Sete anos depois de seu último filme como diretor, o engajado Robert Redford tenta fazer pelo seu país o mesmo que fez pelo cinema independente.
Ao longo de 90 minutos, Leões e Cordeiros (Lions for Lambs) apresenta três tramas paralelas, mas que têm pontos de conexão. Meryl Streep vive uma jornalista que ouve de um congressista republicano (Tom Cruise) a nova estratégia dos EUA para vencer a guerra. Tal estratégia de combate emprega pequenos grupos avançados em pontos-chave do território afegão. Num desses grupos estão Arian Finch (Derek Luke) e Ernest Rodriguez (Michael Pena), amigos e soldados que caem sozinhos numa montanha nevada - e aos poucos são cercados pela milícia Talebã. Os dois são ex-alunos de Stephen Malley (Redford), um professor idealista que tenta inspirar outro dos seus alunos mais promissores (Andrew Garfield) a fazer algo pelo seu país. Ele tentou desencorajar Finch e Rodriguez de se alistarem, mas entende seus motivos.
Lions for Lambs
Leões e Cordeiros
São três debates sobre o papel e responsabilidades da imprensa, governo e população nos rumos dos Estados Unidos. Cada segmento é basicamente um grande diálogo entre dois personagens com visões opostas sobre os problemas do país.
Mas a impressão ao assistir ao filme - que Redford dirige e produz - é que ele só atingirá o público que já está cansado de saber dos temas ali presentes. Além disso, o roteiro de Matthew Carnahan tem uma estrutura interessante, mas não diz nada de novo, mesmo com um ininterrupto falatório. A crítica ao governo Bush é clara, mas redundante - um teletubbie democrata. Até o título do filme é mal pensado... ele vem, como Redford explica no filme, da impressão que alemães tinha de soldados britânicos na Primeira Guerra Mundial - "Leões liderados por cordeiros". Bush e companhia não podem, de maneira alguma, serem considerados cordeirinhos...
De qualquer maneira, o drama político tem momentos. É sempre bom assistir a um elenco de qualidade trabalhando sobre um tema com o qual se preocupa e o segmento com Streep e Cruise (ainda que ele dê aquele sorriso de sempre, com a veia saltada) é, de longe, o melhor. A certeza do senador de que a estratégia recolocará os EUA em seu lugar de direito, como uma força do bem no mundo, e o ceticismo da jornalista são transmitidos com um misto de intensidade e sutileza pelos dois atores que funciona muito bem.
Um filme bem intecionado, sem dúvida, mas dar alguma consciência política ao povo dos Estados Unidos (ou pelo menos à metade que não tem) é bem mais difícil que criar Sundance.