A trama é conhecida: um policial tem um trauma muito grande escondido em seu passado e decide mudar sua vida, mas é forçado a encarar de frente os problemas que estavam enterrados. O ator é conhecido: Bruce Willis, famoso principalmente pela série de TV A gata e o rato (que no século passado fez certo sucesso na Globo) e pela trilogia Duro de matar (1988, 1990 e 1995). Assim, quem vai ao cinema já sabe o que esperar: muitos tiros, explosões, dramas baratos, histórias sem sentido, enfim, os clichês dos filmes de ação, certo? Sim e não...
Enquanto mostra porque Jeff Talley (Willis) decidiu trocar o posto de negociador de reféns da SWAT em Los Angeles pelo de chefe do departamento em uma pequena cidade no sul da Califórnia, o diretor francês Florent Emilio Siri, discípulo de Eric Hommer estreando em Hollywood, consegue sair do básico e criar o clima certo para um thriller policial. Além da dor na consciência adquirida em Los Angeles, Talley tem de enfrentar problemas conjugais e uma filha adolescente em ebulição.
Refém
Refém
Além da interessantíssima seqüência dos créditos iniciais, Siri acerta também ao colocar os garotos-problema invadindo uma casa "apenas" para roubar um carro e se deslumbrando com a possibilidade de se tornarem milionários. O drama dos meninos dentro da casa, se desesperando pela sinuca de bico para qual caminham, e dos reféns - um pai, e um casal de filhos - é um crescente interessante que consegue deixar o espectador irriquieto em sua cadeira.
Armadilhas do gênero
O problema é que ele acaba caindo nas armadilhas do gênero e do mercado norte-americano quando tem de mostrar a superação de Talley. A partir deste momento, surgem vilões que andam no meio das chamas carregando garrafas de coquetel molotov, donzelas em apuros com ar de Madonna (a santa, não a rainha do Pop) e misteriosos endinheirados sem rosto. A possível ligação destes últimos com o passado de Talley é citada, mas nunca resolvida. Para um filme que quer costurar todas as pontas, Refém (Hostage, 2005) acaba deixando sobras de tecido desfiados por todas as partes.
A seqüência final, que mais parece um faroeste, é a síntese do modo Duro de Matar que tem marcado a maioria dos filmes de Bruce Willis, um ator que não é limitado, mas que precisa ser bem dirigido para fazer sua cara de bebê chorão ficar legal na tela. Claro que um bom roteiro também não faria mal a ninguém. Isso dito, continuemos a nossa espera por Sin City.
Refém
Hostage
Ano: 2005
Lançamento: 29.04.2005
Gênero: Suspense
País: EUA, Alemanha
Classificação: 16 anos
Duração: 113 min
Direção: Florent-Emilio Siri
Roteiro: Doug Richardson
Elenco: Bruce Willis , Kevin Pollak , Jimmy Bennett , Ben Foster , Jonathan Tucker , Serena Scott Thomas , Rumer Willis , Kim Coates , Robert Knepper , Tina Lifford , Art LaFleur , Kathryn Joosten , Johnny Messner , John Ingle , Jamie McShane , Chad Smith
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