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Elektra | Crítica

<i>Elektra</i>

20.01.2005, às 00H00.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 05H03

Elektra
Elektra
EUA, 2005
Ação - 96 min.

Direção: Rob Bowman
Roteiro: Raven Metzner, Stuart Zicherman, Zak Penn

Elenco: Jennifer Garner, Goran Visnjic, Will Yun Lee, Terence Stamp, Hiro Kanagawa, Natassia Malthe, Bob Sapp, Cary-Hiroyuki Tagawa, Jason Isaacs, Edson T. Ribeiro

Em franco declínio criativo e financeiro, a indústria dos quadrinhos de super-heróis encontrou no cinema sua tábua de salvação. Beirando a falência, a Marvel ganhou fôlego há alguns anos ao vender os direitos para o cinema de personagens como Homem-Aranha, X-Men e Blade. Assim, a poderosa editora tornou-se outra vez uma potência e abriu as portas das telonas para toda a indústria da nona arte.

Essa proximidade entre as duas formas artísticas tem, claro, muitos pontos positivos. A estética dos mangás foi perfeitamente traduzida para as telas em Matrix, por exemplo. Porém, as piores manias dos gibis, que quase provocaram o colapso da indústria no início dos anos 1990, ressurgem agora com força total no cinema. Esqueça a história, o importante é o visual eram as palavras de ordem há uma década. Infelizmente, a tendência parece espelhada no recém-lançado Elektra (de Rob Bowman, 2005), filme derivado de Demolidor - O Homem Sem Medo, que leva novamente para as telas a ninja interpretada por Jennifer Garner.

Como se fosse um gibi do início da década passada, Elektra não passa de um filme de ação com lindos cenários, estética rebuscada (copiada do cinema chinês), uma heroína gostosíssima e nenhuma inteligência na trama.

Na história, depois de ser morta pelo Mercenário em Demolidor (algo que sequer é mencionado na nova produção), Elektra (Garner) é trazida de volta à vida pelo mestre de artes marciais Stick (Terrence Stamp). O sensei cego é o líder de um culto chamado "Os Virtuosos", que trava uma guerra milenar contra o Tentáculo, uma organização de ninjas do mal. Porém, incapaz de se adequar ao estilo de vida dos Virtuosos, Elektra parte e passa a empregar suas habilidades e poderes de antecipar o futuro para se tornar a melhor assassina de aluguel do mundo.

Sua confortável situação começa a mudar quando ela recebe a incumbência de matar Mark e Abby Miller (Goran Visnjic e Kirsten Prout), pai e filha que despertam traumas de infância na heroína. Ao não conseguir assassiná-los, Elektra assume a responsabilidade pela vida de ambos, protegendo-os do Tentáculo e seus ninjas aberrantes superpoderosos (incluindo o capoerista baiano Edson T. Ribeiro, como Kinkou). O que a assassina não desconfia é que seus protegidos escondem um segredo que justifica o assédio dos vilões.

Colocando a trama assim, até parece algo inteligente. Não é. Tudo isso é costurado com flashbacks irritantes que acabam mesmo é embaralhando a história - repleta de furos e péssimo desenvolvimento de personagens. Além disso, é triste notar como a Elektra do começo é até parecida com a das HQs, mas o roteiro vai lentamente transformando-a em mãezona sensível, risonha e preocupada, enquanto ela se afeiçoa gratuitamente por Abby, sua insuportável parceira-mirim.

Elektra vive

Criada por Frank Miller em 1981 como coadjuvante nas histórias do Demolidor (leia tudo sobre ela aqui), a ninja alçou o Homem Sem Medo ao estrelato e protagonizou uma das mais dramáticas e violentas mortes dos quadrinhos, numa verdadeira obra prima do gênero dos super-heróis. No entanto, a personagem já havia caído no gosto dos leitores e a Marvel resolveu capitalizar, trazendo-a de volta à vida. O resultado é triste. Sem o talento de Miller, nesses 24 anos desde sua ressureição, a personagem vagou como a morta-viva que é, sem qualquer traço da sua genial passagem original pelos quadrinhos.

De certa forma, o filme é um mero espelho da triste sorte da personagem. A fase boa de Elektra já havia sido destruída no cinema por Mark Steven Johnson, o diretor de Demolidor. Assim, restou ao razoável Rob Bowman (Reino de fogo) a tarefa de levar para o cinema a Elektra de segunda linha, a morta-viva, que hoje nem sequer tem gibi próprio. Em mãos mais competentes, talvez até houvesse material para um bom filme, mas a equipe terminou por selar de vez o futuro cinematográfico da heroína com a aventura estúpida e desencontrada já comentada acima.

Como único ponto positivo do filme está a atriz Jennifer Garner, quase uma pintura em movimento de tão linda. Enchendo o uniforme vermelho com suas curvas, ela é capaz de arrancar suspiros da platéia. Mas, obviamente, apenas o show de beleza não sustenta um filme, algo que Halle Berry já provou em Mulher-Gato e Gisele Bündchen reafirmou em Taxi.

Em última análise, é bom que a Marvel comece a preocupar-se com a qualidade de seus filmes. As péssimas produções estão começando a superar rapidamente os bons produtos e a tábua salvadora do passado pode transformar-se em âncora com facilidade.

Nota do Crítico
Regular
Elektra
Elektra
Elektra
Elektra

Ano: 2005

País: EUA, Canadá

Classificação: 14 anos

Duração: 97 min

Direção: Rob Bowman

Roteiro: Zak Penn, Stu Zicherman, Raven Metzner

Elenco: Jennifer Garner, Goran Visnjic, Kirsten Prout, Will Yun Lee, Cary-Hiroyuki Tagawa, Terence Stamp, Natassia Malthe, Bob Sapp, Chris Ackerman

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