A palavra que melhor se encaixa quando penso no filme Paranóia (Disturbia, 2007) é "surpresa". A começar pelo dia em que assisti ao filme. Eu estava no cinema para ver a prévia de Transformers, quando fiquei sabendo que também teríamos a exibição deste outro trabalho do jovem Shia LaBeouf. No início pensei (e várias pessoas ao meu lado também pensaram) que ia ser só o trailer. A forma linear mostrava que era um pedaço do longa (os primeiros 10 minutos, talvez?). Mas depois de 15, 20 minutos eu já estava fisgado na história do menino problemático que acaba preso em sua própria casa depois de socar um professor na escola.
De cara, o castigo parece uma dádiva. Ele fica em casa navegando na Internet, jogando videogame, ouvindo música, vendo TV... enfim, nada de útil. Mas até mesmo fazer nada cansa e logo surge a idéia de espionar os vizinhos. Montando um tipo de reality-show próprio usando os aparelhos eletrônicos que tem em casa, ele passa a observar de perto o que acontece nas casas ao seu redor. Tem a linda vizinha que acabou de se mudar, os moleques que vêem pornografia escondidos, o assassino, o adúltero... Peraí, como assim assassino?!
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Essa é a dúvida que vai alimentar o suspense pelos seus 105 minutos. Será que Kale (LaBeouf) está certo e o cara que mora ao lado é o assassino serial do qual ninguém tem pistas, ou esta é só uma peça pregada pela sua mente de adolescente reconhecidamente desiquilibrado e que pode estar começando a delirar? Para ajudá-lo nas investigações estão o melhor amigo Ronnie (Aaron Yoo) e a lindinha Ashley (Sarah Roemer).
As comparações com o clássico Janela Indiscreta são praticamente obrigatórias, atualizando a premissa para a geração youtube. Mas se o diretor D.J. Caruso está anos luz de ser um Hitchcock, Shia LaBeouf não decepciona. Compará-lo com James Stewart seria injusto, até por que os personagens têm preocupações bastante diferentes, mas seu potencial é gigantesco, e com Transformers e Indiana Jones IV na bagagem, não há mais como negar a sua atual importância em Hollywood.
E depois de acompanhar com atenção as situações cômicas bem desenvolvidas, o crescimento da tensão sexual dos adolescente e o envolvente suspense, vem a surpresa final, um desfecho decepcionante. Mas aí o estrago já está feito, e tanto a diversão quanto a pipoca já foram devidamente consumidos.