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Jackie Chan - 50 anos

Jackie Chan - 50 anos

07.04.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H15

Mestre invencível

Arrebentando em Nova York

Hora do Rush

Bater ou correr em Londres

Jackie Chan Adventures

O maior astro vivo das artes marciais está comemorando 50 anos de idade com uma forma invejável até para um jovem.

Conhecido por seu humor e coreografias de ação que incluem kung fu e acrobacias insanas, o ator, diretor e produtor multimídia Jackie Chan já foi chamado de efeito especial ambulante, pois não usa dublês ou trucagens em cenas perigosas e complexas.

Nascido em 7 de abril de 1954 como Chan Kong-sang, ele veio de uma família pobre e sem recursos. Com muita dificuldade, o pequeno Chan foi criado por seus pais (um cozinheiro e uma governanta), que trabalharam na embaixada francesa de Hong Kong e, depois, na americana da Austrália. Enviado com sete anos de idade para a Academia Chinesa de Drama da conceituada Ópera de Pequim, ele foi treinado por dez anos em artes dramáticas, canto, dança, kung fu, instrumentos musicais e artes circenses. Chegou a treinar por dezenove horas ao dia, desenvolvendo força, sensibilidade e habilidades marciais e artísticas.

Aos poucos, foi se tornando um astro dos palcos e logo começou a trabalhar com o cinema de Hong Kong, que experimentava um momento de crescimento graças à popularidade do astro Bruce Lee.

Quando comparado com Lee, Jackie costuma dizer que a diferença entre eles é simples. Em um filme, Bruce Lee podia socar um oponente e manter aquela expressão terrível e ameaçadora de modo autêntico. Enquanto isso, Jackie Chan pode até aplicar um golpe igual, mas, em seguida, faz uma careta mostrando que machucou a mão. Diferente de Lee, um artista marcial de alto nível em seu tempo, Jackie é mais um acrobata criativo e ousado que resolveu não se levar a sério, colocando o humor como marca registrada em seus filmes.

Em começo de carreira, como dublê, atuou ao lado do ídolo Bruce Lee em A fúria do dragão (Fist of fury, de 1971) e Operação dragão (Enter the dragon, de 1973), em rápidas cenas onde era apenas mais um entre tantos a aparecer no quebra-quebra geral com vários lutadores. Seu objetivo, porém, era se destacar da multidão.

Socos, chutes, cambalhotas e bom humor

Nos anos 70, já com papéis de destaque em produções de aventura, despontou como mais um dos candidatos a novo Bruce Lee, tentando pegar carona no sucesso do falecido astro, que morreu em 1973. Todavia, aos poucos foi encontrando seu estilo, marcado por cambalhotas e proezas físicas tão incríveis quanto engraçadas e empolgantes.

Um de seus maiores sucessos na fase inicial foi O mestre invencível (Drunken master, de 1978), história de época que mostrava um lutador que domina o estilo bêbado, marcado por movimentos aparentemente desengonçados que compunham uma complexa forma de luta. Em sua cidade natal, usou também outros nomes artísticos, como Jacky Chan, Long Cheng, Sing Lung e Yuen-Lung Chan.

Já nos anos 80, trabalhou em vários filmes ao lado do roliço Sammo Hung (da série Marshall Law / Um policial da pesada) e do franzino Yuen Biao, velhos colegas da Ópera de Pequim. O trio podia ser chamado de os Três Patetas do kung fu, tamanho o sucesso de seus filmes de pancadaria e humor pastelão, como Detonando em Barcelona (Wheels on meals, de 1984), também conhecido, nos Estados Unidos, como Spartan X. O título também gerou um game, na época do antigo sistema MSX. Outro filme do trio que vale nota é o genial Dragões para sempre (Dragons forever, de 1987), com uma impagável cena em que os três socam os narizes um do outro ao mesmo tempo e só aí param a confusão que haviam armado.

Os longas em que Jackie atua são marcados por coreografias criativas assinadas por ele próprio, com execuções difíceis e normalmente perigosas. Isso gerou uma atração à parte, pois seus erros sempre aparecem na exibição dos créditos finais. Alguns resultaram em acidentes graves, tendo lhe causado vários ossos quebrados, pinos de platina pelo corpo e até uma pequena placa de metal permanente em seu crânio, fraturado durante uma filmagem.

Em 1993, viveu o herói do mangá City hunter - Caçador de encrencas, em uma película lançada no Brasil pela Abril Vídeo. Nesse filme, também se traveste na personagem Chun Li (da série de jogos Street Fighter), em uma divertida seqüência de puro delírio.

Jackie, todavia, também já mostrou que é bom ator (ao menos, falando chinês). Nas poucas vezes em que teve papéis dramáticos, deu conta do recado, mostrando estar acima da cafonice geral que impera entre a maioria dos atores-lutadores. Também dirigiu vários de seus filmes, coreografou lutas e perseguições, assinou roteiros, produção e até cantou músicas-tema várias vezes. Cantor competente, Jackie tem em sua discografia vários álbuns lançados na China e no Japão.

Já como um astro consagrado em quase todo o mundo, faltava conquistar de vez o mercado cinematográfico norte-americano. Velho conhecido das locadoras, seu nome ainda era restrito a um público específico, sem grande apelo popular ou respeito da mídia. Isso mudaria durante a década de 90.

Arrebentando no ocidente

Com Arrebentando em Nova York (Rumble in the Bronx, de 1996), sucesso inesperado de bilheterias, as portas de Hollywood definitivamente abriram-se para o ator. Logo, vários outros convites foram se acumulando, com produções de padrão internacional, orçamentos generosos e astros internacionais dividindo a cena com ele. Mesmo sem falar bem inglês, o intrépido chinês não se faz de rogado e usa de seu carisma para conquistar as platéias.

Em 1998, emprestou suas feições e estilo de ação à série em quadrinhos Spartan X. Planejada inicialmente para a editora Topps, o título migrou para a Image Comics, com projeto de Renée Witterstaetter, trama de Rick Meyers, texto e arte de Michael Golden e arte-final de Armando Gil.

A hora do rush (Rush hour, de 1998) e Bater ou correr (Shangai noon, de 2000) fizeram grande sucesso nos cinemas e ganharam continuações, explorando parcerias bem-sucedidas de Jackie com Chris Tucker e Owen Wilson, respectivamente. Mesmo assim, continua fazendo filmes em Hong Kong, como Espião por acidente (The accidental spy, 2002), lançado no Brasil diretamente em vídeo e DVD.

Fã de clássicos da animação americana, Jackie ganhou também sua própria série de desenhos, a bem escrita e bem dirigida As aventuras de Jackie Chan (Jackie Chan adventures), exibida no Cartoon Network e TV Globo. Produzida desde 2000, tem sido um grande êxito de público e crítica nos Estados Unidos (tendo sido indicada para o Emmy) e conta com o próprio astro como produtor executivo e também participando de pequenos quadros em live-action no final dos episódios.

Atualmente, espera o lançamento mundial de seu mais recente trabalho, um coadjuvante de luxo na aventura A volta ao mundo em 80 dias (Around the world in 80 days, 2004), a ser lançada em breve. Outro filme, o quinto da saga Police Story (iniciada em 1987), estreará neste ano em Hong Kong, agora com um tom mais sério do que os primeiros. E o veterano astro também aguarda a estréia, no dia 8 de abril, de Enter the Phoenix, outro longa para o mercado asiático, desta vez apenas assinando como produtor executivo. Para 2005, é a vez de distribuir mais pancadas na terceira parte de A hora do rush.

Incansável, Jackie ainda está à procura do seu filme perfeito, uma vez que nunca se dá totalmente por satisfeito com o trabalho realizado. Sempre engajado em projetos de caridade, também não esconde posições políticas, como seu descontentamento com os rumos das eleições em Taiwan. Com tanta atividade e reconhecimento mundial, é visto como um embaixador cultural da China.

O valor dele para seu país pôde ser medido quando Hong Kong voltou para o controle chinês, depois de ter sido uma colônia inglesa. O governo chinês fez um cuidadoso trabalho diplomático para que Jackie Chan continuasse morando na cidade. Sua permanência tranqüilizou a população sobre a transição política e econômica de Hong Kong, e sua simples presença ajudou a manter a ordem. Tal qual faria um verdadeiro super-herói.

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