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Crítica

Os Homens São de Marte... e É Pra Lá que Eu Vou | Crítica

Mônica Martelli leva sua versão distorcida do amor ao cinema

20.10.2014, às 16H04.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 23H03

Movimentos de libertação social são geralmente seguidos por períodos de repressão espontânea. Assim, os desapegados hippies geraram os engravatados yuppies e o feminismo deu origem a uma leva de mulheres desesperadas por preencher vazios existenciais com o sexo oposto.

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Em Os Homens São de Marte... E É pra Lá que Eu Vou, Mônica Martelli vive uma dessas "filhas rebeldes” da independência feminina que, depois de conquistar uma carreira de sucesso, vive a solidão de, aos 39 anos, não ter com quem dividir sua vida. “Ninguém quer ficar milionário e dormir sozinho na cama", reflete a atriz e roteirista. O argumento seria pertinente, não fosse Fernanda, a personagem nascida das suas experiências amorosas, se definir pelos homens que a acompanham. Ela é politizada ao sair com um senador (Eduardo Moscovis), sofisticada e aventureira ao namorar um milionário excêntrico (Humberto Martins) e amante da natureza ao se apaixonar, não muito profundamente, por um “gringo baiano” (Peter Ketnath). São relações que servem para criar situações pitorescas no roteiro da comédia romântica, mas transformam a heroína da história em uma tola.

Essa falta de personalidade é corroborada por uma narração em off descompassada e, quase sempre, redundante. Ao invés de explorar os pensamentos mais íntimos da sua protagonista, o diretor Marcus Baldini (Bruna Surfistinha) resolve amarrar a produção burocraticamente. Para não ofuscar a desinteressante Fernanda, o longa também subaproveita a sua comitiva, formada por Paulo Gustavo e Daniele Valente, responsáveis pelos pelos poucos momentos de espontaneidade do filme.

Quando decide mudar sua atitude em relação aos homens e finalmente engata um relacionamento mais saudável com o personagem de Marcos Palmeira, a heroína revela que sua busca não era pelo amor, mas pelo ato. Tantas desventuras foram válidas pois agora ela teria uma foto sua vestida de noiva na parede da sala. Logo, ter um marido supera a importância do marido em si. Martelli diz que “ama estar apaixonada” e é “apaixonada pelo amor". Uma percepção de relacionamento que está mais para autoafirmação do que para a união entre duas pessoas.

Esse conceito não deixa de ser um retrocesso para homens e mulheres. O feminismo busca, em essência, a igualdade entre gêneros. Consequentemente, um relacionamento saudável implica em companheirismo, em duas pessoas dividindo alegrias e tristezas. A prova de que muitas pessoas compartilham dessa visão de Martelli sobre o amor é que o seu monólogo, que serve de base para o filme, passou nove anos em cartaz, com um público total de mais de 2 milhões de pessoas. Mulheres que até conquistaram a sua independência financeira, mas não a emocional.

Nota do Crítico
Regular
Os Homens São de Marte ... e é Pra Lá que Eu Vou
Os Homens São de Marte ... e é Pra Lá que Eu Vou
Os Homens São de Marte ... e é Pra Lá que Eu Vou
Os Homens São de Marte ... e é Pra Lá que Eu Vou

Ano: 2014

País: Brasil

Classificação: 14 anos

Duração: 108 minutos min

Direção: Marcus Baldini

Elenco: Mônica Martelli, Paulo Gustavo, Daniele Valente, Marcos Palmeira, Eduardo Moscovis, Herson Capri, Alejandro Claveaux, Júlia Rabello, Humberto Martins, Irene Ravache, Peter Ketnath, José Loreto, Maria Gladys, Ana Lúcia Torre

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