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Bram Stoker, o criador do Drácula

Autor estabeleceu a mitologia dos vampiros na literatura

26.05.2012, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H38

O irlandês Abraham "Bram" Stoker nasceu em 8 de novembro de 1847, em Dublin, e faleceu em Londres, no dia 20 de abril de 1912 - 100 anos atrás.

Ironicamente, Stoker formou-se em matemática, mas foi nas letras que deixou sua marca imortal: em 1897, aos 50 anos, escreveu o romance Drácula, que estabeleceu toda uma mitologia, a dos vampiros.

Lançada em 26 de maio de 1897, uma das mais famosas histórias de terror de todos os tempos, Drácula foi baseado em um personagem real, o rei Vlad, o Empalador, da Transilvânia (região da Hungria que hoje pertence à Romênia). No livro, Jonathan Harker, um corretor de imóveis vai à região a pedido de um excêntrico conde local. Drácula, que deseja adquirir propriedades em Londres. As intenções de Drácula, porém, são muito mais nefastas - e não tarda para que Harker perceba que é prisioneiro de uma criatura que desafia a compreensão.

Ainda que Stoker não tenha efetivamente criado os vampiros - tais criaturas fazem parte do folclore do leste europeu e já haviam sido registradas em romances e poemas diversos antes -, foi Drácula que popularizou o mito através do ocidente, despertando o fascínio dos leitores por tais monstros. Mais do que detalhar os hábitos e poderes dos mortos-vivos sedentos por sangue, o escritor capturou em sua obra os medos e anseios da Era Vitoriana (a relação entre sexo, sangue e perigo espelhava o pavor por doenças como a sífilis, algo que ainda hoje faz enorme sentido - daí a popularidade imortal desses seres), dando à obra a relevância que se encontra em toda grande ficção.

Curiosamente, o cinema demorou a adaptar Drácula. Antes do conhecido filme da Universal Pictures de 1931, de Tod Browning, com Bela Lugosi e Dwight Frye,  o estúdio alemão Kino International - que não conseguiu os direitos sobre a obra - fez algumas alterações na história e em seus personagens. O resultado foi Nosferatu (1922), do expressionista alemão F.W. Murnau. Para evitar um processo, o Conde Drácula tornou-se o Conde Orlok (Max Schreck), mais monstruoso que o garboso e sedutor personagem criado por Stoker, com incisivos agudos e protuberantes, olhos penetrantes, orelhas pontudas e mãos como garras. A trama, porém, era basicamente a mesma, em que um vendedor deixa sua noiva para trás para viajar à costa do Mar Báltico, onde pretende comercializar o castelo habitado pelo misterioso Conde Orlock - que de dia dorme em seu caixão e à noite desperta sedento de sangue humano. O vampiro teve inúmeras aparições nas telas e na literatura depois (incluindo aí os games e quadrinhos) - e ainda é lembrado por muitos na interpretação de Christopher Lee, que o viveu oito vezes. Mais recentemente, em 1992, Drácula de Francis Ford Coppola revisitou o clássico original com fidelidade, dando o papel principal a Gary Oldman.

O sucesso de Drácula, 100 anos depois, ainda faz-se sentir em toda a cultura pop. Enquanto vampiros vão do sedutor (A Hora do Espanto), ao aristocrata organizado (Blade, Anjos da Noite) ao absolutamente selvagem e visceral (30 Dias de Noite), passando pelo reformulado emotivo (A Saga Crepúsculo - em que o perigo do sangue/sexo é levado às últimas consequências, tomando como única solução a virgindade), todos ainda prestam reverência ao maior deles na literatura, o Conde Drácula. Não importa se brilhem, sejam imundos, ferozes ou nobres, os vampiros devem tudo o que são a Bram Stoker.

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