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Boa Noite e Boa Sorte | Crítica

Boa noite e boa sorte

02.02.2006, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H19

Boa noite e boa sorte
Good night, and good luck
EUA, 2005
Drama - 93 min

Direção: George Clooney
Roteiro: George Clooney, Grant Heslov

Elenco: David Strathairn, Robert Downey Jr., Patricia Clarkson, Ray Wise, Frank Langella, Jeff Daniels,
George Clooney, Tate Donovan, Thomas McCarthy, Matt Ross

Não há como não tirar o chapéu para George Clooney. Ator egresso da televisão - onde ganhou fama ao viver o médico bonitão da série E.R. -, planejou sua carreira como poucos e, ao lado do cineasta Steven Soderbergh, fundou a produtora Section Eight, que tem um currículo invejável de boas produções - sejam elas blockbusters ou obras autorais.

O segundo filme de Clooney como diretor - o primeiro foi o bacana, mas um tanto pretensioso Confissões de uma mente perigosa - tem arrancado elogios e indicações para os principais prêmios da indústria. Merecidos, vale dizer. Boa noite e boa sorte (Good night, and Good Luck, 2005) é uma produção ousada, que passa ao largo - e com enorme louvor - de todos os aspectos dito "comerciais" da Hollywood moderna. A começar pela opção estética do preto e branco, para a qual a maioria das pessoas torce o nariz.

A história nos situa nos anos 1950, quando o senador Joseph McCarthy (imagens de arquivo no filme) empenhou-se numa caça às bruxas buscando supostos comunistas no seio da nação. É por esse cenário de insegurança que o filme passeia, mostrando o âncora de TV Edward R. Morrow (David Strathairn), o produtor Fred Friendly (o próprio Clooney) e sua equipe de repórteres desafiando o governo em sua luta para apresentar os dois lados da nebulosa questão. Em seu programa, Morrow - que usa o bordão "Boa noite e boa sorte" como frase de encerramento - revela o jogo sujo de McCarthy e torna-se alvo do senador, iniciando um acalorado debate pela liberdade de expressão e conseqüente queda de McCarthy.

Da escolha de seus protagonistas aos enquadramentos e à fotografia estonteante de Robert Elswit (Embriagado de amor), Clooney obtém enorme sucesso em fazer sua fita exalar integridade. Strathairn se entrega de tal forma ao seu personagem que a luta e a idoneidade dele ganham um ar sexy. Claro que a fumacinha do cigarro subindo em todas as cenas e sendo cruzada pelas luzes do estúdio também ajudam nessa construção... e muito. É o glamour do film noir vivo e muito bem empregado com mãos firmes.

Mas não se apresse em pensar que toda essa construção artística existe para ocultar falhas no roteiro ou algo assim. Boa noite e boa sorte é excepcional também nesse aspecto. Com extrema segurança, sem recorrer jamais à saída fácil da explicação didática, os diálogos são disparados com tanta velocidade e veemência que parecem extrapolar o filme, não cabendo nele.

E se o falatório já era relevante em 1950, parece ainda mais importante hoje, tempos em que a integridade na mídia e na política rareia a cada eleição, a cada renovação editorial. Clooney tem plena consciência disso e a mensagem está lá pra quem quiser - ou puder - pegar. Sai o macartismo, entra o Bush do Patriot Act, a Fox News... Tudo implícito, mas o cutucão é incisivo. Talvez com isso - e alavancado pelas indicações ao popular Oscar - o filme até consiga abrir alguns olhos... quem sabe? Boa noite e boa sorte para todos nós.

Nota do Crítico
Excelente!
Boa Noite e Boa Sorte
Good Night, and Good Luck
Boa Noite e Boa Sorte
Good Night, and Good Luck

Ano: 2005

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 93 min

Direção: George Clooney

Roteiro: Grant Heslov, George Clooney

Elenco: Jeff Daniels, David Strathairn, Alex Borstein, Rose Abdoo, Dianne Reeves, Tate Donovan, Reed Diamond, Matt Ross, Patricia Clarkson, Robert Downey Jr., George Clooney, Thomas McCarthy, Glenn Morshower, Don Creech, Grant Heslov, Robert John Burke, Ray Wise, Robert Knepper, Helen Slayton-Hughes, Frank Langella, Peter Jacobson

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