na mira do chefe
na mira do chefe
Sem ter muito o que fazer, os dois acabam até visitando alguns pontos turísticos, mas sempre deixando claro que só estão ali para passar o tempo. Se pudessem estariam em outro lugar, fazendo outras coisas e com outra pessoa ao seu lado. Como era o primeiro serviço de Ray, ele está muito nervoso, e nem a experiência de Ken, que já tem uma longa ficha, consegue acalmá-lo.
Os diálogos que surgem entre os dois são o ponto alto da estréia de Martin McDonagh como diretor de um longa-metragem. Antes, ele se ocupava de escrever e dirigir peças, tendo ganhado inclusive quatro Tony, o mais importante prêmio da Broadway, e um Oscar pelo curta-metragem Six Shooter (2006).
Ele importou do teatro a forma de dirigir os atores e conseguiu deixar para trás as atuações declamadas. O que conta aqui é a realidade em cena, o papo cotidiano, que levam a um envolvimento entre o espectador e os personagens - mesmo sendo eles assassinos. Tente não se emocionar com as sobrancelhas de Snif Snif (sim, aquele cachorrinho da década de 1980) e o olhar perdido de Colin Farrell ou o jeitão bondoso de Brendam Gleeson. Mas cuidado! Quando você acha que conhece os dois e começa a ser cativado, eles dão um jeito de dar um tiro no meio da cara de alguém, lembrando da forma mais violenta (e até divertida) quem eles são, ou se tornaram.
É essa mescla de sangue e risos que tira Na Mira do Chefe (In Bruges, 2008) do lugar comum. É o Mandando Bala (Shoot'Em Up, 2007) desse ano, com mais humor e menos cenouras. E com a enorme vantagem de não ter que se preocupar com aquela baboseira de "politicamente correto" que vem do outro lado do Atlântico. Os diálogos não poupam anões, negros, vietnamitas, holandeses, nem muito menos os estadunidenses. Ah, e sempre que podem, eles dão uma desancada também na cidade que empresta seu nome ao título original. Conto de fadas uma ova! Para os matadores irlandeses, aquele marasmo é o inferno na Terra!