Casseta & Planeta - Seus Problemas Acabaram | Crítica

Em 2003, quando o grupo cômico Casseta & Planeta lançou seu primeiro filme, A taça do mundo é nossa, muitos fãs (nós inclusive) reclamaram que o longa não aproveitava as criações famosas das noites de terça na televisão. Pois a segunda tentativa dos Cassetas na telona - roteirizada por eles e dirigida por José Lavigne (diretor também do programa) - resolve justamente isso.

No centro da trama está o maior hit da telessérie global: as Organizações Tabajara. A fabricante dos criativos e estapafúrdios produtos está sendo processada pelo consumidor pobretão Lindauro das Dores (Bussunda) que alega ter sido gravemente prejudicado por uma fragância que deveria conquistar mulheres... mas que acaba atraindo também animais tarados diversos. Ao lado da vítima está o Dr. Botelho Pinto (Murilo Benício, caricato como sempre), um advogado idealista, e sua curvilínea assistente, a striper Priscilinha Tsunami (Maria Paula, seminua como de costume). Juntos eles enfrentarão a poderosa corporação no julgamento do século, numa sátira aos filmes de tribunal.

Beto Silva, Claudio Manoel, Helio de la Peña, Hubert, Marcelo Madureira, Reinaldo e Bussunda (em seu último trabalho) revezam-se com habilidade por vários papéis, incluindo personagens conhecidos da TV, como o folclórico Seu Creysson (agora com équio...), a dupla de policiais ianques Fucker & Sucker e a apresentadora Chicória Maria, entre outros.

O septeto dispara piadas por segundo e algumas até conseguem arrancar umas boas gargalhadas. A maioria, porém, tem aquela desagradável infâmia característica da televisão, sem falar nas explicações posteriores. Contar uma piada mediana é uma coisa... explicá-la depois é outra bem pior - e a comédia insiste nesse broxante e injustificável recurso. São basicamente as mesmas gags e piadas velhas (alguém realmente tem paciência para ouvir a piada do Mário outra vez na vida?) do programa, mas sem a melhor parte dele - a sátira política contemporânea.

Melhor sorte tem o visual da produção. A computação gráfica mambembe das externas funciona muito bem, uma boa paródia visual das superproduções da atualidade (sem falar na divertida recriação satírica de Cidade de Deus). Mas claro que, obviamente, ninguém vai a um filme do Casseta & Planeta procurando esse tipo de entretenimento... mesmo assim, o humor óbvio da comédia deve agradar os fãs do programa e dos besteiróis em geral.