Filmes

Artigo

Luz, câmera e Quentin Tarantino

Luz, câmera e Quentin Tarantino

22.04.2004, às 00H00.
Atualizada em 01.11.2016, ÀS 17H03

Paixão pela tela grande, narrativa inusitada, diálogos caudalosos, monólogos elaborados, ousadia, citações e referências a marcos notáveis do cinema, tudo isso virou a marca registrada de um dos nomes mais consagrados da moderna sétima arte: Quentin Jerome Tarantino.

Do signo de Áries, natural de Knoxville, Tennessee, Estados Unidos, Tarantino nasceu em 27 de março de 1963. Em cinema, já fez quase tudo. Foi produtor, diretor, ator, roteirista e até gerente de vídeo-locadora. Nessa última função, aos vinte e poucos anos, no começo da década de 80, pôde assistir a muitas obras, que, mais tarde, garantiriam enorme fonte de inspiração e criatividade para sua carreira.

A trajetória cinematográfica deste furacão inventivo teve início modesto: pequenas pontas em filmes e participações sem importância em seriados de TV até cursar direção no Sundance Institute. No entanto, antes de finalmente poder exercer profissionalmente a função de diretor, Quentin ofereceu à sétima arte alguns roteiros que fizeram história. É o caso de Amor à queima-roupa (True romance) dirigido por Tony Scott em 1993 e Assassinos por natureza (Natural Born killers), assinado por Oliver Stone em 1994.

Tarantino usou, então, a grana que conseguiu com o roteiro de Amor à queima-roupa para iniciar a pré-produção de Cães de aluguel, (Reservoir dogs), baseado num obscuro filme policial de Hong Kong, Cidade em chamas. A película recebeu, então, apoio financeiro da LIVE Entertainment depois que Harvey Keitel concordou em atuar nela, interpretando o experiente Sr. White. Foi o que bastou para o cineasta se destacar no Festival Sundance, especializado no cinema independente. O boca-a-boca após sua primeira exibição resultou em críticas muito favoráveis, tornando a produção um verdadeiro cult.

Em 1994, Quentin escreveu e dirigiu seu maior sucesso, o hoje lendário Pulp fiction - Tempo de violência, a fita que ressuscitou John Travolta. Contando no elenco com Samuel L. Jackson, Uma Thurman e Bruce Willis, foi indicada ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro Original, ganhando a estatueta por esta última categoria.

Pulp fiction expõe de maneira brilhante o estilo de seu diretor em abordar o submundo do crime com doses maciças de violência, deboche elegante, ostentação orgulhosa de suas influências cinematográficas, trilha sonora garimpada e muito bom-humor. O filme entrelaça três narrativas, arquitetadas de maneira circular e fragmentada que só se conectam inteiramente no final. A principal conseqüência desta obra que reúne todos os elementos característicos da lavra de Tarantino foi a mudança radical que se operou na cena independente dos Estados Unidos, transformando toda uma geração de novos cineastas e sua linguagem em peças valiosas no funcionamento de Hollywood. Desde então, astros de renome aceitam papeis nos seus filmes e de outros indies com muito mais facilidade, empenho e desenvoltura.

No mesmo ano de sua consagração, Tarantino também foi um dos produtores executivos de Parceiros do crime (Killing Zoe), de Roger Avary, o co-autor do roteiro de Pulp fiction. No ano seguinte, dirigiu um dos segmentos da comédia Grand Hotel (os outros episódios ficaram a cargo de Alexandre Rockwell, Robert Rodriguez e Allison Anders) e roteirizou e co-produziu Um drink no Inferno (From dusk till dawn), que reuniu, no elenco George Clooney, Juliete Lewis e o próprio Tarantino.

Em 1997, ele voltou a dirigir, levando às telas Jackie Brown, filme que adaptou o livro de Elmore Leonard e que teve como protagonista a atriz Pam Grier, famosa nos anos 70 por atuar em inúmeros fitas da chamada safra Blaxploitation, fonte de inspiração constante de Tarantino. No elenco, havia feras hollywoodianas como Samuel L. Jackson, Bridget Fonda, Michael Keaton, Robert de Niro e Chris Tucker. Dando uma de Hitchcock, o diretor fez uma breve ponta como a voz ressonante da secretária eletrônica.

Também em 1997, Tarantino apareceu em Full tilt boogie, um documentário sobre a realização de Um drink no Inferno. No ano seguinte, seu envolvimento em filmes limitou-se apenas a um papel em God said, ha!, de Julia Sweeney, e, em 1999, produziu From dusk till dawn 2: Texas blood money.

Desde então, Quentin reduziu muito suas atividades, embora tenha participado com destaque de dois episódios da telessérie Alias em 2001. Nos dois últimos anos, porém, dedicou-se inteiramente à sua quarta película, Kill Bill cuja primeira parte estreou no final de 2003 nos Estados Unidos.

Verdadeira homenagem aos filmes de vingança dos anos 70, Kill Bill traz Uma Thurman como a ex-assassina conhecida como a Noiva. Cinco anos depois que seus antigos camaradas transformaram seu casamento num banho de sangue, ela desperta do coma e jura vingança contra o bando e seu antigo chefe Bill, interpretado por David Carradine. No elenco, também estão presentes Lucy Liu, Daryl Hannah, David Carradine, Michael Madsen, e Vivica A. Fox.

A julgar pelas imagens que circulam na internet e nos trailers de cinema, Tarantino volta à carga com uma arma poderosa, que, mais uma vez, pode alçar vôo sem escalas rumo à história do cinema mundial.

Renata Prado tem um blog em www.salvemasjacas.blogger.com.br

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.