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Invencível | Crítica

Com belas imagens, filme de Angelina Jolie não consegue se aproximar do seu herói

Omelete
2 min de leitura
14.01.2015, às 20H46.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Angelina Jolie poderia ter seguido um caminho fácil. O berço hollywoodiano e a aparência estonteante eram suficientes para criar uma musa, mas seu comportamento rebelde e suas escolhas profissionais sempre mostraram mais do que olhos claros e lábios voluptuosos. Daí sua transição de atriz para diretora não ter o próprio ego como motor. A contrário de muitos de seus colegas, que costumam assumir o posto atrás das câmeras para ter mais controle sobre a própria atuação, Jolie parece buscar outra coisa.

A sobrevivência é sua escolha temática. Explorou um relacionamento impossível durante o conflito entre bósnios e sérvios em Na Terra de Amor e Ódio e agora narra a jornada de resistência de Louis Zamperini em Invencível (Unbroken). Medalhista olímpico, o filho de italianos passou 47 dias à deriva depois que seu avião caiu no Pacífico em uma missão na Segunda Guerra. O resgate chegou, mas pelas mãos do inimigo, e ele passou o restante do conflito em uma prisão militar japonesa.

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O roteiro, baseado no livro de Laura Hillenbrand e escrito por Richard LaGravenese e William Nicholson, tem revisão de Joel e Ethan Coen, mas se atém a essa sinopse. São 137 minutos dedicados à invencibilidade do seu protagonista e nada mais.Falta entender o que o fazia seguir em frente.

Há referências à fé e à família, mas não são aprofundadas. Zamperini é uma rocha maciça do início ao fim. Jack O'Connell faz o que pode, mas seu personagem segue sem desenvolvimento emocional, não importam as provações por que passa. Talvez fosse esse o seu segredo para sobreviver, mas acompanhar essa história no cinema, quase sem respiros de redenção e recompensa, é uma tarefa que aos poucos se torna cansativa. É um tratamento possivelmente mais realista, mas que não corresponde à aura inspiradora que o filme tenta vender.

Os colegas de Zamperini, Phil (Domhnall Gleeson), o companheiro de naufágio, e Fitzgerald (Garrett Hedlund), o companheiro de cativeiro, são desperdiçados como meros interlocutores, em diálogos que não criam a intimidade que poderia aproximar herói e público. O mesmo vale para o vilão. O oficial japonês Watanabe (Ishihara Takamasa) poderia ser explorado como o oposto de Zamperini, mas a relação dos dois se resume a conversas empoladas. Falta sensibilidade, sobra uma sensação de reverência vazia.

Jolie, ao lado do diretor de fotografia Roger Deakins (Um Sonho de Liberdade, Bravura Indômita), filma com competência e cria belas imagens, mas a abordagem convencional, quase oficial (o próprio Zamperini esteve envolvido na produção), impede que seu longa se torne tão extraordinário quanto o seu biografado. A atriz escolheu o caminho mais difícil, mas ainda precisa encontrar o seu rumo como diretora.

Invencível | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom
Invencível (2014)
Unbroken
Invencível (2014)
Unbroken

Ano: 2014

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 137 min

Onde assistir:
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