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E se Fosse Verdade | Crítica

E se fosse verdade

22.12.2005, às 00H00.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 12H04

E se fosse verdade
Just Like Heaven
EUA, 2005, 95 min
Comédia/Romance

Direção: Mark Waters
Roteiro: Peter Tolan e Leslie Dixon, baseado em livro de Marc Levy

Elenco:
Reese Whiterspoon, Mark Ruffalo, Donal Logue, Dina Spybey, Ben Shenkman, Jon Heder, Ivana Milicevic, Rosalind Chao, Chris Pflueger, Kerris Dorsey, Alyssa Shafer

Existe uma explicação grossa, mas muito simples, para essa coisa do "crítico que nunca gosta de nada". Quem vive de cinema busca o diferente, a surpresa. O público procura o seguro, o igual. Com ingressos que já chegam em São Paulo a 20 reais, a audiência tem mesmo que investir no que conhece, nada mais justo. Mas um pouco de originalidade, de risco, faria bem a alguns filmes, não? O que a indústria faz, neste caso, é variar sobre os mesmo temas.

E se fosse verdade (Just like heaven, 2005), por exemplo, faz de conta que muda, para deixar tudo como está. A comédia romântica trata, como todas, dos caminhos que levam ao encontro de duas pessoas que nasceram uma para a outra. No caso, um é só um cara normal mesmo, mas a outra é uma fantasma.

David (Mark Ruffalo) acaba de se mudar a São Francisco para tentar esquecer um trauma recente, a morte de sua esposa. Só não desconfia que o apartamento que alugou era ocupado por uma médica workaholic (Reese Witherspoon) que acaba de falecer tragicamente, com assuntos a acertar - e cujo espírito ainda vaga pelo apê. A fantasma não quer saber de estranhos em sua casa. David só pensa em viver sua tristeza sossegado. Dessa rixa do além nasce uma relação que pode salvar ambos.

O diretor Mark Waters se especializou nesse tipo de filme que subverte gêneros aos poucos, timidamente. Primeiro foi a clássica relação conturbada de mãe e filha em Sexta-feira muito louca (2003) - que também joga com elementos cientificamente inexplicáveis. Depois, foi a história de formação juvenil Meninas malvadas (2004). Em todos os três casos, o espaço de manobra de Waters é pequeno (há um roteiro-clicheria por trás e um produtor com metas a cumprir). Nos três casos, quem acaba fazendo a diferença mesmo é o elenco.

No caso de E se fosse verdade, Ruffalo carrega o piano nas costas, a ponto do pôster do filme, em que ele aparece apequenado diante da cara redonda da estrela, ser uma injustiça tremenda. O ator é daqueles raros profissionais que dão o sangue, não importa a encomenda, mesmo se for a comédia mais pueril, como De repente 30. Seu personagem aqui ostenta uma carga dramática pesada - esposa que morreu, recomeço em outro lugar - e Ruffalo não faz feio. Reese, por outro lado, tem dificuldade em achar o tom da sua personagem, entre o burlesco e o sereno. Mais uma vez, sua fotogenia e seus trejeitos carismáticos valem mais que o talento.

Não pense, vale repetir, que o tema sobrenatural vá transformar completamente a proposta do filme. As fórmulas da chamada romcom (abreviação de comédia romântica, em inglês) estão todas lá, como a divisão da narrativa em três atos - primeiro ato, contato do casal e começo do romance; segundo ato, um perigo surge para separá-los (nesse ato normalmente uma terceira mulher se atira sobre o cara, e a mocinha os flagra pensando ser uma traição); terceiro ato, o amor de verdade supera obstáculos. O fato dos obstáculos aqui serem do outro mundo não muda nada disso.

Quer dizer, muda um tantinho: ao invés da cena que mostra os dois se despindo de noite e amanhecendo com café na cama, temos aqui o casal deitado junto, com as palmas das mãos se unindo em conjunção etérea, com direito a luzes brilhando. É um jeito, assim, muito meigo de sugerir que David está tendo relações com uma descarnada. Agora, se você é do time que procura o diferente, experimente um Fale com ela. Necrofilia por necrofilia, Almodóvar é muito melhor.

Nota do Crítico
Regular
E se fosse verdade
Just Like Heaven
E se fosse verdade
Just Like Heaven

Ano: 2005

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 95 min

Direção: Mark Waters

Elenco: Reese Witherspoon, Mark Ruffalo, Donal Logue, Dina Waters, Ben Shenkman, Jon Heder, Ivana Miličević, Caroline Aaron, Rosalind Chao, Ron Canada, Willie Garson, Gabrielle Made, William Caploe, Shulie Cowen

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