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Crítica: Sin City - Cidade do Pecado

Sin City - Cidade do Pecado

28.07.2005, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H18

Colecionador da série policial em quadrinhos Sin City desde 1992, quando o primeiro volume da série policial chegou às lojas, o prolífico Robert Rodriguez empolgou-se em realizar um longa-metragem baseado na obra. Doze anos se passaram até que ele finalmente encontrasse o tempo e os recursos necessário para fazê-lo. No entanto, havia uma problema... Frank Miller, o consagrado quadrinhista criador desta e de tantas outras HQs que mudaram a cara da nona arte nas décadas de 1980 e 90, não tinha intenção de vender os direitos para transformar sua obra autoral em filme.

Rodriguez, felizmente, não se deu por vencido. Preparou por conta própria um curta-metragem com Josh Hartnett no papel principal e apresentou-o a Miller. As opções apresentadas ao quadrinhista pelo cinesta foram bastante simples: se ele gostasse do que viu, os dois fariam o filme juntos. Do contrário, o criador teria um curta bacana pra mostrar para os amigos. O vídeo tinha três minutos de duração. Quando cheguei ao final do primeiro minuto, parei e disse o que quer que venha depois disso, pode contar comigo, comentou empolgado Miller em entrevista à revista Empire.

Sin City - A Cidade do Pecado

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E o roteirista e ilustrador de Batman: O Cavaleiro das Trevas tinha razão para lançar-se no projeto tão apaixonadamente. O que ele viu era prova suficiente de que Sin City, HQ noir ilustrada em alto contraste, sem tons de cinza, podia sim ser adaptada para o cinema.

Com o aval do mestre, Rodriguez deixou a Associação dos Diretores da América (eles não permitem co-direções quando os cineastas já têm nomes estabelecidos) e além de co-dirigir, como já virou mania em seus filmes, ele também montou, produziu, compôs parte da trilha, editou sons, supervisionou efeitos especiais, dirigiu a fotografia e até operou câmeras da adaptação.

De fato, chamar o longa-metragem de adaptação é falar bobagem. Não houve concessão alguma ali. Cada plano do filme, cada diálogo é diretamente extraído da obra em quadrinhos. Os tons de cinza até aparecem (ficaria estranhíssimo se não existissem), mas o contraste é diferente de tudo o que já foi produzido na indústria do cinema até hoje. Para obter tal requinte estilístico, Rodriguez rodou toda a produção com fundos verdes - croma-keys - que mais tarde foram substituídos por pretos e brancos totais, tons há muito buscados e pouco obtidos por diretores de fotografia de todo o mundo. A cor, como no quadrinho, só é utilizada quando tem relevância total para a história. O sangue é vermelho quando o filme pede que soframos por um personagem, o vilão é amarelo quando o asco precisa ser evidenciado.

A Cidade do Pecado em três tempos

A história do filme combina três volumes da série - The Hard Goodbye, The Big Fat Kill e That Yellow Bastard - mais uma introdução. Cada uma traz em seu elenco nomes invejáveis de Hollywood.

A primeira, sem dúvida a melhor, coloca o desacreditado Mickey Rourke de volta ao mundo dos vivos na Meca do Cinema. Sua dramática e dinâmica interpretação do durão tanque de guerra Marv, um truculento ex-criminoso em busca de vingança pela morte de uma prostituta, é tão memorável quanto a noite de amor que ele piedosamente recebe da profissional.

The big fat kill, a segunda, é a mais engraçada, mas também a menos empolgante. Ela trata de uma guerra entre policiais corruptos e as prostitutas da Cidade Velha de Sin City, donas de seu próprio pedaço e de um arsenal capaz de fazer cair o queixo de qualquer chefe de morro carioca. No centro desse confronto estão Jackie Boy (Benicio Del Toro, engraçadíssimo), Dwight (Clive Owen, com a competência habitual) e a chefe das amantes de aluguel, Gail (Rosario Dawson). Apesar dos diretores afirmarem que o tiroteio final foi propositalmente feito de forma cartunesca - com os personagens parecendo figuras recortadas diante do cenário 3-D -, a impressão é de que, nesta seqüência, eles erraram a mão. Mas eles têm crédito. Principalmente porque fica neste segmento a divertida cena filmada por Quentin Tarantino em que Dwight e o cadáver de Jackie Boy dirigem por uma rodovia enquanto travam um diálogo bizarro.

Dividida em duas partes, That Yellow Bastard é a mais violenta das três. A história traz Bruce Willis como Hartigan, um detetive durão (ok, vc já entendeu... TODOS os anti-heróis de Sin City são durões), que passa oito anos numa prisão infernal depois de impedir que o filho pedófilo de um influente político local faça mais uma vítima. Muito falou-se também sobre a participação da sexy (se existisse um superlativo para sexy essa palavra caberia perfeitamente aqui) Jessica Alba como a pequena Nancy Callahan. A falação é justificada. A linda atriz de traços latinos vive uma striper que só não mata ninguém do coração na platéia porque não tira a roupa (ela disse que ficaria desconfortável ficando nua no filme).

Sensual, cruel e engraçado, Sin City beira a perfeição. A atmosfera noir - o submundo de uma cidade corrupta, onde transitam vigaristas, assassinos, vigilantes e mulheres fatais - só se perde no já citado segmento descontrolado The Big Fat Kill. Se Miller e Rodriguez tivessem deixado apenas a introdução e os dois outros capítulos fossem levemente ampliados (um deles, The Yellow Bastard, foi também o que sofreu mais cortes na montagem), talvez o longa poderia ter ficado irretocável. De qualquer forma, o DVD permitirá que os três momentos sejam conferidos separadamente, o que deve tirar um pouco da má impressão do capítulo inferior aos demais. Mas com ou sem ele, Sin City é uma tremenda experiência visual. Aguardamos ansiosamente o segundo!

Nota do Crítico
Ótimo
Sin City: A Cidade do Pecado
Sin City
Sin City: A Cidade do Pecado
Sin City

Ano: 2006

País: EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 0 min

Direção: Frank Miller, Robert Rodriguez

Roteiro: Frank Miller

Elenco: Bruce Willis, Mickey Rourke, Clive Owen, Jessica Alba, Elijah Wood, Josh Hartnett, Jaime King, Rutger Hauer, Benicio del Toro, Rosario Dawson, Michael Clarke Duncan, Devon Aoki, Alexis Bledel, Brittany Murphy, Powers Boothe, Marley Shelton, Nick Stahl, Michael Madsen, Carla Gugino, Makenzie Vega, Frank Miller

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