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Loucas por Amor, Viciadas em Dinheiro

Golpe digno de Danny Ocean: ganhar no cinema um dinheirinho com um filme ideal para TV

03.04.2008, às 16H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H34

"Maridos e namorados escolhem
o que ver no cinema,
mulheres comandam a televisão"
Tina Fey


Loucas por Amor, Viciadas em Dinheiro (Mad Money, 2007) é o primeiro filme da produtora Overture Film, aberta ano passado. Divisão da Liberty Media, a Overture começou apostando na distribuição: fazer ou adquirir filmes de até 30 milhões de dólares, desová-los no cinema nos EUA e depois repassar para os canais de TV a cabo Starz e Encore, o serviço de download online Vongo e a divisão de DVDs Anchor Bay Entertainment - todas empresas da mesma Liberty Media.

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Se você decidir pegar Loucas por Amor no cinema, portanto, fique sabendo que os realizadores não pensaram o filme para a telona. A história de três mulheres que decidem dar uma de Ocean's Eleven foi pensada, sim, para a sala de estar. O retorno do investimento da Overture Films vem na televisão. Como Tina Fey (SNL, 30 Rock) diz, quem manda no controle remoto são as mulheres, e o longa dirigido por Callie Khouri se destina a elas.

Bridget Cardigan (Diane Keaton) é uma dona-de-casa que vê sua rotina luxuosa ir pelo ralo quando seu marido Don (Ted Danson) é demitido. Ela chega ao cúmulo de arrumar um emprego de faxineira na sede do Tesouro Nacional, onde milhares de cédulas velhas são destruídas diariamente para dar lugar a dólares novos. Como Bridget não nasceu para ser faxineira, ela consegue convencer uma mãe de família (Queen Latifah) e uma jovem avoada (Katie Holmes) a roubar a lata de lixo milionária do Fed.

Não há suspensão de descrença que resista à idéia de que a chapliniana Diane Keaton seria capaz de roubar um banco. Quando ela se escora pelas paredes, olhando para as câmeras de segurança a cada dois segundos, esgueirando-se como um mímico de praça para não chamar atenção, é como se estivesse escrito na testa que planeja dar um golpe. Imagino que mulheres também sejam incapazes de comprar essa premissa; Diane Keaton não comseguiria roubar uma escova de dentes. Ainda assim, talvez seja mais fácil engolir quando o filme passar na TV.

Outro ruído de Loucas por Amor difícil de suportar no cinema mas que pode ser menos indigesto entre intervalos comerciais é a mania de sociologizar o crime. É aquela coisa: o governo está jogando dinheiro fora, não vai fazer falta, e fulana precisa pagar a escola dos filhos, que bom seria se todos tivessem educação pública de qualidade, etc. A um oficial, no fim do filme, Diane Keaton filosofa que ambição é contagiosa, que ninguém se contenta com pouco, entre outras coisas, tentando se justificar. Ela está roubando mas pelo menos não está matando, só faltou falar.

Se há um golpe bem aplicado em Loucas por Amor, Viciadas em Dinheiro, não é fruto do engenho de Diane Keaton, mas dos produtores. Eles sabem que estão jogando para um público certo: as telespectadoras. Já o espectador de cinema, pego pelo caminho, pode sair da sessão com vontade de preencher um boletim de ocorrência.

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