Como foi o Avatar Day

Sexta-feira, 21 de agosto de 2009. Depois de gravar mais um episódio do OmeleTV (o que você verá só no fim dessa semana), Érico Borgo, Marcelo Forlani e Marcelo Hessel saem da Egg Tower em direção ao IMAX paulistano. O motivo? Ver os 15 minutos que James Cameron tinha preparado para o Avatar Day, evento criado para as primeiras exibições públicas de trechos de seu novo filme - antes disso, ele só havia sido exibido em eventos fechados para exibidores e na Comic-Con.

Cortando a enrolação, vamos direto ao que vimos por lá:

O vídeo começa com o próprio James Cameron, em 3D e legendado (sim, existe legenda 3D em IMAX!), saudando as pessoas e dando uma breve introdução ao que veríamos a seguir.

ATENÇÃO: HÁ SPOILERS NO TEXTO A SEGUIR, COM DESCRIÇÕES DAS CENAS QUE FORAM EXIBIDAS. CONTINUE LENDO POR SUA PRÓPRIA CONTA E RISCO.

Cena 1. Em uma instalação militar, o coronel Quaritch (Stephen Lang) fala a um grupo de soldados sobre o planeta Pandora e os Na'vi, raça que habita o local e tem flechas venenosas. Junta-se a eles um veterano de guerra paraplégico, Jake Sully (Sam Worthington);

Cena 2. Dra. Grace Augustine (Sigourney Weaver) conversa com Jake sobre o seu experimento e o inquieto jovem se mostra mais do que disposto a encarar o desafio. O laboratório é todo moderno, com telas transparentes controláveis no melhor estilo Minority Report, com dados da operação em andamento sendo levados de um lado para o outro. Começa a "transmissão" de sua mente para um corpo Na'vi;

Cena 3. Primeiro a Dra. Grace e depois Jake acordam em seus novos corpos. O jovem, cheio de energia e feliz por ter novamente a possibilidade de andar, se levanta e vai derrubando tudo pelo laboratório com seu jeito desengonçado e a completa falta de controle do seu rabo;

Cena 4. Estamos na floresta de Pandora, com Jake frente a frente com um bicho enorme que parece aquele "rinoceronte" dos Herculóides, mas com uma espécie de juba toda psicodélica ao redor de sua cabeça. É a velha cena do "fique parado que ele não vai te atacar" com um final manjado, mas que certamente vai arrancar alguns risos do público. Serve para dar ênfase ao jeito "metido" do Jake, que logicamente vai ser parte do seu desenvolvimento;

Cena 5. Jake está prestes a ser morto por uns seres de dentes afiados quando é salvo por Neytiri (Zoe Saldana), que não tenta esconder que está bem descontente com a presença do novato por ali. É o início da relação dos dois e da transformação de Jake em um Na'vi, que deve entender a importância de cada ser daquela floresta para aquele povo;

Ceja 6. A mais emocionante das cenas mostra Jake no seu teste final para ser aceito entre os Na'vi: domar um tipo de pterodátilo, fazer conexão com ele e sair para dar uma volta voando no seu novo meio de transporte. Detalhe, sabe como ele descobre qual é o animal certo para ele? É aquele que vai tentar matá-lo.

Em seguida, são mostradas cenas rápidas de batalhas e do romance entre os dois se desenvolvendo, seguida da data de estreia do filme: 18 de dezembro.

Como já deu para perceber, foram 15 minutos recheados de cenas de ação e que, por isso, deixaram, sim, vontade de ver mais. Mas o mais importante é que ele apaga de vez a desconfiança criada com o apenas mediano teaser trailer mostrado na véspera - péssimo timing da Fox, que colocou na Internet um vídeo em 2-D que não faz jus ao trabalho final e acabou baixando a expectativa em relação ao filme. Seria muito melhor deixar todo mundo de queixo-caído e só depois liberar o vídeo da Internet, que logo ganharia o rótulo de "vídeo feito para Internet. O filme de verdade está no cinema, em 3-D, e de preferência no IMAX que foi mostrado no Avatar Day".

Mas não foi isso o que aconteceu, então vamos aos fatos. O 3-D faz toda a diferença. E o IMAX completa. Vale lembrar mais uma vez que James Cameron tem esse filme em sua cabeça desde os anos 90 e chegou até mesmo a criar equipamentos, como a câmera Fusion [desenvolvida pela sua empresa para captar imagens em alta qualidade e 3-D estereoscópico], para um dia poder tornar esse mundo que ele criou em sua mente realidade. E quando falamos em 3-D, todo mundo só pensa na parte visual, mas não podemos deixar de lado o magnífico trabalho de edição de som, que é importantíssimo no trabalho de "imersão" ao 3-D.

E por falar nisso, o mergulho nesse novo mundo tridimensional não é tão fácil quanto se imagina. Leva-se alguns minutos até que o cérebro, os olhos e tudo mais entendam a nova realidade. É como naqueles livrinhos "Olho Mágico", em que objetos 3-D apareciam no meio de uma figura. Mas muito mais fácil e acessível a todos, óbvio. Não ajuda em nada a presença da legenda, que chama atenção e dispersa os olhos para um ponto, deixando a exuberância do cenário criado pela equipe criativa de Cameron em segundo plano. Se você fala bem inglês, tente assistir ao filme sem olhar as legendas. Caso contrário, dê preferência às cópias dubladas. De preferência, em 3-D. Sim, nós somos reclamões. No caminho para o cinema, resmungávamos que provavelmente teríamos de ver o vídeo dublado, imaginando que não houvesse legendas para esse tipo de tenologia. Mas descobrimos que há, sim, quando estamos falando do IMAX. E agora cá estamos reclamando das legendas. É a vida...

Mas deixemos um pouco de lado toda essa parte técnica para analisarmos o que vimos. Apesar de todo o lindíssimo trabalho de desenho de produção, com cenários e personagens criados a partir de pixels, não há ali - pelo menos ainda - seres ou objetos inovadores. Os Na'vi são seres azuis com feições felinas (mistura de Thundercats com Smurfs?) de 3 a 4 metros de altura, mas não deixam de ser humanóides. Os animais são misturas de dinossauros com insetos. E, o que nos deixa mais preocupados, a história ainda não convenceu. Tudo bem que vale mais a forma como a história será contada e que seria errado julgar o trabalho por apenas 15 minutos, mas depois de ler a sinopse oficial e ver os 25 minutos da Comic-Con, o trailer e esses 15 minutos, parece que Avatar é uma mistura de Dança com Lobos, com Pocahontas e O Último dos Moicanos e afins. Ou seja: o humano Jake se infiltra entre os Na'vi, acaba conhecendo melhor o povo, se apaixona por uma das fêmeas e tem de escolher de que lado da batalha ficará quando ela realmente começar.

É preciso dizer ainda que os Na'vi têm movimentos e feições bastante naturais, consequência da soma das tenologias criadas por James Cameron e pela Weta de Peter Jackson. O tal fotorealismo imaginado por Cameron está lá na tela. Se vai funcionar no filme inteiro sem parecer artificial e ajudar a contar a história só saberemos em 18 de dezembro, quando o filme estreia nos cinemas do mundo inteiro. Nós certamente estaremos lá para conferir, independente de qualquer dúvida levantada aqui. Porque, afinal, ninguém é rei do mundo à toa.