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Guerra dos Mundos | Crítica

<i>Guerra dos Mundos</i>

29.06.2005, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H18

Guerra dos mundos
War of the Worlds

EUA, 2005
Ficção - 116 min

Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Josh Friedman e David Koepp, baseado em livro de HG Wells.

Elenco:
Tom Cruise, Justin Chatwin, Dakota Fanning, Tim Robbins, Miranda Otto, David Alan Basche, James DuMont, Yul Vazquez

Independente do que faça daqui pra frente, Steven Spielberg já tem seu nome grafado na história do cinema. No entanto, é também prova viva de que não se deve viver dos louros do passado.

Seus maiores sucessos de crítica são justamente os primeiros trabalhos, antes de se tornar sinônimo de filme-família, quando ele fazia longas que desafiavam convenções e surpreendiam o público. Porém, nos últimos anos o cineasta parece tomado por uma bobeira. Nenhuma de suas mais promissoras produções traz um final convincente, daqueles de fazer verter lágrimas pela genialidade. E não falo de lágrimas causadas por um menino que tem que dar adeus a seu ET de estimação... mas sim das geradas após a obra-prima que é um Contatos imediatos do terceiro grau (1977), que tem em seu clímax uma das mais corajosas e honestas decisões de um personagem já vistas no cinemão hollywoodiano.

Relembre: O resgate do soldado Ryan (1998), Inteligência artificial (2001) e Minority report (2002), os mais grandiosos filmes do diretor nos últimos 10 anos, começaram de maneira surpreendente e trouxeram em seu conteúdo elementos que lembravam aquele Spielberg do começo de carreira. No entanto, todos falharam na conclusão.

Guerra dos Mundos (War of Worlds, 2004), seu novíssimo e alardeado projeto ao lado de Tom Cruise, infelizmente não foge à regra da última década. Tem um início digno do Spielberg anos 1970. Seu personagem principal, o operário divorciado Ray Ferrier (Cruise, numa das melhores interpretações de sua carreira) é um bruto egocêntrico. Não liga para o casal de filhos que teve em seu antigo casamento e não faz qualquer esforço para reverter esse quadro. Seu interesse pelos dois, Robbie e Rachel (Justin Chatwin e a sempre assustadora menina-velha Dakota Fanning), só se desenvolve aos poucos, durante a situação mais desesperadora de sua vida: mantê-los vivos.

A tal situação, você adivinhou, é resultado da dramática invasão alienígena à Terra. Ela também traz elementos dignos do início de carreira do cineasta: corpos pulverizados explodindo em cinzas, chuva de sangue e muitos gritos de horror, tudo regado a efeitos especiais excepcionalmente realistas. Os trípodes alienígenas e as máquinas de destruição que espalham a morte mundo afora são assustadoras e em momento algum parecem criações digitais. Todas as imagens dos ataques que elas promovem e a correria e a devastação resultantes lembram imediatamente - e propositalmente - o 11 de Setembro de 2001 e escancaram a paranóia estadunidense sobre o tema. No momento em que os primeiros raios são disparados pelos tripodes - torres gêmeas e aviões sequestrados em um só elemento -, a pequena Rachel confirma o que já está sendo observado. São eles? São os terroristas?, pergunta.

Porém, ainda mais dramáticas que a invasão são as cenas em que os humanos refugiados se enfrentam numa tentativa de sobreviver alguns minutos a mais. A família Ferrier é a única que possui um carro funcionando e isso a transforma imediatamente em alvo dos que estão atravessando o país a pé, em busca de segurança. As seqüências que tratam do assunto são as melhores e mais tensas do filme, muito mais impactantes que qualquer arma letal alien. Sem ETs à vista, mostram o Homem como a maior ameaça para si mesmo. Mais tarde, a apresentação de um enlouquecido refugiado (Tim Robbins) no porão de uma casa reforça a idéia com extrema competência. Os fins justificam os meios... principalmente se o fim for a sua própria sobrevivência.

Se Guerra dos Mundos ficasse apenas por aí seria um filme excepcional... mas chegam os cinco minutos finais e, com eles, a certeza de que bateu a já mencionada bobeira em Spielberg. Aos 44 do segundo tempo a produção lamentavelmente (e escrevo isso realmente desapontado) se afunda em clichês terríveis e idéias medíocres. Tal mudança é completamente inesperada, afinal, até aquele momento o filme parecia um dos melhores trabalhos do cineasta. O erro dos ETs - e claro, da adaptação dos roteiristas Josh Friedman e David Koepp - não foi contemporizado e, para os dias atuais, soa tão primário que fica difícil respeitar o filme. A impressão que fica é que os aliens, que até então destruíam tudo e todos sem piedade, devem ser parentes dos invasores idiotas de Independence Day (aqueles que usavam Windows 95 em sua nave mãe).

Com certo esforço é até possível buscar uma razão metafórica para o desfecho, algo que pode funcionar como uma espécie de alerta ambiental para a humanidade. Mas, novamente, o tema é batido demais para ser levado em conta. E o que começou Tubarão (1975) terminou Hook (1991).

Nota do Crítico
Bom
Guerra dos Mundos (2005)
War of the Worlds
Guerra dos Mundos (2005)
War of the Worlds

Ano: 2005

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 116 min

Direção: Steven Spielberg

Roteiro: Josh Friedman, David Koepp

Elenco: Tom Cruise, Dakota Fanning, Miranda Otto

Onde assistir:
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