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Capitão América volta mais político em nova fase

Depois de reformular o Pantera Negra, Ta-Nehisi Coates se responsabiliza por refundar o bandeiroso

13.07.2018, às 14H35.
Atualizada em 13.07.2018, ÀS 18H17

Ao final de Secret Empire, a história do Capitão América foi completamente revista, embora a saga tenha anulado no fim as principais mudanças que envolveram o herói na minissérie. Mark Waid e Chris Samnee assumiram em seguida a série Captain America num arco breve que visava homenagear o personagem de forma nostálgica, para restabelecer o mito. As consequências de Secret Empire, porém, ficaram no ar.

Reprodução

Agora a Marvel Comics começa a publicar, do zero, a nova fase da HQ, com o roteirista Ta-Nehisi Coates à frente dos roteiros. Romancista e articulista americano, Coates estreou nos quadrinhos de forma elogiada com a série do Pantera Negra, e sua fase à frente do título é uma das principais influências do filme lançado no começo de 2018. Coates rapidamente ganhou prestígio na editora com seu texto palavroso e de forte conotação política, e automaticamente se tornou um nome forte para refundar o Capitão - agora lidando diretamente com os efeitos de Secret Empire.

A primeira edição já saiu nos EUA, e raramente se vê nos quadrinhos de super-herói hoje uma mudança de chave tão intensa quanto essa transição entre a fase Waid e a fase Coates. A exemplo do Superman de J. Michael Straczynski, viajando pelos EUA para reencontrar seu propósito, o Capitão de Waid era uma celebração do mito. Já a ressignificação para Coates vai no sentido oposto, de recusar qualquer nostalgia - inclusive na cena em que Capitão combate ladrões comuns no Brooklyn, essa "volta ao básico" é entendida como um retrocesso, um despertencimento.

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Coates já começa a direcionar sua HQ para o gênero da conspiração política, uma escolha compreensível e talvez até esperada, nestes tempos atuais de incertezas de representação pública e de descrença na política. O governo faz seu papel - ser dissimulado, manipulativo - e esconde coisas de Steve Rogers, que volta a patrulhar as ruas enquanto enfrenta a crise de ter sua imagem pública desconstruída. A primeira edição é bem literal ao lidar com guerras que não simplesmente acabam, e que deixam um vácuo de poder e status quo que é reocupado pelos oportunistas de sempre.

Além da ruptura de enfoque, é uma transição também de estilo. Enquanto Mark Waid sabe usar o traço do desenhista Chris Samnee para criar narrativas mais cinemáticas de ação, Coates está trazendo para Captain America o mesmo jeito de narrar que vimos em Black Panther: a ação acontece mais como ilustração ou respiro numa narrativa em que as principais cenas são as disputas verbais entre personagens, frequentemente na intimidade, onde eles estão mais vulneráveis. Das dinâmicas de personagens à própria discussão do que representa o Capitão ("um homem fiel a nada a não ser o sonho"), tudo na HQ transpira problematização política.

Com a bandeira dos EUA em primeiro plano, seja no escudo de vibranium, nos pórticos e prédios públicos ou nos rostos dos vilões da vez, Captain America promete se aprofundar nessa terapia coletiva americana. Ao mesmo tempo, a julgar pela edição #1, desenha-se como um arco tradicional de reconquista de confiança, do herói como um pária recomeçando do zero, mas contado com o jeito de recordatórios e frases bem formuladas que já viraram uma marca de Coates.

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