Nova York, Londres, Paris, São Paulo. Não importa a metrópole. Nesse mundo globalizado em que vivemos, muitos dos problemas se repetem em becos e guetos, onde vivem imigrantes que saíram de suas cidades em busca de sonhos, de uma vida melhor, mais cheia de oportunidades. É o caso de Tarek (Haaz Sleiman) e Zainab (Danai Gurira), ele um músico vindo da Síria, ela, uma artesã senegalesa.
Os dois estão morando em Nova York, tentando levar a vida da melhor forma possível, quando chega ao seu apartamento um estranho homem chamado Walter (Richard Jenkins). Na verdade, não demora para descobrirmos que os estranhos por ali, na verdade, são eles. Walter é o dono do lugar, que foi ilegalmente locado ao casal por um golpista. Ao ver que os dois não têm para onde ir, Walter decide ajudá-los deixando-os ficar por lá até arrumarem um novo teto onde morar.
O Visitante
O Visitante
O Visitante
É a primeira demonstração de sentimento de Walter, um professor universitário que vive na inércia desde a morte de sua esposa. Em contra-partida ao estilo distante do estadunidense, está o jeito sempre animado de Tarek, que passa a dar aulas de música ao seu novo senhorio, colocando naquele semblante vazio um pouco de vida. É o início de uma amizade como já se previa, daquelas que vai mudar a vida do quadradão clássico, que vai passar a ganhar mais e mais cores terceiro-mundistas e a alegria que vem de brinde.
Mas apesar de ser um projeto que prima pelos personagens e seus desenvolvimentos, há por ali muito mais do que isso. Toda a questão dos imigrantes que vivem ilegalmente no país, a burocracia que eles enfrentam, a síndrome de pequeno poder, a paranóia de achar todo mundo terrorista e até mesmo o fim do "sonho americano". Ainda vale a pena sair do seu país, onde conhece os costumes, as pessoas e você é aceito para viver em um lugar que não te quer por lá e não pensa duas vezes antes de deixar isso bem claro?
Quem faz a pergunta - e expõe algumas respostas - é o cineasta Tom McCarthy. Ele já havia demonstrado na sua estreia, o ótimo O Agente da Estação, que entendia da arte de contar a história com silêncios. E repete a dose aqui. Mesmo que esses silêncios sejam, na verdade, em uma barulhenta estação do metrô nova-iorquino ou entre tambores africanos.
Todo o elenco principal está ótimo. Não foi à toa que Jenkins ganhou uma indicação ao Oscar de Melhor Ator e não seria injusto se Sleiman tivesse conseguido ele também um espaço no prêmio da Academia, como Coadjuvante. É contagiante a bondade que ele transmite.
Mas é com a chegada da mãe de Tarek (Hiam Abbass) que a história se completa. É um terceiro ato inesperado, que a princípio destoa do que estava sendo contado, mas alinhava esse conto urbano de uma forma magistral.