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Crítica

Uma Vida em Sete Dias | Crítica

<i>Uma vida em sete dias</i>

20.03.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H13

Provavelmente, algum dia você já parou para pensar, ou foi questionado por alguém: "O que faria se lhe restasse pouquíssimo tempo de vida?"

Se, na realidade, tal pergunta passa sempre por clichês como "viajaria pelo mundo" e "transaria desbragadamente", no cinema não é diferente. E basta um bocado de preguiça, mais uma pitada de falta de talento, para arremessar o tema na vala das soluções fáceis. Essa previsibilidade irritante percorre Uma vida em sete dias (Life or Something Like It, 2002), do diretor Stephen Herek, a começar pela sua frase promocional, Destiny is what you make of it (Destino é o que você faz dele).

Na trama, uma Angelina Jolie oxigenada interpreta a fútil repórter Lanie Kerrigan, cuja vida aparentemente perfeita se resume a um noivado mecânico e a almejos de carreira. Até que, certa vez, Lanie entrevista um mendigo (o ótimo Tony Shalhoub), auto-proclamado profeta, que faz previsões em cima de um caixote. Além de antever resultados esportivos e situações climáticas, o homem anuncia que Lanie morrerá dentro de uma semana. Seria apenas um palpite de mau gosto, não fosse a exatidão das previsões (e não fosse, também, o flashback estraga-prazeres no qual o filme se sustenta).

A partir daí, Laine despiroca. E tome chiliques públicos, lavagem de roupa suja em família e redescobertas de antigas paixões, em meio à auto-avaliação. Não entendam mal. O roteiro atravessa conflitos plausíveis, mas o que prejudica o filme é o tom melodramático. Não dá para aceitar a suavidade de uma comédia romântica, com a sua trilha sonora ora adocicada ora animadinha, no tratamento de um assunto tão intenso quanto a morte anunciada. Aliás, a figura do parque-de-diversões parece um tanto inserido na cultura hollywoodiana como objeto de purificação. O seu personagem, caro leitor, precisa expurgar fantasmas e se endireitar na vida? Basta uma volta na montanha-russa.

Diretor de películas como Bill & Ted (Bill & Teds excellent adventure, 1989), Viva, a babá morreu (Dont tell mom the babysitters dead, 1991) e Os 101 Dálmatas (101 Dalmatians, 1996), Herek não é exatamente um expert em introspecção - o seu filme mais "profundo" foi o mediano Mr. Holland - Adorável Professor (Mr. Hollands opus, 1995). Ainda, Uma vida em sete dias sofre com o mau aproveitamento de um elenco esforçado, no qual a estrela Angelina consegue chamar atenção apenas por sua fotogenia. Enfim, um conjunto equivocado de peças infelizes, onde impera o novelesco.

E antes que acusem a crítica de implicante, aqui vai um conselho. Assistam a As Confissões de Schmidt (About Schmidt, de Alexander Payne, 2002), de temática equivalente, e vejam a diferença entre uma abordagem sensível, bem-humorada, com atuações inspiradas, e esse caça-níquel de auto-ajuda.

Uma vida em sete dias
(Life, or something like it) EUA, 2003

Direção: Stephen Herek
Roteiro: John Scott Shepherd

Elenco: Angelina Jolie, Edward Burns, Tony Shalhoub, Christian Kane, James Gammon, Melissa Errico, Stockard Channing, Lisa Thornhill, Gregory Itzin

Imagens © 20th Century Fox

Nota do Crítico
Ruim
Uma Vida em Sete Dias
Life or Something Like It
Uma Vida em Sete Dias
Life or Something Like It

Ano: 2002

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 0 min

Direção: Stephen Herek

Elenco: Angelina Jolie, Edward Burns, Tony Shalhoub, Christian Kane, Melissa Errico, Lisa Thornhill, Stockard Channing, Gregory Itzin, Max Baker, Christopher Shyer

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