The Dark Knight Returns: The Golden Child, a comentada nova HQ do Batman que reúne Frank Miller e o brasileiro Rafael Grampá, começou na CCXP. Especificamente na edição de 2015, quando Miller e Grampá se conheceram e um declarou admiração pelo trabalho do outro.
Foi uma das histórias que eles contaram durante o painel sobre The Golden Child, que ainda contou com os produtores Justin Townsend e Silenn Thomas – que organizaram o trabalho de Miller, Grampá e a DC Comics. A apresentação aconteceu diante do Auditório Cinemark XD lotado, no domingo da CCXP 2019. “A conversa começou na CCXP, a gente se conheceu num jantar”, disse Grampá. “Aí eu fui a Nova York para outras coisas, o Frank me convidou para ir no estúdio e a Silenn que sugeriu a gente fazer alguma coisa juntos.”
Assim como Grampá trata Miller como sensei e Miller vê uma energia nova no trabalho de Grampá, o terceiro volume de Cavaleiro das Trevas tratou do envelhecimento da velha guarda e do surgimento de uma nova geração de heróis. Os dois trabalharam com esse conceito em The Golden Child. “Teve vários personagens novos em Cavaleiro das Trevas III”, disse Miller. “O mais empolgante foi a chegada do Jonathan Kent, o mais novo e o mais poderoso. É ele que faz o jogo virar, ele que muda tudo na trama.”
Embora a personagem principal de Golden Child seja Carrie Kelley – que estreou como Robin na primeira Cavaleiro das Trevas e evoluiu até virar uma Batwoman –, Jonathan Kent e Lara Kent, os filhos de Superman e Mulher-Maravilha, têm papel importante na nova história. “The Golden Child é bem vinculada à nova geração”, disse Grampá. “São os jovens enfrentando os velhos”.
Grampá disse que ficou com um pouco de receio de mostrar seu redesign dos personagens a Miller. Seu Jonathan tem um corte de cabelo ousado, Lara ganhou uma jaqueta e usa símbolos de amazona e kryptoniana (e é inspirada na namorada de Grampá, a atriz Catarina Garcia) e Carrie tem um uniforme novo, diferenciando-se do homem-morcego sobretudo por ter duas capas.
“Quando eu vi os desenhos que Rafael fez do Jonathan, eu aprendi mais sobre o personagem”, disse Miller. “Esse moleque nunca tocou no chão. O Superman foi aprendendo a usar os poderes aos poucos. Jonathan sempre soube que pode fazer praticamente tudo. Ele é uma entidade cósmica, uma coisa que a gente nunca viu”. “Basicamente o personagem mais poderoso que já se viu no Universo DC”, Grampá complementou.
Várias páginas de Golden Child foram mostradas no telão – inclusive algumas que Grampá, na hora, pediu para não mostrar. O quadrinho sai oficialmente no dia 11 nos EUA, e tanto ele como Miller, Townsend e Thomas estão tentam fazer segredo quanto às surpresas da trama.
A discussão passou para Hong Kong e sobre como imagens de divulgação da HQ foram usadas por manifestantes anti-China no país. “As pessoas estão carentes de símbolos e a gente, por acaso, entrou no zeitgeist”, diz Grampá. “Eles já estão numa causa perdida se tem medo de um desenho que apareceu num gibi”, Miller comentou quanto à polêmica.
Grampá terminou com uma história inusitada: “Meu primeiro contato com Cavaleiro das Trevas foi porque roubei o gibi de um amigo, chamado Kiko. Kiko, obrigado. Vou te devolver esse gibi, autografado pelo Frank Miller.”
Além do painel com Miller e Grampá, o grande destaque do domingo (8) na CCXP19 foi Mulher-Maravilha 1984, com a divulgação do primeiro trailer do longa e cenas inéditas no painel da Warner.