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O Custo da Coragem | Crítica

<i>O custo da coragem</i>

04.03.2004, às 00H00.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 14H05

O custo da coragem
Veronica Guerin

EUA, 2003 - 98 min.
Drama

Direção: Joel Schumacher
Roteiro: Carol Doyle, Mary Agnes Donoghue

Elenco: Cate Blanchett, Colin Farrell, Brenda Fricker, Ciarind Hinds, Gerard McSorley.

Dia 28 de junho de 1996 a jornalista irlandesa Veronica Guerin iria a Londres, dar um conferência cujo título era algo como "Morrendo de vontade de contar uma história: os riscos de ser jornalista". Mas a palestra não aconteceu. Ela morreu em Dublin dois dias antes.

Dessa vez, entretanto, não foi obra do acaso. Veronica foi assassinada. Ela vinha sofrendo ameaças de morte havia quase dois anos, quando começou a publicar artigos sobre o submundo das drogas na capital irlandesa. Ela meteu a mão no vespeiro, peitou chefões do tráfico e, mesmo depois de ter sua casa invadida e ter sido espancada, a jornalista não se intimidou. Dizia estar apenas fazendo seu trabalho, mostrando ao público como a sociedade funcionava.

A cada texto seu, mais e mais irlandeses - que na época enfrentavam indíces de criminalidade e uso de drogas altíssimos - a consideravam uma espécie de heroína. Quando morreu, virou uma verdadeira lenda. Seu assassinato gerou uma estrondosa comoção nacional e desencadeou uma onda recorde de investigações policiais - mais de 150 criminosos presos e diversas organizações criminosas desmanteladas.

Coragem de atriz

Por tudo isso, a responsabilidade da atriz que viveria Veronica nas telas tinha proporções também acima do normal. Mas a escolha não poderia ter sido mais acertada. A atuação de Cate Blanchett pode ser considerada a melhor de sua carreira. Ao vê-la no filme, fica quase impossível imaginar outra atriz em seu lugar.

Com um perfeito sotaque irlandês, a atriz australiana fascina emprestando à personagem carisma e vigor. Deixando a serenidade de Galadriel totalmente de lado, ela mostra um inquietitude típica de personalidades como a de Veronica. Consegue ainda revelar o lado frágil da jornalista contundente e decidida do Sunday Independent, que - em casa - tem momentos de desespero e é tomada pela incerteza comum a qualquer ser humano.

Ela duvidava se valia a pena pôr em risco sua vida e a das pessoas que amava. Mas, acreditando em sua causa, ela resolveu ignorar os olhares de desaprovação do marido, o ciúmes de alguns colegas e o conselho da mãe, que dizia que às vezes o mais corajoso a ser feito é desistir. Porque, para Guerin, desistir era permitir que os mafiosos ganhassem a guerra. E por abominar tal idéia, ela decidiu ir em frente, mesmo depois de parar no hospital vítima de uma surra de um dos chefões criminosos. São cenas como esta, aliás, que mostram a coragem de outra pessoa, o diretor Joel Schumacher, que não poupa o espectador de seqüências chocantes.

O custo da coragem é inspirador. Pra quem precisar de mais motivos pra ir ao cinema, leve em conta a excelente performance de Blanchett e a rapidíssima mas marcante ponta de Colin Farrel - o menino dos olhos de Schumacher.

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