Fernando Meirelles foi o homenageado da abertura da CCXP22 na tarde de hoje (1º), no Palco Thunder by Cinemark Club, e revelou os motivos pelos quais topou produzir uma série derivada de Cidade de Deus, ambientada 20 anos depois do filme original.
Definindo a série como uma “atualização” do longa-metragem, ele refletiu: “Sempre me incomodou que, no filme, só falávamos das deficiências das comunidades. Dessa vez, vai ser sobre a potência dessas comunidades”.
O cineasta ainda comentou que, desde o lançamento de Cidade de Deus, a indústria cinematográfica brasileira cresceu e se diversificou: “Na época que fizemos o filme, não tínhamos um elenco e uma equipe negra qualificada. Nesse sentido demos um grande salto no Brasil, hoje temos uma riqueza de talentos negros que vão contar essa história”.
Um homem modesto...
Meirelles se mostrou tímido no começo do painel, mais dedicado a uma reflexão sobre sua carreira. Logo na entrada, protestou com bom humor contra o rótulo de “gênio”, dado a ele pelos apresentadores Marcelo Forlani e Maria Bopp: “Gênio exagerou, começamos mal! Eu não aceitei ser homenageado em edições anteriores da CCXP porque me acho um pouco supervalorizado”.
“Isso não sou eu fazendo tipo, não… O que eu sei fazer bem, eu acho, é ser curador de gente, achar pessoas talentosas. Sou como o Tite”, brincou ainda, se referindo ao técnico da seleção brasileira masculina de futebol. “Eu monto um timaço e pergunto para os jogadores como fazer o que eu quero fazer”.
No decorrer da conversa, no entanto, Meirelles se abriu sobre o passado e o futuro de sua carreira, dizendo que os temas que o mobilizam para escolher projetos são injustiça e desigualdade (“Sempre me pareceu insuportável que algumas pessoas sejam mais iguais do que outras”) e, atualmente, a crise climática que ameaça o planeta.
“Vocês que são jovens, quero dar uma notícia não muito boa: Vocês estão f*didos, o futuro de vocês é péssimo. Daqui a 20, 30 anos, o mundo vai estar muito ruim, totalmente desorganizado. Essa coisa da crise climática não é brincadeira”, comentou.
O tom mais sóbrio continuou quando o assunto foi o legado dos seus filmes, de Cidade de Deus a Dois Papas, passando por O Jardineiro Fiel e Ensaio Sobre a Cegueira. “É uma bobagem pensar que a gente está deixando algo para a posteridade, a vida é aqui e agora. Eu vou morrer e um pouco depois ser esquecido - talvez meus filmes sejam lembrados por 30, 100 anos depois de mim, mas vai acabar. Essa civilização vai acabar”.
... Mas cheio de projetos
Isso não significa que Meirelles não olhe para o futuro. Um de seus próximos projetos é Sugar, série do Apple TV+ que se concentra na história de um detetive vivido por Colin Farrell. Embora admita que este não foi um “projeto passional”, o cineasta diz que aceitou o trabalho porque “ama estar no set e fazer o seu trabalho”.
Além disso, a colaboração com Farrell foi especialmente marcante: “Eu nunca tive uma parceria tão boa, tão forte, tão envolvida quanto com o Colin. Ele é um cara de uma doçura incrível, não tem nada a ver com quem achei que ele seria, tendo em vista que passou o rodo em Hollywood, namorou todo mundo. Achei que seria um cara confuso, estrela, mas nada disso. Era amigo de todo mundo na equipe, bom pai, ator excepcional”.
Outra ideia, revelada quando Meirelles foi perguntado sobre a possibilidade de trabalhar com o Marvel Studios, é adaptar a história em quadrinhos Cidadão Incomum, que traz os super-heróis para a realidade brasileira. “É um dos projetos que mais quero tirar da frente, mas as plataformas estão demorando para aprovar”, alfinetou.
Ao final da conversa, o cineasta resumiu: “Não sou um cara de retrovisor, sou de farol. Não revejo meus filmes nunca, mesmo Cidade de Deus. A última vez que assisti foi em 2003 ou 2004, e eu já estava de saco cheio, de tantas vezes que vi naqueles anos em eventos e festivais. Talvez agora, nos 20 anos do filme, seja a hora de revisitar”.
A CCXP22 acontece de 1 a 4 de dezembro e os ingressos podem ser adquiridos no site Mundo Ticket.
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Nomes que confirmados para a CCXP22 incluem os atores Keanu Reeves, Zoë Saldana, Pedro Pascal, Paul Rudd, Evangeline Lilly, Jonathan Majors, Jenna Ortega, Gwendoline Christie, Noah Centineo, Kirby Howell-Baptiste e Bella Ramsey, o elenco do Porta dos Fundos, os cineastas Dave Filoni e Jon Favreau, os produtores Kevin Feige e Jon Landau, o streamer Gaulês, os quadrinistas Jim Starlin, Mark Waid, Aimée de Jongh, Fabien Toulmé, Marcello Quintanilha, Jim Cheung e muitos outros.
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