Alex Proyas é mais conhecido pelo seu recente trabalho em Eu, Robô (I, Robot, 2004), mas tem em seu currículo também o cultuado Cidade das Sombras (Dark City, 1998), frequentemente comparado com Matrix (1999). Traduzindo, é fazendo ficção científica que ele se sente confortável o suficiente para jogar suas ideias e criar ambientes. Melhor ainda se puder montar um cenário fora do cotidiano normal em que vivemos.
Por isso, o ambiente bonitinho e perfeitinho dos anos 1950 que vemos no início de Presságio (Knowing, 2009) dura tão pouco. Em questão de minutos descobrimos que a menina que teve a melhor ideia de um concurso na escola é uma freak. Quando ela propôs a criação de uma daquelas cápsulas do tempo em que você "guarda" coisas para serem reabertas no futuro, ela queria na verdade mandar uma mensagem às pessoas que abririam o tubo 50 anos no futuro.
Presságio
Presságio
Como você vai aprender com o filme, nada acontece por acaso. E o papel em que ela escreve centenas de números aparentemente sem significado cai nas mãos de Caleb Koestler (Chandler Canterbury), filho do astrofísico John Koestler (Nicolas Cage). Os dois vivem sozinhos a barra de sobreviver à morte da mãe do garoto. Intrigado com aqueles números, o menino tenta desvendar a equação, mas quem consegue decifrar o enigma é seu pai.
Dizer que Nicolas Cage faz o papel de um cara excêntrico é quase um pleonasmo. E Presságio não é exceção à sua carreira de altos e baixos. John descobre que os números são previsões exatas das datas dos maiores acidentes da história da humanidade nos últimos anos - incluindo aí o 11 de Setembro, claro - e que uma nova catástrofe está prestes a acontecer. Terá ele tempo para detê-la? Mais do que isso, terá ele como detê-la?
O filme, que começa assustador, com meninas cabeludas e sem expressão, tem pitadas de drama familiar, ação, aventura e, por fim, mostra-se a ficção científica na qual Proyas é especialista. Para mostrar tudo isso, o cineasta egípcio gasta 121 minutos, que não chegam a cansar devido ao bom ritmo imposto pela trama, os novos personagens que vão se juntanto ao quebra-cabeças, até o desfecho, que foge do lugar comum.
São ótimas as cenas de catástrofes criadas por Proyas e sua equipe técnica, que tiveram boas ideias e, principalmente, souberam colocar tudo em prática. Méritos também à equipe de maquiagem e hair-design, que conseguiu domar a cabeleira do Nicolas Cage, alvo constante de brincadeiras aqui no Omelete. Até acredito que consigam prever os acidentes que vão acontecer no futuro, mas as madeixas do Nicolas Cage continuam imprevisíveis.