o título original é muito honesto nesse sentido: man on a ledge, "homem em um peitoril". É um título que não carrega dramaticidade nenhuma, só passa um cenário e uma situação. Já o nome em português é escandalizado e hiperbólico como a maioria das traduções de título por aqui - que aliás também são pensadas para soar o mais genérico possível, sempre.

Nota do Crítico
Regular
À Beira do Abismo
Man on a Ledge
À Beira do Abismo
Man on a Ledge

Ano: 2010

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 102 min

Onde assistir:
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