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Exilados

Johnnie To faz "faroeste lamen"

15.03.2007, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H23

Se você conheceu o chinês Johnnie To através de Eleição - O submundo do poder, filme do cineasta que entrou em circuito comercial no Brasil em 2006, prepare-se para um diretor completamente diferente em Exilados (Exiled, 2006).

O tema é semelhante, máfia, crime, etc., mas a execução não poderia ser mais distinta. Em Exilados, To presta reverência ao spaghetti western de Sergio Leone e cria um verdadeiro faroeste em Macau (um faroeste lamen, talvez?) Sua contribuição ao gênero, porém, é um tanto tarantinesca: diálogos absurdos, violência estilizada e muito humor negro.

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O roteiro, criado pelo diretor ao lado do grupo criativo Milkyway Image, coloca cinco pistoleiros companheiros numa última missão juntos. A premissa simples aposta na diversão, não na verossimilhança. Um tiroteio entre três pessoas num quartinho, por exemplo, pode acabar com todos vivos e sem nenhum arranhão. Wo (Nick Cheung), começa a história tentando levar uma vida tranquila ao lado da esposa e bebê, mas seu passado logo bate à porta. Blaze (Anthony Wong) e Fat (Lam Set), seu amigos de infância, precisam matá-lo por vingança a um atentado frustrado ao chefão local Boss Fay (Simon Yam). Os pistoleiros restantes, Tai (Francis Ng) e Gato (Roy Cheung), estão ali para salvá-lo. Não demora para que a velha gangue fique junta novamente, contra os poderes estabelecidos na cidade.

As homenagens ao "faroeste espaguete" estão em boa parte dos quadros. Antagonistas posicionados nos cantos da tela, gaita e violão elétrico ao fundo (evocando constantamente Ennio Morricone), honra em jogo o tempo todo. Mas a influência do cinema de ação chinês - especialmente o de John Woo dos velhos tempos - é também sentida. Câmeras lentas, poses exageradas, papel picado voando, muito tecido esvoaçante... To não economiza na estética. Está aí a cena da sala de operação - a melhor e mais engraçada - como prova.

Mas as quase duas horas da produção passam e essa mistura toda começa a incomodar e cansar. Felizmente, cresce na mesma proporção o interesse pelo quinteto de pistoleiros camaradas. Carismáticos, os atores cativam e dão aos seus personagens uma alegria contagiante. As piadas recorrentes (o policial às vésperas da aposentadoria, a latinha de energético, o apreço de um dos matadores por prostitutas) são ótimas e equilibram as longas seqüências de tiroteios. Mesmo nos momentos mais dramáticos, arrancam gargalhadas. To merece uma visita.

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