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A Maldição da Flor Dourada

E Zhang Yimou leva o Estandarte de Ouro mais uma vez

21.09.2007, às 12H00.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 18H03

Não tem quarta-feira de cinzas na Acadêmicos de Xi'an. Depois dos épicos para turistas Herói e Clã das Adagas Voadoras, o cineasta chinês Zhang Yimou troca o samba e reaproveita os adereços em A Maldição da Flor Dourada (Man cheng jin dai huang jin jia, 2006). Até vir o próximo, é o filme mais caro já produzido na China.

Em tradução literal, o título quer dizer "a cidade coberta com armaduras douradas". A trama, inspirada na peça Thunderstorm, de Cao Yu (1910-1996), é ambientada durante a Dinastia Tang (618-907), das mais opulentas da China milenar, mas também das mais trágicas. Gong Li e Chow Yun-Fat interpretam a Imperatriz Fênix e o Imperador Ping - ele casou-se por interesse e quer matá-la, ela está apaixonada pelo filho do primeiro casamento do imperador e também não o suporta.

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O drama ganha contornos de guerra intra-muros no palácio real quando os dois filhos que Fênix deu a Ping também se colocam no meio da disputa. É a deixa para que Yimou faça o que gosta - cenas de ação que se encerram em si mesmas. Quando um filme se vende na imprensa dizendo que dispensou o CGI e colocou 10 mil pessoas para fazer figuração na batalha campal, desconfie. É sinal de muita alegoria e pouco enredo de fato.

Gong Li e Yun-Fat interpretam com a cerimônia de sempre, tentando se mover dentro da fantasia, como bom Mestre-Sala e Porta-Bandeira. O diretor hiperdramatiza as tomadas mais banais. Não há sobriedade de folião que resista a tanta tomada de grua, wire-fu, diálogo empostado e música fatalista. Justiça seja feita, em Herói e Clã das Adagas Voadoras não era muito diferente. Se você sambou com Yimou uma vez, portanto, pode sambar duas ou três.

No fim, quando a ala dos ninjas enfim faz o seu recuo, o diretor surpreende, dando à apoteose um insuspeito tom de moralidade e comentário político. Duro é saber se o espectador, com a boca cheia de confete, ficou pra assistir.

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