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Crítica

A Rebelião | Crítica

Mathieu Kassovitz faz seu filme de guerra à moda Apocalypse Now para discutir a política francesa

30.08.2012, às 19H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 20H03

Depois que se estabeleceu como diretor em 1995, com O Ódio, o francês Mathieu Kassovitz passou a experimentar com gêneros habituais do cinema hollywoodiano, como o thriller psicológico (Rios Vermelhos), o terror de reviravoltas (Na Companhia do Medo) e a ficção pós-apocalíptica (Missão Babilônia). Em A Rebelião é a vez de um tipo muito particular de filme de guerra, o febril.

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A cena em que Kassovitz está deitado na cama olhando para o ventilador no teto, cujas pás giram com o som de helicópteros ao fundo, deixa evidente o modelo que A Rebelião emula o tempo todo: o de Apocalypse Now. Sai a Guerra do Vietnã, entra a revolta de 1988 na colônia francesa de Nova Caledônia, mudam os trópicos mas o choque de realidade é o mesmo: de um lado o jovem militar idealista, do outro a máquina de guerra das "intervenções militares" do Ocidente.

O arquipélago localizado a mil quilômetros a Leste da Austrália é território francês desde 1853. No ano de 1988, com a aprovação de uma lei que limitaria mais a autonomia do povo kanak na Nova Caledônia, um grupo separatista mata policiais franceses e se esconde na selva com reféns. Entra em ação o GIGN, força especial do exército especializado em contraterrorismo, encarregado de negociar com os separatistas e chefiado pelo capitão Philippe Legorjus, papel de Kassovitz.

Assim como a produção de Apocalypse Now, o longa francês também passou por longos revezes até ficar pronto; foram nove anos de negociações com o povo local e de filmagens. Na tela, Kassovitz faz questão de pontuar a "febre da selva" com planos constantes de contraluz. Filmar contra o sol ou encerrar planos virando a câmera para a luz é a forma (um tanto literal demais, na verdade) que ele encontra para nos colocar no ponto cada vez mais cego de Legorjus, o negociador que se vê encoberto pelos múltiplos interesses em jogo.

Os principais estão a 16 mil quilômetros de distância, em Paris, onde Jacques Chirac e François Miterrand disputaram naquele ano a eleição presidencial. Então primeiro-ministro, Chirac tinha interesse numa resolução rápida para o conflito no Pacífico Sul, e pintar os kanak como terroristas atrairia o eleitorado francês de direita. Sobra para Legorjus, de um lado, satisfazer as exigências dos separatistas armados e, do outro, impedir que o exército entre na selva atirando em nome "da ordem e da moral", como diz o título original do filme.

Kassovitz se sai melhor quando filma as disputas retóricas de gabinete, nas costuras de Legorjus, do que no front propriamente dito, onde sua câmera busca reproduzir o calor do combate mas não vai além de emulá-lo - como na hora em que o zoom da câmera em primeira pessoa vai e volta para imitar a respiração ofegante de Legorjus, ou quando a ação é filmada em plano-sequência para soar mais realista. De qualquer modo, A Rebelião termina tendo mais em comum, no fim, com a tendência do cinema francês de medir os limites da democracia do que com o horror da guerra dos filmes dos EUA.

A Rebelião | Trailer legendado

A Rebelião | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom
A Rebelião
L´ordre et la Morale
A Rebelião
L´ordre et la Morale

Ano: 2011

País: França

Classificação: 14 anos

Duração: 139 min

Direção: Jonathan Mostow

Elenco: Arnold Schwarzenegger, Nick Stahl, Claire Danes, Kristanna Loken, David Andrews, Mark Famiglietti, Earl Boen, Moira Harris, Chopper Bernet, Christopher Lawford, Alana Curry

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