Uma das atrações da Comic-Con 2010 foi a réplica do Fliperama do Flynn. Apesar de estar montada fora do Centro de Convenções de San Diego, ela fazia parte do evento, afinal, Tron: O Legado era um dos patrocinadores.
Foi lá que o Omelete teve a oportunidade de conversar com os atores Bruce Boxleitner e Beau Garrett, os produtores Sean Bailey e Steve Lisberger, além do diretor Joseph Kosinski.
Tron: O Legado
As entrevistas foram divididas em duas partes. Veja agora o que eles falaram sobre o que foi o Tron de 1982 e o que veremos agora.
Como foi voltar a "Tron" tantos anos depois?
Steven Lisberger: É um tipo de experiência como "Rip Van Winkle", sabe? Quando a cortina sobe, escurece e estamos de volta à terra de Tron... É como se vinte e cinco anos desaparecessem. As luzes acendem e é tipo: "Espera aí, esse corpo está muito mais velho do que deveria".
Bruce Boxleitner: Vinte e sete anos depois eu não sei de outro filme que teve uma sequência tanto tempo depois, em tempo real. Porque normalmente eu ouço mais pessoas me perguntarem: "Estão refazendo Tron? Não, não é. A nova palavra é reimaginar, refazer, certo?" Mas eu falo: "Não. É uma sequência". E eles ficam: "Nossa!".
Obviamente você viu o primeiro Tron...
Beau Garrett: Eu não vi. Eu fiz uma escolha. Eu nasci em 1982, e meus pais não são grandes cinéfilos ou fãs de ficção científica e coisa assim. Então eu não cresci nesse mundo. Quando isso acontece eu prefiro esperar... Quero ver o nosso, e então voltar e ver o original. É legal ver um em seguida do outro, então vou esperar. Foi minha escolha. Eu não queria ver o original e aí projetar como deveria ser. Você tem que estar aberto para o que pode vir a ser.
Quão familiar você era com o filme original quando começou a trabalhar no projeto?
Sean Bailey: Bem familiarizado. Já tinha visto algumas vezes, e vi quando era menino, em 1982, no cinema com meu pai. Eu lembro de olhar para a tela e não parecia com nada que eu já tenha visto. E aquilo ficou em mim. Eu pensei que a ideia era tão à frente do seu tempo. Como seria se eu entrasse em um sistema e vivesse minha vida como um avatar digital. E... Pensar onde estamos hoje e poder tentar isso nos dias de hoje. O que tudo isso significa e parece hoje foi empolgante e desafiador.
Quando você percebeu que Tron havia se tornado algo cultuado e como isso foi para você?
Steven Lisberger: Eu sempre achei que o personagens de Tron durariam. De alguma forma Tron continuaria no ciberespaço. E... Como eu disse, o futuro finalmente alcançou o passado.
Bruce Boxleitner: Bom, significa muito para mim porque... Aproximadamente dez anos atrás houve um rumor sobre uma refilmagem. Foi escrito comigo na história, houve conversas e tudo mais e me perguntei porque me queriam no filme, caso eles fossem realmente fazer. E então não ouvi mais sobre isso.
Eu só acho que... quando eu descobri sobre o sucesso... Quer dizer, eu sabia. Tinha visto listas, top 10, favoritos e coisas assim. Já estive pelo mundo todo para outros projetos e acho que autografei mais coisas de Tron... Por todo o mundo, mas 85% do que já autografei tinha a ver com Tron. Então eu sabia que estava por aí. Mas alguém teve que inventar uma história... Então quando ligaram falando que tinham interesse em me ter no filme... e que o Jeff estava fazendo, foi o mesmo motivo de eu ter feito o primeiro: Jeff Bridges. Porque eu era um fã do que ele estava fazendo na época, um contemporâneo com quem eu gostaria de trabalhar. Ele foi um grande atrativo para o original, porque quando eu li não consegui entender. "RAM", "CRON". O que é isso? Achei que era meio "Guerra nas Estrelas".
Steve Lisberger: Fazer foi uma questão da tecnologia alcançar o que vocês queriam fazer na visão original do filme ou... É mais sobre... O futuro se encontrando com o passado. Acho que Tron foi meio que uma mitologia fundadora que levou a apreciação da geração da época pela tecnologia, pela internet para finalmente perceberem que isso éramos nós, essa é a nossa história. E aparentemente isso ficou com eles, nos seus corações e mentes por todos esses anos. E agora está de volta.
Qual foi a maior exitação dos estúdios em trazer Tron de volta?
Joseph Kosinski: Eles estavam tentando há anos e estavam procurando a história certa, estavam esperando pela combinação certa de pessoas para se unirem e fazerem. Acho que, com o Sean produzindo, Adam e Eddie escrevendo o roteiro, achamos a combinação certa de pessoas na história certa. Então Jeff entrou e as pessoas responderam bem na Comic-Con, tudo começou a acelerar e agora estamos aqui.
Ele também exitou?
Joseph Kosinski: Jeff?
Sim.
Joseph Kosinski: Acho que Jeff é cético em todo projeto que chega. Acredito que todo dia é oferecido a ele um novo projeto, então ele é bem específico com os projetos que aceita. Ele quer saber qual é a história, qual é o personagem... conversamos muito sobre isso antes dele aceitar.
Steve Lisberger: Os temas do primeiro filme tinham a ver com... A nossa introdução ao computador, não tínhamos que nos preocupar em tornar o computador real em nossas vidas. Apenas tínhamos que sonhar alto e pensar em todas as coisas legais que poderiam acontecer. Esse filme é sobre como tornar isso real e como integrar isso à sua vida. Joe fez um trabalho fenomenal em torná-lo real. Eu acho que nós usamos a tecnologia achando que ela nos uniria e agora a preocupação é se vai nos separar. Que vai nos impedir de nos comunicar em um nível humano. "O amor não é digital", esse é meu lema.
Estamos saindo da febre 3D de Avatar. Você acha que funcionaria do mesmo jeito se não fosse em 3D?
Sean Bailey: Tron é um filme que sinto que deve ser particularmente em 3D. Eu, pessoalmente, não acho que o 3D seja para qualquer filme. Acho que em Tron, como parte de seu legado, é que, tecnologicamente, vamos subir as barreiras para todos os lados que pudermos. Então para nós isso foi o 3D, para nós foi IMAX, para nós foi: "Vamos ter um personagem digital para que Jeff Bridges possa estar no filme duas vezes: sua idade atual e batalhar com sua versão mais nova". Então sentimos uma obrigação com a herença do filme de melhorar para todos os lados que pudéssemos.
Bruce Boxleitner: Certamente terá um blu-ray da versão de 1982 e uma reedição porque... para os filmes darem certo naquele tempo devia ter um certo número de sessões por dia. Acho que Steven teve a oportunidade de voltar e assistir ao filme que ele tinha, havia imaginado e podia brincar um pouco também porque ele não tinha... Ele tinha coisas na cabeça e na imaginação, só não tinha... Como Cameron disse em Avatar, só não tínhamos a tecnologia para fazê-lo.
Esse filme provavelmente será um sucesso. Você já está pensando em uma sequência?
Steve Lisberger: Claro que tem desenvolvimentos para um potencial terceiro Tron. Eddie e Adam estão trabalhando nisso, Joe também. Temos várias boas ideias.
Algo que você sabe agora que gostaria de ter sabido antes.
Steve Lisberger: Bem, teria sido legal saber que essa seria a data exata que tudo aconteceria, eu poderia ter escrito no meu calendário.
Bruce Boxleitner: Vamos ser invadidos por Tron.
É "Comic-Tron".
Bruce Boxleitner: É "Comic-Tron". Ou "Tronic-Con".