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Crítica

Crítica: Abraços Partidos

Novo filme de Pedro Almodóvar assume de vez a cinefilia e as autoreferências de seu cinema recente

01.10.2009, às 13H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H53

Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos), o novo filme do espanhol Pedro Almodóvar com Penélope Cruz, fala da paixão pelo cinema - a julgar, sobretudo, pela única redenção possível para o seu protagonista - mas termina sendo muito mais marcante como retrato da paixão do cineasta por sua musa de Tudo Sobre Minha Mãe e Volver.

Penélope interpreta Lena, uma aspirante a atriz que, depois de se tornar companheira de um empresário milionário, seu antigo chefe nos idos de 1992, consegue a chance de estrelar Garotas e Malas, a primeira comédia do diretor Mateo Blanco (Lluís Homar) depois de uma série de dramas. Algo de fatídico aconteceu durante as filmagens, porque quando a trama avança até 2008, ano da morte do empresário, Mateo está cego e Lena é apenas uma lembrança.

A metalinguagem já presente em Fale com Ela e Má Educação - pontos de virada na carreira do diretor, em que, não por acaso, ele usa ficções dentro da ficção para tecer comentários sobre temas e estéticas do seu passado - toma conta de Abraços Partidos por completo. Garotas e Malas, o filme dentro do filme, é um Almodóvar à antiga: releitura kitsch de comédias de relacionamento e de melodramas hollywoodianos dos anos 50.

Do lado "de fora" de Garotas e Malas, temos o cineasta Mateo, com sua paixão arrebatadora por Lena, e a tragédia que acompanha essa obsessão pela imagem e pelo som da musa. Almodóvar espalha elementos sensoriais que ecoam essa obsessão: ele faz o close-up até em chapas de raios-x para dar conta da necessidade de se nutrir com tudo o que vê.

Esses simbolismos, depois de um tempo, não escapam do esquematismo e sufocam o filme. Pode até haver verdade, por exemplo, na cena em que o diretor fotografa Lena chorando enquanto assiste a Viagem à Itália, mas a demonstração exacerbada de cinefilia flerta com o artificialismo. O fato de Almodóvar inchar uma trama até certo ponto simples com nódulos questionáveis (o que querem dizer aquelas cenas do DJ e das drogas, afinal?) dá a impressão de que Abraços Partidos quer ser mais complexo e sensível e profundo do que de fato é.

Felizmente há Penélope. Não há expressão de cinefilia mais pura e descomplicada do que ver a espanhola fazendo caras e bocas de Audrey Hepburn, e nessa troca de afagos entre cineasta e musa o cinema de Almodóvar resiste ao desbotamento.

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Nota do Crítico
Bom
Abraços Partidos
Los Abrazos Rotos
Abraços Partidos
Los Abrazos Rotos

Ano: 2009

País: Espanha

Classificação: 14 anos

Duração: 127 min

Direção: Pedro Almodóvar

Roteiro: Pedro Almodóvar

Elenco: Penélope Cruz, Lluís Homar, Blanca Portillo, José Luis Gómez, Rubén Ochandiano, Tamar Novas, Ángela Molina, Chus Lampreave, Kiti Manver, Lola Dueñas, Mariola Fuentes, Carmen Machi, Kira Miró, Rossy de Palma, Alejo Sauras, Carlos Sampedro, Ramón Pons, Cote Soler, Marta Aledo, Carlos Leal, Chema Ruiz, Dani Martín, Asier Etxeandia, Jons Pappila

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