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Contos Proibidos do Marquês de Sade | Crítica

Sadismo e sensibilidade

17.01.2001, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H11

Sadismo. 1.Perversão sexual em que a satisfação erótica advém de atos de violência ou crueldade física ou moral infligidos ao parceiro sexual. [Do antr. Sade, do Conde de Sade, Donatíen-Alphonse-François (1740-1814), escritor francês, mais conhecido como Marquês de Sade.]

Como disse acima nosso amigo Aurélio, Marquês de Sade escandalizou a França pós-revolucionária com seus contos pervertidos e sua atitude infame. Como qualquer ameaça à sociedade vitoriana, acabou no sanatório condenado ao silêncio de um confinamento. Silêncio este que foi corrompido inúmeras vezes com a ajuda da lavadeira Madeleine (Kate Winslet - a mesma de Titanic? Não é possível...). Desta forma, o polêmico escritor continua publicando suas obras, para desespero do Padre Abbé Coulmire (Joaquim Phoenix, o Imperador de Gladiador). Coordenador do asilo de loucos e eternamente tentado pela beleza da jovem lavadeira, este vive um intenso conflito entre o desejo carnal e a elevação do espírito e é incapaz de calar seu paciente.

A mando do Imperador Napoleão, um eminente psiquiatra (vivido por Michael Caine) tenta amansar a fera com torturas medievais; todas em vão. O Marquês (num show de interpretação de Geoffrey Rush) se mantém fiel a seus ideais até o momento de sua morte.

Quem for ao cinema assistir Os Contos Proibidos do Marques de Sade (no original apenas Quills) esperando uma biografia fiel do escritor, certamente vai se decepcionar. Claramente, a intenção do diretor Philip Kaufman (A Insustentável leveza do ser, Henry & June) foi fazer uma releitura da vida deste genial protagonista, com a preocupação de manter as características principais de sua personalidade e literatura.

São 123 minutos de total atenção e nervosismo. Em torno da trama foi criada uma atmosfera de tensão, mergulhada em sensualidade, loucura e hipocrisia, trindade que foi a fórmula para uma história realmente envolvente.

Também se decepcionarão aqueles que imaginam um filme cheio de tórridas cenas de sexo explícito (no estilo festa De Olhos bem Fechados). O sadomasoquismo vem como pano de fundo para tratar de uma questão bem mais ampla (e polêmica): a liberdade de expressão.

O tema não poderia ser mais atual. Numa sociedade onde culpam Matrix por um massacre escolar ou Clube da Luta por um homicídio no cinema, o Marquês de Sade dá o troco com a dose certa de inteligência e ironia ao argumentar com o Padre:

Imagine que um paciente seu resolva andar sobre a água e morra afogado... Você culparia a Bíblia?

Nota do Crítico
Regular
Contos Proibidos do Marquês de Sade
Quills
Contos Proibidos do Marquês de Sade
Quills

Ano: 2000

País: EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 130 min

Onde assistir:
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