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Filmes
Entrevista

Omelete entrevista os cineastas argentinos Lucrecia Martel e Daniel Burman

Omelete entrevista os cineastas argentinos Lucrecia Martel e Daniel Burman

LR
04.11.2004, às 00H00.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 04H06

Os filmes argentinos estão sendo bastante aclamados e comentados durante o 48º Festival de Cinema de Londres, que termina hoje, dia 4 de novembro. Seis produções foram selecionadas para representar o país platino no Festival: La Niña Santa, de Lucrecia Martel, O abraço partido, de Daniel Burman, El Tren Blanco, de Nahuel Garcia, Cautiva, de Gaston Biraben, Parapalos, de Ana Poliak e a co-produção argentino-uruguaia Whisky, dos diretores Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll.

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Durante esta semana houve um painel especial sobre os filmes argentinos, "Contra todas as expectativas - o novo Cinema Argentino", com presença dos cineastas Lucrecia Martel e Daniel Burman, que explicaram à platéia de onde vem a influência dessa nova geração de profissionais.

"O que o público europeu e muitos críticos pensam é que somente depois da crise e da quebra do país, em 2001, é que nós começamos a fazer bons filmes, o que não é verdade. Na Argentina, se faz cinema há mais de 50 anos. A realidade é que nós não temos grandes orçamentos e talvez por isso nosso produto seja considerado tão surpreendente, afinal temos de usar a criatividade para fazê-los", explicou Burman.

A diretora Lucrecia Martel ressaltou a influência da história de seu país nos realizadores desta chamada nova-geração. "Quando falamos de cinema argentino sentimos que falta alguma coisa. Que algo se perdeu no meio do caminho. E isso se deve à epoca da ditadura, quando - durante os anos 70 e 80 - o país foi arrasado culturalmente. Muita gente que estava vinculada à industria do cinema desapareceu e os que puderam escapar simplesmente levaram seus potenciais a outros países. E muitas pessoas pensam que a morte de algumas pessoas pode ser reparada facilmente, mas a perda desta contribuição é o que a gente mais sente". 

Lucrecia explicou que justamente essa geração "perdida" durante a época da ditadura poderia ter gerado uma resistência cultural nos anos 90 para evitar a liquidez da Argentina. "É essa geração dos "invisíveis e desaparecidos" que nos influenciou como diretores. Como argentinos, nós nos sentimos na obrigação de mostrar ao público nossa vida cotidiana, pois nossos filmes tratam basicamente disso".

Em La Nina Santa, Lucrecia mostra um pouco do interior do país, em especial uma região rica e variada culturalmente, Salta, onde o filme foi rodado. A história mistura um pouco de sentimento de culpa religioso e curiosidade sexual. E foi esse mistério e sensualidade que provocaram e dividiram as opiniões em Cannes e encantaram a platéia no Festival de Londres.

Enfrentando a crise

O abraço partido recebeu os Ursos de Prata de Melhor Filme e Melhor Ator segundo o júri oficial do último Festival de Berlim. No filme, Daniel Hendler faz o papel de um jovem judeu que mora em Buenos Aires e sofre quando seu pai viaja para lutar na Guerra de Yom Kippur, entre árabes e israelitas, e nunca retorna. Este senso de desorientação desperta nele um desejo de explorar suas raízes européias.

Situação muito parecida viveu o próprio Burman, quando ele também esteve em busca do seu passaporte europeu. "Meus avós eram poloneses e quando, no meio da crise Argentina, li nos jornais que a Polônia ia fazer parte da União Européia eu disse a mim mesmo: vou virar polaco. No meio do processo descobri muitas coisas sobre o meu passado e a minha identidade e isso me ajudou a enfrentar a crise econômica", disse Burman.

Co-produções

Além dos cinco longas que dirigiu (um deles sendo o documentário 7 días en el Once, de 2002), Daniel Burman tem também uma empresa produtora de cinema. Sobre seu último projeto, Diários de Motocicleta (de Walter Salles Jr., 2004), ele disse que esse trabalho trouxe ótimos resultados para o cinema latino-americano. "Essa parceria do Brasil com a Argentina foi uma das melhores experiências que já tive no cinema. Quando tenho apenas que produzir, sem dirigir, durmo bem mais tranqüilo", brincou.

Burman também falou um pouco sobre a nova lei de incentivo que os filmes argentinos estão recebendo no seu país, ressaltando a força que o governo está dando aos projetos menos comerciais. "É muito difícil competir com os grandes blockbusters americanos pois eles fazem suas estréias simultaneamente no mundo todo, para evitar a pirataria. E para tentar proteger os nossos produtos, uma nova legislação entrou em vigor, exigindo uma cota maior de exibição de filmes nacionais nas salas comerciais do país", explicou Burman.

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