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Crítica

À Procura | Crítica

Pretensioso, filme de Atom Egoyan é apenas ingênuo

03.12.2014, às 17H15.
Atualizada em 10.01.2015, ÀS 18H38

Pela sinopse, À Procura (The Captive, 2014) parece seguir a mesma linha de Os Suspeitos (Prisoners, 2013): um pai desesperado, capaz de tudo para encontrar sua filha. Desde a primeira cena, porém, o egípcio Atom Egoyan mostra que não está interessado no mistério do desaparecimento, mas nos efeitos da tragédia nos pais, na vítima, nos policiais responsáveis pelo caso e no próprio sequestrador.

Para tanto, revela o rosto do algoz e mostra sua presa em um cativeiro confortável e engenhosamente alheio ao mundo exterior. Em seguida, corta para o rosto da mãe, inchado e sob lágrimas embaixo de um grande par de óculos escuros. É o aniversário de cinco anos do desaparecimento de Cass. O sequestro em si será mostrado muito depois, quando Egoyan contrasta a garotinha que esperava o pai comprar uma torta para o jantar com a adolescente que aprendeu a conviver com a prisão.

Trafegando aleatoriamente por essas diferentes linhas temporais, o filme revela a volubilidade da ausência. No sexto ano do desaparecimento, a mãe aparece conformada, no ano seguinte, frente às novas evidências, volta a um estado de angústia. O problema é que, não satisfeito com o estudo dos seus personagens, Egoyan os insere no contexto de um complexa rede de pedofilia. O ciclo que transforma vítimas em aliciadores é tratado apenas como um mecanismo, sem qualquer sensibilidade. Serve, na teoria, para adicionar camadas aos diferentes segmentos narrativos, mas acaba tornando rasteiras as transformações de Cass e de seu carrasco.

Além disso, apesar de rejeitar a aura do suspense, o filme insere pequenos elementos de mistério, que também servem apenas para reduzir a importância do drama dos seus protagonistas. Os atores, porém, se esforçam. Ryan Reynolds, Mireille Enos, Scott Speedman, e Rosario Dawson constroem cuidadosamente o desequilíbrio de seus personagens. A forma com Egoyan os organiza, como pequenos esquetes de sofrimento, é que afeta o desenvolvimento do filme como um todo.

Tão pretensioso, À Procura acaba se saindo ingênuo. Um filme com um conceito interessante, perdido na sua vontade de complicar.

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